Depois de meses em alta, confiança do consumidor chapecoense volta a cair

Por: LÊ NOTÍCIAS
09/09/2020 13:59
confiança Pesquisa unochapecó

Unochapecó Neste mês, a preocupação com o Covid-19 parece ter influenciado menos as decisões dos consumidores do que no mês anterior

Após três meses de variações positivas, o Índice de Confiança do Consumidor (ICC), calculado para Chapecó, registrou queda de -1,34%, levando o índice aos 71,77 pontos neste mês de setembro. Também foi registrada redução em relação ao desempenho do índice no mesmo período do ano anterior (-24,05%).

A pesquisa é realizada pelo curso de Ciências Econômicas da Unochapecó, junto com o Sindicato do Comércio (Sicom). Em virtude das restrições impostas pelo Covid-19, neste mês, a pesquisa foi realizada via Google Forms. A amostra foi composta por 98 mulheres e 60 homens de diversas faixas etárias e classes de renda. O levantamento foi realizado entre os dias 17 e 27 de agosto.

A professora do curso, Cássia Heloisa Ternus, explica que a queda na confiança dos consumidores em setembro reforça o cenário de incertezas e, consequentemente, oscilações econômicas.

"Fatores como a possibilidade de cortes ou extinção do auxílio emergencial, substituição do programa Bolsa Família pelo Renda Brasil, indícios da segunda onda do coronavírus junto com casos de reinfecção, além de incertezas políticas, especialmente relacionadas ao teto dos gastos públicos, contribuíram significativamente para a redução na confiança”.

Outra questão é que neste mês, a preocupação com o Covid-19 parece ter influenciado menos as decisões dos consumidores do que no mês anterior. A maior parte dos respondentes indicaram menos preocupação com a pandemia (34,2%). Em seguida, aparecem os indivíduos que mantiveram o mesmo grau de preocupação (32,9%), aqueles que aumentaram sua preocupação (31,0%) e por último, os participantes que não souberam avaliar ou optaram por não responder (1,9%).

Ao analisar os grupos que compõem o ICC, as maiores variações positivas foram: consumidores que possuem renda inferior a R$ 2 mil (13,57%), seguidos pelas mulheres (12,50%) e pelo grupo das pessoas com renda superior a R$ 4 mil (2,09%). No sentido oposto, os grupos que apresentaram as variações negativas mais expressivas foram: grupo masculino (-11,33%), acompanhado pelos consumidores com renda entre R$ 2 mil e R$ 4 mil (-1,80%), e pelas pessoas que possuem entre 45 e 65 anos de idade (-0,96%).

COMPORTAMENTOS DOS SUBÍNDICES

O Índice de Condições Econômicas (ICE) registrou queda, atingindo 68,89 pontos neste mês de setembro, uma variação de -3,83% em relação ao mês passado. Os resultados indicam que os consumidores estão menos confiantes em relação às suas finanças e às condições para aquisição de bens duráveis, se comparado ao mês de agosto.

O Índice de Expectativas de Consumo (IEC) apresentou a variação de 0,15% em comparação a agosto, chegando aos 73,53 pontos, sendo o único índice que apresentou elevação neste mês. O IEC mensura o sentimento dos consumidores com relação ao futuro, tanto da situação econômica pessoal quanto do país como um todo. Dessa forma, esse aumento revela que os consumidores estão mais confiantes em relação aos próximos meses e anos se comparado a agosto. Apesar do resultado positivo, neste mês, uma quantidade acima da média de consumidores respondeu não saber como estará a situação financeira familiar e do país como um todo no futuro. Esse padrão de resposta não é computado no cálculo dos indicadores, mas reflete o cenário de incerteza que ainda existe.

Já o Índice de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (IEIC) permite sondar o nível de obrigações a pagar ou em atraso que o consumidor possa ter, como por exemplo, cartão de crédito e financiamentos. Neste mês de setembro, verificou-se uma variação de -10,49% na pontuação, levando o IEIC aos 122,31 pontos. Este resultado é negativo e está alinhado com um aumento do nível de endividados e inadimplentes do município.

Entre os 158 consumidores entrevistados, 79,11% têm alguma obrigação a pagar. Entre os endividados, 16 consumidores (12,50%) também revelaram que estão inadimplentes, ou seja, com obrigações em atraso, especialmente com cartão de crédito e crédito em lojas.

HÁBITO DE CONSUMIR EM MEIO À PANDEMIA

Em setembro, 55,1% dos respondentes afirmaram que após o fim da pandemia pretendem manter algum hábito de consumo adquirido durante o período, enquanto apenas 10,1% confirmaram que não manterão qualquer novo hábito. Isso indica que algumas adaptações não são apenas passageiras, mas se consolidarão como novos hábitos de consumo. Ainda, outra parte dos participantes da pesquisa (21,5%) não modificaram qualquer hábito de consumo durante este período.

Na vida financeira dos consumidores, 62% dos entrevistados asseguraram que não houve alteração na sua renda em decorrência da pandemia. Enquanto 27,2% constataram diminuição na mesma, 4,4% tiveram aumento na sua renda e 6,3% não souberam ou optaram por não responder. Levando isto em conta, 54,4% dos participantes revelaram ter realizado cortes em gastos extras e 6,3% assinalaram ter cortado gastos essenciais, enquanto 31,0% ainda mantém o nível de gastos do período pré-pandemia e 13,3% aumentaram seus gastos extras.