Um paciente de Curitibanos traz para as estatísticas da pandemia uma das mais longas batalhas contra a Covid-19. Depois de mais de seis meses internado, nesta terça-feira (02), o servidor público Luciano Turatto deixou o Hospital Regional Hélio Anjos Ortiz, no município do Meio-Oeste, para entrar para a lista dos mais de 550 mil catarinenses que se recuperaram do novo coronavírus. A alta foi comemorada com alegria e emoção por familiares, amigos e profissionais de saúde da unidade hospitalar.
Apresentou febre, cansaço, feridas pela boca e um quadro leve de diarreia. Mas, antes mesmo do resultado do exame, no dia 18 de julho, Luciano sentiu os sintomas se agravarem, precisou ir para o hospital e já ficou internado.
O caso de Luciano foi desafiador para a equipe médica do Hospital Regional Hélio Anjos Ortiz, em Curitibanos. De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde, em Santa Catarina, a média de permanência de pacientes com Covid-19 em UTI se mantém em 14 dias. O médico que acompanhou o tratamento conta que o coronavírus afetou com gravidade os pulmões, o fígado, rins, coração e o cérebro. “O vírus atacou, praticamente, todos os órgãos do Luciano. Ele desenvolveu diversas e sérias complicações como pneumonia, encefalite e insuficiência hepática, cardíaca e renal e foi vencendo cada uma delas”, afirma o médico Hélio Anjos Ortiz Junior.
HOMENAGEM
Para tratar todas as complicações, foram 188 dias de internação, sendo 172 deles na UTI, com necessidade de respiração mecânica por 115 dias. “Foi um longo período de trabalho que não envolveu uma pessoa só, mas uma equipe multidisciplinar com técnicos, enfermeiros, nutricionista, fisioterapeuta, psicólogo, entre outros profissionais que foram atuantes e incansáveis. Graças a Deus, a esse trabalho e ao esforço dele, deu tudo certo”, agradece Ortiz Junior.
Segundo o médico, desde o início da pandemia até agora, o caso de Luciano foi o mais longo de tratamento à Covid-19 na unidade.
Homenagens marcam a alta do hospital
A luta de Luciano Turatto inspirou homenagens no momento em que teve alta do hospital em Curitibanos. Por volta das 11h da manhã, desta terça-feira, 2, o corredor por onde o paciente saiu foi emoldurado pelos profissionais de saúde, que não esconderam a emoção em ver Luciano indo para casa. As palmas foram como trilha sonora para marcar o fim de uma dura batalha e o início de uma nova vida. Aos 45 anos, ele terá que reaprender a fazer coisas que eram comuns antes de adoecer, como falar e caminhar.
De cadeira de rodas, Luciano deixou a instituição e seguiu para casa. Uma carreata acompanhou o trajeto em comemoração. O carinho e os cuidados da família serão fundamentais no caminho até a plena recuperação.
A batalha que durou mais de seis meses de internação representou longos dias de angústia à espera de notícias e de incertezas sobre o retorno de Luciano para casa. A esposa Teresinha Oliveira Fogaça e a filha, Eduarda Turatto, de 12 anos, querem deixar os momentos difíceis no passado e retomar os sonhos que sempre estiveram nos planos da família. “Quando ele adoeceu nós fizemos uma oração e prometemos um ao outro que ele voltaria. Vencemos um período difícil, mas agora só temos que agradecer por ele estar de volta entre nós”, expressa Teresinha.
A mãe, Alba Turatto, e as irmãs, Cristiane e Roseliane Turatto, que acompanharam de perto o dia a dia de Luciano na unidade hospitalar, além da fé inabalável na recuperação de Luciano também destacam o trabalho incansável da equipe médica ao tratar as inúmeras complicações graves da Covid-19. “Durante todo esse tempo, tivemos dias muito tristes, em que as notícias não eram boas, dias em que a situação dele piorava e a gente não sabia o que esperar do dia seguinte. Ainda assim, meu coração de mãe sempre me dizia que ele iria viver”, lembra a mãe.
Assim que foi transferido para o quarto de enfermaria do hospital, Luciano Turatto começou a receber também o carinho dos amigos. Alba conta as orações da família se multiplicaram em todas as crenças e se transformaram numa corrente diária de energia positiva, com muitos amigos pedindo pela sua recuperação.
Entre eles, os colegas servidores da penitenciária da Região de Curitibanos, que fica em São Cristóvão do Sul. Por lá, a ausência de Luciano foi marcada por correntes de oração e a esperança de reencontrar o amigo curado. Policial penal da penitenciária, e amigo próximo de Luciano, o servidor Carlos Augusto Ribeiro relata que os amigos viveram meses de apreensão e sofrimento junto com a família Turatto. Foi organizado um grupo de WhatsApp com mais de 200 pessoas, para transmitir as notícias diárias do estado de saúde, repassadas pelos familiares.
“Passamos muito tempo pedindo a Deus por este momento e hoje ele chegou. Renascemos com ele e esse renascimento renova a esperança de que aqueles que ainda são acometidos por esta doença possam estar com seus familiares”, reitera.
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