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Entrevista | Prefeito de Bombinhas critica ‘turismo’ do Oeste ao litoral em meio a lockdown

Por: Marcos Schettini
03/03/2021 17:05 - Atualizado em 03/03/2021 18:54
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Reprodução/Facebook

Filiado ao DEM, Paulinho Müller, prefeito de Bombinhas, município que detém maravilhosas paisagens e recebe milhares de turistas todos os anos, concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e condenou a atitude de pessoas que deixam suas casas rumo ao litoral em meio ao lockdown. “Isso não é lockdown, me desculpe”, afirma.

Ciente das dificuldades enfrentadas em todo o país, Paulinho disse que alguns municípios do Oeste sofrem devido às medidas tomadas de forma irresponsável. Ainda, comentou sobre o futuro partidário da deputada Paulinha, da polêmica sobre a Taxa de Preservação Ambiental travada com o deputado Ivan Naatz e deu um panorama sobre as eleições de 2022. Confira:


Marcos Schettini: O ocorrido em Xanxerê, colapso total, não diz que é preciso fechar tudo em SC?

Paulinho Müller: Não, eu digo que algumas medidas no Oeste não foram tomadas de forma responsável. Já no início de janeiro ocorreu algumas liberações e faltou algumas restrições, alguns prefeitos se elegerem inclusive no discurso “libera tudo e deixa o povo trabalhar”. A conta está aí agora. Coisas como esta não aconteceu aqui no litoral, como a fiscalização quanto a obrigatoriedade ao uso de máscara, o distanciamento nos estabelecimentos, regras sanitárias. Outras atividades se mantiveram suspensas, sem afrouxamento. E é de conhecimento de todos no estado de Santa Catarina e no Brasil que no Oeste, por exemplo, aconteceram shows.

Schettini: Por que o coronavírus saiu de controle?

Paulinho: A falta de conscientização e a falta de entendimento da população sobre a importância das medidas de segurança. Esse comportamento colaborou para que chegássemos a esse colapso que nos encontramos hoje. Culpa nossa, culpa da população, que não entendeu que somente com consciência e colaboração com as medidas sanitárias vamos conseguir sair dessa situação atual.


Schettini: O que o Sr. diz que deve ser feito?

Paulinho: Sem dúvida algumas medidas severas deverão ser tomadas. Quando se chega no limite ao ponto de se estabelecer um lockdown, esse deve ser feito com base na matriz de risco, não se pode estender igualdade nas ações dessa proporção igualmente para todo Estado de Santa Catarina. Nossa cidade de Bombinhas, por exemplo, tem em média 100 a 150 mil pessoas por dia, tem 55 casos ativos, não tivemos nenhum dia com a nossa UPA 24 lotada. Ou seja, se é pra fazer um lockdown, deve ser feita com base na matriz de risco e deve ser fechada a entrada e saída da cidade, a população não pode sair daquele perímetro determinado, não adianta determinar um lockdown no Oeste e as pessoas saírem de suas cidades para vir ficar no litoral, isso não é lockdown, me desculpe.

Schettini: O chamado pedágio de Bombinhas foi derrubado na Alesc e agora está numa luta judicial. Por quê?

Paulinho: Desde o começo quando veio o projeto de lei do Ivan Naatz, eu sempre disse que o deputado mente para a população catarinense, assim como ele mentiu na questão da TPA e em todas as ações que ele faz, em todos os projetos de lei. Ele é um deputado mentiroso, tanto é que a população de Blumenau o conhece e conseguiu imputar mais uma vexatória eleição. Ele em Blumenau fez menos votos que alguns vereadores, ou seja, um deputado que faz, sem dúvida nenhuma, a população de Blumenau passar vergonha. Em relação a TPA de Bombinhas, já era uma lei consolidada e julgada pelo STF, ou seja, Bombinhas não seria afetada, de forma nenhuma nessa lei de pedágio urbanos, até porque deputado fala em rodovias estaduais e o acesso a Bombinhas é estrada municipal.

Schettini: O que o pedágio ajuda? Isso não afronta a Constituição de ir e vir?

