*Por Nemésio Carlos da Silva
Quando Chapecó completar 100 anos de emancipação político-administrativa, completarei 60 anos de existência, 60 anos bem vividos em Chapecó. Meu pai, Paulo Cândido da Silva, o Seu Paulinho ou o Paulo da banha, carinhosamente chamado pelos seus amigos, foi convidado pelo Sr. Plínio Arlindo De Nes, em meados da década de 50 para fazer a banha, principal produto da indústria no recém-inaugurado frigorífico SAIC. Em 1957, nasci no “banhado” do SAIC, numa das muitas casas que a empresa disponibilizava gratuitamente para os empregados.
Faço esta introdução para registrar o meu reconhecimento e o carinho, em nome das centenas de famílias que durante muitos anos integraram a grande família chamada Grupo Chapecó, ao Senhor Plínio Arlindo De Nes e sua esposa Ilma Rosa De Nes, que muito mais que empresários ou donos da empresa faziam o papel de pai e mãe de cada um de seus funcionários.
Vivi e aprendi, nos primeiros 20 anos de minha vida, neste ambiente saudável.
Nestes 60 anos tive o privilégio de conhecer muitos países e uma centena de cidades do velho e do novo mundo, cidades com mais de 2000 anos de fundação, que preservam a sua história de várias formas. Impossível visitá-las sem adentrar nos muitos museus que materializam a sua história e a sua cultura ou deparar-se a cada 200 ou 300 metros com monumentos de toda ordem, obeliscos, estátuas, obras arquitetônicas e artísticas com a finalidade de perpetuar a memória de acontecimento relevante na história da comunidade.
Chapecó carece de homenagem aos seus benfeitores.
Chapecó e região, afastados do poder político central aprenderam a trilhar os seus próprios caminhos de desenvolvimento local e regional, graças ao protagonismo de atores locais, na formulação de estratégias e na tomada de decisões de nossos líderes.
Precisamos sim, registrar às presentes e futuras gerações o porquê Chapecó é diferente. Porque o empreendedorismo, o cooperativismo e a solidariedade fazem parte de nosso DNA. Porque o mundo nos olha com respeito e admiração, estampados nos muitos produtos de qualidade que conquistaram mais de 60 países. Porque Chapecó volta as suas costas para a crise e para a corrupção que assolam os espaços público e privado nacional e que nos vergonham como brasileiros, e se projeta para frente, para as oportunidades que se abrem.
Os verdadeiros chapecoenses aprenderam essas lições de nossos líderes, pessoas visionárias, inquietas e inconformadas e que nos ensinaram que as mudanças são essenciais no processo de desenvolvimento, e para mudar alguma coisa é preciso parar de repetir o passado e começar, no presente, a inventar o futuro desejado.
*Mestre em Políticas Sociais e Dinâmicas Regionais
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro