A crescente demanda por álcool 70° fez a equipe do Centro de Treinamento da Epagri em São Miguel do Oeste (Cetresmo) destinar 600 litros de cachaça para a fabricação do produto, que está em falta em diversos municípios catarinenses. A transformação foi feita pelos jovens agricultores Jean e Jeovane Von Dentz na destilaria da família. Foram produzidos 233 litros de álcool 70° que serão distribuídos às unidades da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) a partir de 13 de abril.
A extensionista social da empresa em São Miguel do Oeste, Leonilda Romani Villani, fez o contato com a família, que prontamente aceitou o desafio. Os irmãos agricultores usaram um bidestilador para transformar a cachaça em álcool com método de destilação. A cachaça utilizada tinha um teor alcoólico de 39° e passou para 70°. De 600 litros de cachaça chegamos a 233 de álcool porque o produto final tem uma concentração menor de água, explica.
Os irmãos Von Dentz aproveitaram que a destilaria estava parada por conta da entressafra da cana-de-açúcar e deram uma função social para a empresa familiar. Eles usaram o conhecimento adquirido nos cursos de processamento de cana-de-açúcar oferecidos pela Epagri e executaram o trabalho gratuitamente, de 3 a 7 de abril. Para Jean, essa ação foi uma forma de retribuir à sociedade todos os benefícios que a família vem recebendo do setor público, especialmente da Epagri.
Segundo o gerente da regional da empresa de São Miguel do Oeste, Sidinei Egon Simon, o álcool fabricado na destilaria dos agricultores segue todas as normas de higiene na produção, usa como matéria prima uma cachaça com registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e tem a garantia da concentração de álcool exigida para fins de desinfecção. O produto será para uso exclusivo da Empresa. Essa foi uma das formas que encontramos para garantir o insumo na Epagri com menor custo e assim realocar os recursos para outras necessidades, ressalta.
Capacitação
A cachaça usada nesse processo faz parte do estoque do Cetresmo, produzido durante os cursos oferecidos na unidade de processamento da matéria-prima. Os cursos ocorrem há mais de 20 anos e são referência no Estado. Neles os agricultores aprendem a fazer diferentes derivados da cana-de-açúcar, como melado, açúcar e licor.
Segundo Leonilda, os engenhos de cana-de-açúcar são muito comuns nas comunidades rurais do município, tanto para produção da família como para comercialização. A Epagri busca capacitar esse grupo para agregar valor ao produto familiar, dentro do padrão exigido pelo MAPA e pelos consumidores.