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Entrevista | Zezo Pedrozo vê produção de alimentos como proteção de crise social e econômica

Por: Marcos Schettini
06/04/2021 16:10
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Wenderson Araujo

Membro ativo de inúmeras entidades que envolvem o agronegócio, José Zeferino Pedroso é uma das maiores referências quando se fala do setor em solo catarinense. Ex-deputado estadual e presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), tem histórico de atividades que lhe dão competência suficiente para analisar os traços de uma das atividades mais importantes e vitais para o Brasil.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Zezo Pedrozo falou da responsabilidade do agro no fortalecimento da economia do país, afirmando que a agricultura reconhece o compromisso de continuar produzindo alimentos para evitar o agravamento da crise social, sanitária e econômica. Ainda, comentou sobre a atual situação política catarinense e pediu serenidade dos três poderes para minimizar os efeitos da insegurança que afeta SC. Confira:


Marcos Schettini: Qual a realidade do produtor rural com a pandemia e a crise política no país?

José Zeferino Pedrozo: O produtor rural catarinense continuou com suas atividades normais, produzindo alimentos para o mercado interno e externo. Com referência a crise política no País, ela não chegou até nós. Nossas reivindicações são poucas: segurança jurídica, direito de propriedade, infraestrutura para escoamento da produção. Nós temos a mais profunda compreensão de nosso compromisso com o Brasil de continuar produzindo alimentos para evitar o agravamento da crise social, sanitária e econômica.


Schettini: O senhor vê o Governo Bolsonaro com qual olhar político?

Zezo Pedrozo: Já fui político. Atualmente, sou apenas produtor rural. Vejo que o governo quer apoiar o setor produtivo e destravar a economia, mas nem sempre consegue.

Schettini: Vacinação é o único caminho para retorno total as atividades. Por que o setor empresarial não reagiu ao negacionismo?

Zezo Pedrozo: O setor empresarial em SC é unido, sensível e operante no caso da vacinação. O empresariado não é negacionista. Os empresários em geral – e em especial as agroindústrias, os produtores e os empresários rurais – estão atuando para proteger a saúde de seus trabalhadores e de suas famílias. Essa pandemia é uma experiência nova para a humanidade. É assunto de saúde pública que não conhecemos e nesse caso o mundo como um todo está vivendo esse revés.


Schettini: Se o homem do campo avançou em tecnologia para melhorar a qualidade e aumentar a produção, por que as pessoas passam fome?

Zezo Pedrozo: Os produtores rurais incorporaram novas tecnologias e aumentaram fortemente a produção e a produtividade. A oferta de alimentos no mercado nacional e internacional aumentou. O preço do alimento no Brasil é, em média, o mais barato do mundo. A fome no Brasil foi reduzida drasticamente por meio dos programas sociais, públicos e privados.


Schettini: As chamadas commodities não deveriam ter um preço final para garantir o consumo geral?

Zezo Pedrozo: Ainda bem jovem, aos 15 anos, no meu primeiro emprego de balconista de um mercadinho aprendi que, em se tratando de compra e venda, existe uma lei natural chamada de oferta e procura. Ela que regula os preços. O mercado não aceita a taxação artificial de preços, mas estamos trabalhando para aumentar a oferta de commodities – especialmente de milho e farelo de soja – a fim de reduzir o preço final da proteína animal para a população em geral.


Schettini: O imposto sobre alimentos não deveria ser zero?

Zezo Pedrozo: A tributação deveria ter uma taxa justa com destaque para a alimentação. Por isso, como a maioria dos brasileiros, defendo uma reforma tributária. Sou da opinião de que os alimentos básicos para a alimentação humana são exagerada e injustamente tributados, atingindo ricos e pobres. Mas essa é uma questão complexa que inicia lá no campo, com a tributação dos insumos agrícolas.


Schettini: O êxodo rural inchou as cidades nas décadas de 70 e 80. O Brasil não joga contra si o tempo todo?

Zezo Pedrozo: É verdade, mas, a meu ver, esse fenômeno não é privilégio do Brasil. Os outros países que se destacam na produção primária também tiveram que passar por essa experiência. E a produção tem aumentado, a par da redução do número de produtores, fruto da aplicação de novas tecnologias. Entretanto, o sucesso do agronegócio nas últimas décadas e a geração de riquezas no campo tem feito milhares de jovens rurais retornar à atividade agrícola e pecuária, onde o crescimento da renda tem proporcionado uma forte elevação da qualidade de vida da família rural.


Schettini: O senhor foi deputado estadual e presidente do antigo PSD. Como olha a política estadual?

Zezo Pedrozo: Foi uma experiência que me marcou, pois desde então por experiência própria aprendi a conhecer e hoje respeito muito aqueles que abraçam e se dedicam ao exercício da representação política. O político honesto, geralmente quando encerra sua atividade política, olha para seu passado e tem a sensação de ter cumprido a sua missão e ter atendido às expectativas de seus eleitores. Acredite, o político, ao assumir o seu mandato, ele aumenta os seus compromissos e o tempo dedicado às pessoas de sua família fica escasso.

Schettini: A crise política instalada em SC destrói as pontes para o desenvolvimento. O homem político é descomprometido?

Zezo Pedrozo: A crise que Santa Catarina vive é algo inédito na história política do Estado. Os catarinenses esperam que a Assembleia Legislativa, o Tribunal de Justiça e o Governo tenham noção de sua responsabilidade neste momento em que a crise sanitária, a crise economia e a crise política criam um cenário de insegurança e instabilidade, ameaçando o futuro de toda a sociedade.


Schettini: Como o senhor vê a disputa política pela Presidência da República no ano que vem?

Zezo Pedrozo: Espero sinceramente que ocorra um processo eleitoral pacífico, com obediência das regras eleitorais, sem aquela polarização radical e raivosa que substitui o debate sadio pelo confronto e que, ao final, em nada contribui para a solução das grandes questões nacionais.


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