Por Vitória Schettini
A História faz parte do passado, podendo estar passível de modificações ou adição de informações, tanto em âmbito de Brasil, como mundialmente. Nessa perspectiva, o historiador é o profissional habilitado a contar, coletar e juntar fatos, a fim de transformá-los no que se conhece por História. Com a finalidade de valorizar esse profissional e lembrar o Dia do Historiador, comemorado no dia 19 de agosto, o LÊ NOTÍCIAS entrevistou a historiadora xaxinense Valdirene Chitolina, que conta sobre sua vida nas salas de aula e as vivências ao ter escrito onze obras na área.
Para Valdirene, que é professora da Rede Municipal de Ensino de Xaxim, a História é definida não como ciência, mas sim como uma área de estudo, uma vez que ela está sempre passível de mudança. A partir do século XIX, houve um novo sentido dessa área, onde o historiador passou a ser considerado o profissional designado a registrar a História. A História está sempre incompleta, inacabada, ela depende de muito das fontes que o historiador tem naquele momento. Além disso, ela depende de ciências auxiliares, especialmente da Geografia, uma vez que é necessário compreender a história do local e daquele povo, ou de uma civilização, ressalta Valdirene.
FORMAÇÃO
A professora relata que, quando tinha 16 anos, prestou vestibular para Pedagogia, da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Palmas (PR). Conforme ela, houve um problema na sua inscrição no curso de Pedagogia, o qual ela frequentou por três dias e como consequência, seu nome estava na chamada na graduação em História. Meu nome não constava na lista e eu lembro que chorei muito depois de ter descoberto isso. No dia seguinte, eu procurei a direção da faculdade e tive conhecimento de que meu nome estava em História. Por curiosidade, eu acabei assistindo a uma aula para ver como que era e eu me apaixonei pela graduação, e isso definiu minha trajetória, relembra Valdirene, que esteve na faculdade entre 1988 e 1992.
Segunda Valdirene, estar na sala de aula ensinando seus alunos é uma paixão grandiosa. A sala de aula me faz bem. Eu acredito que é uma das poucas profissões que nos recebem com abraços e sorrisos. Sempre dei aula e fiz muitos cursos, então, mais tarde, eu senti a necessidade de estudar novamente, então eu fiz o Mestrado em História Regional, em Passo Fundo (RS), de 2006 a 2008, reforça.
Ainda, nas palavras da professora, sua trajetória como escritora de obras iniciou por conta da experiência no mestrado, com o enfoque na história local. Eu devo muito à Secretaria Municipal de Educação de Xaxim, dessa Administração e também das anteriores, porque eles sempre me concederam algumas horas de pesquisa. Esse período me permitiu a tranquilidade para a criação das obras, sobre ocupação cabocla e colonização, na região de Xaxim, pontua.
OBRAS ESCRITAS
Valdirene Chitolina escreveu onze livros, voltados à história regional e à sala de aula. São temas diversos, como a área da paleontologia, a paleotoca e as preguiças gigantes, o Velho Xaxim, a ocupação cabocla e a colonização, e outra obra sobre Linguística. Além disso, há livros sobre o Contestado, a Independência do Brasil, e sobre o ofício de historiador, conta ao LÊ NOTÍCIAS.
Em uma dessas experiências, Valda, como é conhecida, produziu uma obra historiográfica, com crianças do 6º ano, sobre a análise de apostilas de História no Ensino Fundamental, sobre a ausência da história indígena e negra nesse material, exemplificado pelos estudantes por meio de gráficos e imagens. Os alunos puderam conhecer também como funciona o processo de impressão de um livro e foi muito bom poder lançar a obra na Câmara de Vereadores de Xaxim, em 2015, onde havia familiares e amigos que nos parabenizaram pelo grande trabalho, lembra.
DOUTORADO
A fim de obter mais conhecimento, Valdirene está fazendo doutorado pela Universidade de Passo Fundo (UPF), cuja pesquisa é sobre Arqueologia. Nessa nova fase, eu quero pesquisar acerca da Tradição Umbu, o Jê Meridional e o Guarani, que são os três grupos indígenas aqui do Oeste de Santa Catarina. E também possibilitar que trabalhos científicos, realizados por arqueólogos, sejam trabalhados em sala de aula, com uma linguagem mais palatável aos estudantes, finaliza Valdirene.
DIA DO HISTORIADOR
Em 2009, o Presidente da República em exercício, José Alencar, sancionou a lei que instituiu o Dia do Historiador. A data, 19 de agosto, foi escolhida para homenagear o nascimento de Joaquim Nabuco (1849 - 1910), que era filho do senador Nabuco de Araújo, proveniente de uma família tradicional de Pernambuco, ele encarnava o modelo de homem admirado e invejado na época. Mesmo sem possuir fortuna, o diplomata, político e homem de letras tinha uma formação intelectual sólida, boas maneiras, beleza e estava sempre arrumado, em harmonia com as modas que dominavam os salões mais refinados.