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Memórias do Campo | Batismos de antigamente

Por: Luiz Dalla Libera
01/03/2021 10:59 - Atualizado em 01/03/2021 11:03
Divulgação/iStock

Quando o Jornal LÊ NOTÍCIAS estava de férias, no mês de janeiro, eu estive de aniversário, porém, era um domingo. Além disso, era o domingo de batismo do Senhor Jesus.

Passados 77 anos, eu ainda estou com boa parte das memórias dos meus primeiros anos de vida. No nosso tempo, a certidão de batismo ficava na paróquia e por isso, não sei o dia, nem o mês em que fui batizado. No entanto, lembro-me que meu pai contava que meus padrinhos in memoriam Francisco Morás e a esposa Santa Vivam Morás, quando meu pais os convidaram para serem padrinhos, eles quase se negaram.

Porém, eu me casei com 27 anos, os dois vieram no casamento e viveram ainda muitos anos de saúde. Por isso, a idade, trabalho e doença não matam ninguém. E a crisma! Eu fui crismado com menos de cinco anos, eu tenho memórias antigas, em especial ao sacramento da crisma. Naquele tempo, a crisma era o segundo sacramento após o batismo com qualquer idade, sem preparação para a catequese.

A minha esposa foi batizada e crismada no mesmo dia dos primeiros meses de vida. Era só os bispos que podiam realizar o sacramento da crisma. Eu tenho a dúvida se era Caxias do Sul ou Porto Alegre em que faleceu o bispo Dom Becker, a minha irmãzinha, com dois anos, a minha mãe contava que ele era o único bispo que chorava quando os outros eram crismados.

Em Xaxim, aconteceu a crisma pelo bispo de Palmas, Dom Carlos Saboia Bandeira de Mello. Não estou lembrando se foi antes de 1950, mas esse dia era bem chuvoso, era oito quilômetros de distância e o transporte foi a cavalo. Eu, meus pais e meu irmão fomos à vila de Xaxim, mas não fomos diretos na igreja, fomos na casa da tia do meu pai, a Ana Lunardi, ela era imigrante da Rússia, casada com o Giácomo Lunardi.

Ela falava assim "vamos passar um pouco de perfume na cabeça do bispo, que aí sente um bom cheiro". Para ir à igreja, era só atravessar a praça, nós íamos com o meu padrinho, um filho de Ana, minha pequena irmã, que chorava bastante no colo de pessoas estranhas. Fomos lá, corajosos, sem medo.

O meu padrinho andava comigo no joelho ou no colo. Os filhos e filhas da tia Ana, que eram em sete, foram padrinhos e madrinhas de nossos irmãos. A filha de Rosa Lunardi Zambenedetti foi madrinha de dois irmãos meus e portanto, os filhos de Ana eram afilhados de Rosa.

Isso porque meu pai não tinha vizinhos, conhecia apenas os Lunardi. Naquele tempo, havia apenas os padrinhos de crisma, que eram considerados e respeitados como os padrinhos de batismo. Os afilhados também tinham grande respeito pelos padrinhos. Eles nunca eram chamados só pelo nome, antes sempre se falava il santolo ou la santola, que significam padrinho e madrinha em português.

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