Paulinho: De forma nenhuma, a pessoa não está proibida do seu direito de ir e vir. Vou citar o exemplo da zona azul, que eu penso ser uma afronta a população, porque é um local público, determinado pelo governo municipal, pela prefeitura, e é cobrado. Essa cobrança sim é uma afronta ao direito de ir e vir porque o cidadão comum não pode nem estacionar em uma via pública. Em Bombinhas, o morador não paga a TPA, quem possui propriedade também não paga, prestador de serviço no município, quem trabalha no município e não reside na cidade também não paga, sem contar que a taxa não é anual, é apenas no período do ano em que ocorre o aumento da população por conta da temporada de verão. Então a TPA nada mais é que uma contribuição do turista com o município de Bombinhas. Desta forma, afirmo que a TPA não é uma afronta a constituição, uma vez que o próprio STF, por unanimidade, declarou a constitucionalidade da Taxa de Preservação Ambiental de Bombinhas, assim como Fernando de Noronha que cobra TPA, Ilha Bela e Morro de São Paulo também.


Schettini: O Sr. vai convencer a deputada Paulinha a entrar no Democratas? Não é o melhor caminho?

Paulinho: Acredito que a deputada Paulinha é livre para escolher o partido dela, penso que ela pode escolher um caminho melhor, até porque o PDT não a merece. Ela é muito grande para o PDT. A Paulinha é uma política que mostrou sua capacidade e seu potencial e hoje Santa Catarina vê que o trabalho dela é em prol dos catarinenses. Seria um privilégio para nós termos ela no DEM, mas sei também que recebeu convites do MDB, Podemos e PSDB. Uma coisa eu sei, o partido que conseguir trazer ela, ganhará muito.

Schettini: Por que o impeachment do governador Carlos Moisés deu errado?

Paulinho: Não é que deu errado, ele já nasceu errado na verdade! Os políticos que lutaram e pediram o impeachment do governador estavam mais preocupados com o poder, como eles poderiam se utilizar da máquina pública para continuar atuando da mesma forma como fizeram nos últimos 20 anos. Eu penso que a mão de Deus o ajudou, é impressionante, alguns queriam condenar um inocente (Moisés), isso no caso dos procuradores deixo claro. Só que a maldade tem limite também e quem colocou este limite foi um próprio colega, neste caso Sargento Lima.


Schettini: A eleição de 2018 foi diferente das municipais. A de 2022 será como?

Paulinho: Acredito que a população catarinense irá continuar na vontade de escolher o que é novidade. Muitas cidades catarinenses demonstraram essa vontade, Joinville é um exemplo disso, a reeleição da maioria dos prefeitos se deu por conta da pandemia, e também pela gestão eficiente desses prefeitos que mostraram a vontade de cuidar da população. E eu acredito que em 2022 não terá mais a onda, aquela onda avassaladora que elegeu muitos deputados aventureiros, tanto estadual quanto federal, não vai mais acontecer, eu penso que a população irá querer novidade, renovação, porém com serviço prestado, o que faz toda a diferença.


Prefeito Paulinho Müller (DEM) na Passarela do Ribeiro, em Bombinhas (Foto: Reprodução/Facebook)

Schettini: Qual seu futuro político no ano que vem?

Paulinho: Sem dúvida nenhuma, minha vontade é de continuar a frente do município e terminar o mandato de quatro anos. Mas se aparecer um projeto que seja bom para Bombinhas, com toda certeza eu aceito o desafio e vou disputar outra eleição. Mas ainda é muito cedo para projetar, temos pelo menos um ano pela frente para conversar em relação a esse assunto.


Schettini: Ter um vice do PDT ajuda a te aproximar de Ciro Gomes?

Paulinho: Meu vice, Alexandre, era meu chefe de Gabinete, um amigo. Ele já era filiado ao PDT por conta da nossa deputada. Não tenho relação alguma com o Ciro Gomes, não sou eleitor do Ciro Gomes, nunca fui. E penso, na verdade, que o Ciro nem deveria mais ser candidato, até porque o Brasil precisa de um presidente que tenha coerência, e não é o caso dele, no meu entender. Ainda não surgiu um nome à altura do Brasil, mas acredito que no ano de 2022 ainda possa surgir. Então de forma alguma me aproximo do Ciro, até porque, a minha ideologia partidária e maneira em que eu penso politicamente, é bem distante do jeito e maneira em que o Ciro Gomes trata os assuntos políticos.


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