Inicia nesta sexta-feira (15), às 20h, a terceira etapa da Mostra Afora Circuito Oestino de Teatro. Dessa vez as ações chegam a Chapecó através do Instituto Cultural Nossa Maloca, com espetáculo, diálogos da cena teatral, oficina e roda de conversa sobre políticas públicas. O projeto, que iniciou ainda no mês de setembro, já passou pelos municípios de Pinhalzinho e Joaçaba, até dezembro chegará a Caçador e Concórdia.
Esta é a segunda edição da Mostra, que teve início em 2018 de forma independente, a partir de ações coletivas desenvolvida por artistas, técnicos, produtores e diretores. Para Josiane Geroldi, coordenadora do Instituto cultural Nossa Maloca, que recebe as atividades neste final de semana, participar da Mostra Afora reforça o compromisso do espaço como um lugar de circulação e fruição artística regional e nacional. A Nossa Maloca, assim como a Mostra Afora, nasceram a partir das redes colaborativas de produção cultural no oeste catarinense. Perceber as redes como possibilidade de crescimento e fortalecimento coletivo é uma grande conquista dos trabalhadores do teatro na região oeste de Santa Catarina, enfatiza.
Contemplado pelo Prêmio Elisabete Anderle de estímulo à cultura, da Fundação Catarinense de Cultura, a Mostra traz como objetivo dar visibilidade e fortalecer os profissionais da cultura e seus trabalhos, evidenciando o que é feito no interior. O Afora chega para mostrar que existem muitas coisas acontecendo longe dos grandes centros urbanos, aqui mesmo no interior do Estado. São muitos profissionais, técnicos, artistas, diretores desenvolvendo muitos trabalhos e pesquisas distintas. É imprescindível que esse olhar se volte para cá, para essa região, para haja o reconhecimento deste setor tão importante para o desenvolvimento econômico de todo o País, explica Gustavo Zardo, integrante da equipe de produção do projeto.
Ao todo participam do projeto seis grupos de teatro e dança: Cia de Artes Vento Negro, Cia Contacausos, Grupo Teatral Reminiscências, Cia de La Curva, Experimental de Dança de Pinhalzinho e Grupo Piliquinha, e cinco espaços culturais independentes, o Sítio Cultural Nossa Maloca, Cia de Artes Ventro Negro, Tejo Espaço Cultural, Centro de Arte Paola Zonta e Espaço Cultural Rural, todos são localizados e desenvolvem trabalhos na região oeste do Estado.
ECONOMIA CRIATIVA
O setor cultural é um dos grandes geradores de emprego e renda no Brasil e no mundo, superando, muitas vezes, a indústria tradicional. Segundo dados do Mapa Tributário da Economia Criativa o setor ganha cada vez mais espaço e gera em torno de 30 milhões de empregos, movimentando cerca de US$ 2,5 bilhões ao ano, valor que corresponde a 3% de todas as riquezas produzidas no mundo.
Mesmo os dados sendo amplos ao voltarmos o olhar para a região não é diferente. O setor cultural gera inúmeras vagas de emprego e renda, movimentando a economia local e regional. Somente na Mostra Afora, por exemplo, foram geradas diferentes vagas de trabalho, diretas e indiretas, entre elas a contratação de profissionais técnicos, cinegrafistas, iluminadores, produtores, diretores, gestores de espaços culturais, assessores de imprensa, fotógrafos, bailarinos, atores, diretores, editores de vídeo, estúdios de gravação e transmissão. Ao todo, foram geradas mais de 60 vagas de trabalho, somente neste projeto, contribuindo diretamente com a economia criativa regional.
Para Gustavo, é muito importante que o Setor Cultural seja visto e valorizado pela sua contribuição junto à economia local, regional, estadual. Quando nos referimos a projetos culturais não estamos falando somente da apresentação final que chega até o público, mas os meses e até anos de trabalho e pesquisa dos profissionais, e dos inúmeros serviços gerados por ele. Somos uma grande ferramenta de humanização e transformação social e, somos também, um forte setor econômico, que contribui significativamente com o PIB, explica Gustavo.
TERCEIRA ETAPA
A terceira etapa inicia nesta sexta-feira (15), com a transmissão do Espetáculo Arremedos, da Cia de Artes Vento Negro, da cidade de Caçador, voltada para acadêmicos de universidades da região. No sábado o mesmo espetáculo será transmitido ao público, de maneira aberta, às 20h. O trabalho é o primeiro espetáculo onde a Cia se aventura no teatro de bonecos, trazendo para debate um tema extremamente relevante: a violência contra a mulher contada a partir da figura de Chica Pelega, um nome importante na história de Santa Catarina, durante a Guerra do Contestado.
Segundo João Paulo Almeida, integrante da Cia de Artes Vento Negro, a ideia do espetáculo surgiu a partir do contato com a Associação Maria Rosa, que trabalha com mulheres vítimas de violência. Nos baseamos nessa história, que aconteceu durante a Primeira Guerra Mundial, adaptamos os personagens para as histórias regionais a partir da Guerra do Contestado, a partir do que nós soubemos que aconteceu aqui. Dentro desse contexto nós trazemos a figura feminina, dentro da guerra, como vítima de violência e também como uma das principais lideranças desse movimento. O Contestado é uma preciosidade para o Brasil e cabe a nós, artistas, que moramos nessa região contarmos e valorizarmos essas histórias, enfatiza.
O Espetáculo, no sábado, é seguido de bate-papo, às 21h, com o Grupo Bricoleiros, do Ceará. Fundado em 2004, o grupo é formado por artistas com larga experiência em teatro e artes plásticas e irá nos contar como é o processo de desenvolvimento e pesquisa que explora rigorosamente o universo do boneco comediante, inventivo e de grande expressividade cênica, bem como a promoção de espetáculos que utilizam técnicas apuradas de confecção e animação de marionetes com um refinado padrão de qualidade. O grupo foi responsável pela criação dos bonecos do espetáculo Arremedos da Cia Vento Negro.
A programação da Mostra conta ainda com uma oficina, desenvolvida como contrapartida social do projeto, no sábado, das 8h às 12h. A Oficina Poéticas da Infância: Contar Histórias como exercício de Encantamento, será ministrada pela artista Josiane Geroldi, e irá abordar, a partir da ludicidade e do imaginário, ações práticas para o encantamento da infância através das histórias e brincadeiras populares na escola. A atividade é gratuita e voltada a profissionais da educação e cultura da cidade de Guatambú. O objetivo é multiplicar o conhecimento fazendo que as ações sejam desenvolvidas em cidades de pequeno porte, garantindo o desenvolvimento integral da comunidade, a partir de experiências culturais.
No domingo (17), a programação finaliza com uma roda de conversa com as profissionais Deni Argenta e Célia de Bortolli, abordando o tema O interior como potência: políticas públicas de cultura para o desenvolvimento em SC. A conversa irá abordar como encontramos, nas regiões interioranas, manifestações culturais enraizadas no cotidiano, enriquecidas pela sabedoria do povo. A partir disso, como pensar políticas públicas de desenvolvimento que contemplem a cultura nos diferentes territórios do Estado guarda uma potência e uma riqueza capaz de transformar realidades, mitigar violências, fazer renascer povos, fazer sonhar toda gente e melhorar a vida de todos nós.
Toda a programação será transmitida pelo canal do Youtube do Instituto Cultural Nossa Maloca.
PROGRAME-SE
15/10 - Sexta- feira
16/10 - Sábado
17/10 Domingo