*Por John Baptista
Quando passei no vestibular tive que sair da casa dos meus pais e ir para outra cidade. Fui morar com um amigo que enfrentava a mesma situação, e agora tínhamos a responsabilidade de cuidar da casa. Surgiram, então, as nem um pouco desejáveis tarefas domésticas, que antes eu não valorizava tanto.
Como meu amigo era um bom cozinheiro, as louças sempre sobravam, o que era, para mim, uma atividade torturante! Para adiar meu sofrimento, muitas vezes deixava aquela pilha de vasilhas acumulada por alguns dias. Após certo tempo vivenciando essa situação, constatei que a postergação também me incomodava muito, talvez até mais do que a obrigação de lavar a louça.
Sentia-me frustrado quando olhava para a bagunça que eu havia deixado, mas, ainda assim, preferia ignorar e fingir que não era comigo. O fato é que minha verdadeira vontade era deixar a pia limpa e ter a satisfação de olhá-la brilhando.
Entretanto, a preguiça me impedia de fazer isso e até me dava argumentos para que eu não executasse a tarefa no momento certo, me convencendo que deveria fazer outras coisas primeiro e que tal atividade doméstica era uma perda de tempo.
Com o estudo dos conhecimentos logosóficos, tenho aprendido que os pensamentos são entidades autônomas com vida própria e que regem todas as nossas ações. Podem ser bons ou ruins. Estes últimos estão sempre contra os nossos propósitos, tentando nos desviar de nossa verdadeira vontade.
A preguiça, por exemplo, fazendo muito bem seu papel de pensamento negativo, me deixava frustrado com minha conduta. Eu sabia que estava sendo conduzido por um pensamento que não havia sido criado por mim, e que aquela forma de agir não me deixaria feliz.
Por que, então, em minha mente, eu concedia tanta liberdade àquele pensamento?
Eu me perguntava isso em diversos momentos da minha vida, como quando queria manifestar uma ideia em um grupo de amigos e a timidez não deixava, ou quando me propunha a estudar e a falta de vontade me dominava. Nessas experiências, eu sentia que não tinha as rédeas da minha vida. Eram os pensamentos que surgiam que estavam no comando.
A luta contra esse tipo de pensamento não é fácil. Aprendi que é necessário me conhecer, buscar estratégias para vencê-los e, principalmente, ter vontade de mudar a situação, de ser dono de minhas ações, passando a conduzir a vida de acordo com o meu propósito, que é aproveitá-la, ter domínio do que penso e faço e buscar sempre mais conhecimento.
Foi então que enxerguei, naquela indesejável tarefa de lavar a louça, uma grande oportunidade! Com podcasts (arquivos de áudio), eu poderia usar aquele tempo para aprender sobre diversas coisas, como: história, ciência, política e outros assuntos. Porém, o mais importante ainda é que eu estaria aprendendo mais sobre mim mesmo, sobre o meu mundo mental e, com isso, ordenando minha vida.
Foram grandes aprendizados e muitas reflexões. Além de sentir a satisfação de concluir as tarefas sob minha responsabilidade, percebo que estou guiando minha vida rumo ao meu propósito e tenho levado essa forma de atuar para outras ocasiões.
Agora, em tudo que faço e experimento, vejo uma oportunidade de me superar e fazer valer meu íntimo desejo de ser melhor. Atuando dessa forma, tenho vivido muitas alegrias, e percebo que, gradativamente, vou assumindo o controle do que vivo, de forma consciente e com muito esforço, algo que não havia experimentado antes. Sem dúvidas, viver é algo muito especial. É uma grande oportunidade de superação!*Estudante de LogosofiaRua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro