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Entrevista | Leandro Sorgatto questiona Faculdade Gratuita apenas para 30% dos estudantes catarinenses

Por: Marcos Schettini
07/03/2023 09:17 - Atualizado em 07/03/2023 09:18
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Peterson Vivian

Além de ser uma liderança política reconhecida ao receber mais de 38 mil votos para deputado federal em sua primeira eleição em 2022, Leandro Sorgatto é um importante empresário da Educação catarinense. Como reitor da Uceff, tem investido de forma grandiosa para impulsionar o ensino superior no Oeste, se tornando referência em ensino devido ao modelo inovador e moderno impresso nas unidades da faculdade.

Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o empresário falou sobre um assunto importante para a Educação de Santa Catarina, que é a Faculdade Gratuita, promessa de campanha do governador Jorginho Mello que tem sido discutida para ser inclusa como programa de governo.

Ao ser questionado sobre a proposta do Governo do Estado, Sorgatto foi taxativo ao afirmar que há pouco debate e que a discussão deve ser ampliada para todo setor educacional, já que o projeto atual prevê que somente 30% dos estudantes catarinenses serão beneficiados. “Trata-se de compra de vagas do sistema Acafe, que tem 30% dos estudantes do ensino superior em Santa Catarina. Para mim, isso soa muito estranho”, afirmou o reitor da Uceff, apontando que o atual secretário de Estado da Educação, Aristides Cimadon, nos últimos anos presidiu o Sistema Acafe. Confira:


Marcos Schettini: Como o Sr. vê a proposta do governo estadual de garantir a gratuidade no ensino superior?

Leandro Sorgatto: Vejo como positivo o Governo do Estado ofertar vagas no ensino superior desde que se respeite critérios para isso. Porém, beneficiar um sistema de ensino que representa 30% dos alunos é dizer que os outros 70% dos estudantes catarinenses não importam. É desconsiderar todo o esforço destes estudantes e famílias que se desdobram para pagar os estudos e desmerecer a força de mais de 80 universidades em SC. Lembrando que, independentemente de serem particulares ou comunitárias, ambas cobram mensalidade. Vejo o Faculdade Gratuita como um programa importante, mas que preocupa pelo valor bilionário que exigirá para ser implantado. Afinal, o governo citou cerca de R$ 2 bilhões. É um programa que precisa ser discutido amplamente e não somente dentro dos gabinetes do Governo.

Schettini: Onde isso beneficia o aluno e fortalece o ensino privado?

Sorgatto: Para um programa Faculdade Gratuita coerente entendemos que o beneficiado com a compra de vagas no sistema privado deve ser o estudante catarinense e não a instituição de ensino. Este benefício deve chegar ao CPF do estudante e não no CNPJ de instituições. É para o catarinense em situação de carência que devemos promover a inserção social, porque se tratam de recursos públicos. Esse direcionamento deverá trazer uma série de problemas, considerando que, desde que o Faculdade Gratuita foi anunciado durante a campanha política, trouxe expectativas aos estudantes catarinenses que não fazem distinção se as universidades integram o sistema A ou B. Evasão ou migração de estudantes também serão problemas para as instituições não reconhecidas na proposta do Faculdade Gratuita. O fechamento de instituições particulares poderá gerar um pesado ônus para os cofres públicos e para a sociedade como um todo.


Schettini: Os custos deste benefício chegam a quase 4 bilhões, cifras quase irreais. É possível?

Sorgatto: Referente a 4 bilhões é algo que não ouvi ainda. Mas em referência aos R$ 2 bilhões para o programa Faculdade Gratuita anunciado pelo governador é um montante muito expressivo e temos que considerar, por exemplo, que é preciso investir em educação básica no Estado, e tantos outros setores que precisam urgentemente de recursos. Eu defendo a Educação, mas sou cidadão que empreendo e contribuo para o desenvolvimento regional e não posso fazer vista grossa para uma promessa de governo difícil de cumprir.

Schettini: Quantos alunos do setor privado seriam beneficiados? Quem paga esta conta?

Sorgatto: A proposta inicial do Faculdade Gratuita exclui 70% dos alunos do ensino superior privado em SC. São cerca de 300 mil estudantes de instituições de ensino particular superior vinculadas ao sistema Ampesc que não foram considerados no programa até então. Perceba que a cada 10 estudantes, somente três terão acesso ao benefício da bolsa e em instituições direcionadas pela Secretaria da Educação. Os recursos são públicos, oriundos do esforço, da inteligência, da competência e do trabalho de toda a sociedade.


Schettini: Qual é o pensamento da Ampesc sobre este debate? Vocês foram chamados?

Sorgatto: A Ampesc (Associação de Mantenedoras Particulares de Educação Superior de Santa Catarina) tem apresentado dados sobre o sistema particular no Estado e alertado o governo e a sociedade sobre a importância da definição de critérios justos que atendam os estudantes como um todo. Fomos buscar informações e nada está claro, parece tudo pronto para apresentar o projeto na Assembleia Legislativa de Santa Catarina (Alesc). A Ampesc quer participar da construção da proposta de forma positiva. Sentimos boa vontade da Secretaria da Fazenda que aparenta estar fazendo malabarismo para que o programa seja possível diante de tantas dificuldades de orçamento já apresentadas para a sociedade. No entanto, vemos o governador e o secretário da Educação, que já foi reitor e presidente da Acafe, reforçarem todos os dias que ‘o programa Faculdade Gratuita trata de compra de vagas do sistema Acafe’ que tem 30% dos estudantes do ensino superior em Santa Catarina. Para mim, isso soa muito estranho.

Schettini: E o Fies? Onde o Governo Federal entra e o estadual soma?

Sorgatto: Toda troca de governo traz surpresas para a educação. Os programas do Governo Federal são o Prouni e o Fies. O Prouni está totalmente ativo. O Fies teve uma desaceleração e aguardamos agora a nova proposta do Governo Federal. No Governo do Estado é o Uniedu, que tem gerado todo esse debate porque não sabemos até que ponto o Estado pretende modificá-lo para viabilizar o Faculdade Gratuita. Acredito que o Governo Federal mantenha o Prouni e o Fies. Se o Governo do Estado equilibrar os percentuais do Uniedu, Artigo 170 e o Faculdade Gratuita, avançamos com a retomada que o ensino superior precisa no Estado e no Brasil.


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