Com uma quebra de 20% na produção esperada de milho, Santa Catarina cria soluções para minimizar os impactos da cigarrinha-do-milho nas lavouras. A Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural investirá R$ 568,4 mil no Programa Monitora Milho SC, focado em pesquisa, desenvolvimento e inovação que minimizem as perdas e evitem o mesmo problema na próxima safra.
"A cigarrinha-do-milho causou prejuízos em praticamente todas as regiões de Santa Catarina. E nós precisamos nos preparar, utilizando todas as ferramentas disponíveis e em conjunto com o setor produtivo, para evitarmos novos danos em nossas lavouras. O Programa Monitora Milho SC atuará em diversas frentes, desde a pesquisa científica, até a orientação e emissão de alertas para produtores rurais. É uma medida urgente", destaca o secretário da Agricultura Altair Silva.
O Programa Monitora Milho SC irá delimitar a presença da cigarrinha-do-milho nas lavouras catarinenses, com o monitoramento constante e a melhoria da comunicação com produtores. A intenção é criar mecanismos para tornar possível a comunicação dos órgãos de defesa sempre que houver sintomas de enfezamento em suas áreas, além de receber alertas quando houver ocorrência de cigarrinha na região. A expectativa é observar 20 pontos em todo o estado.
"Teremos um grande avanço no combate à cigarrinha e outras pragas do milho em Santa Catarina. Nós temos a necessidade de acompanhar a evolução da praga no estado, delimitar a sua ação e monitorá-la. Precisamos saber onde a praga está, como ela está e como ela se propaga dentro do nosso território e, com base nessas informações, podemos definir as estratégias para combatê-la. A partir desses dados poderemos fazer a prevenção e o controle, além de racionalizar o uso de defensivos", explica o secretário adjunto Ricardo Miotto.
Os recursos de meio milhão de reais serão repassados à Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc), que trabalhará em conjunto com a Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), para o desenvolvimento de ferramentas de acompanhamento das lavouras, da evolução da cigarrinha e de formas adequadas para conscientização dos produtores rurais.
O projeto foi aprovado pelo Conselho de Desenvolvimento Rural (Cederural) durante reunião ordinária nesta quinta-feira, 8 de abril.
CONSCIENTIZAÇÃO DOS PRODUTORES
O Programa Monitora Milho SC contempla ainda ações para conscientizar os agricultores da importância de eliminar o milho “tiguera” no período de outono/inverno, além de outras práticas culturais que podem reduzir os impactos. É imprescindível que os produtores entendam que o manejo da cigarrinha deve ser feito de forma regionalizada.
"De nada adianta uma propriedade fazer o controle e a outra não porque a cigarrinha tem uma capacidade de voo de mais de 30 km. O monitoramento é muito importante, mas é fundamental que todos os produtores estejam atentos e contribuam com esse trabalho. Porque temos que atuar de forma regionalizada para combater essa praga. Todos devem se unir nesse trabalho de manejo e controle", ressalta Ricardo Miotto.
OUTRAS AÇÕES DE COMBATE
Desde setembro do ano passado, pesquisadores da área de fitossanidade da Epagri/Cepaf estão capacitando técnicos das equipes de extensão rural e de cooperativas para monitorar o problema, inclusive com a realização de testes moleculares para avaliação de populações infectivas.
A Secretaria da Agricultura, Epagri, Udesc, Cidasc, Sindicato e Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) e a empresa CropLife se uniram em um comitê multi-institucional buscando construir ações pró-ativas e proposições técnicas para subsidiar as ações do Governo do Estado e do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Além disso, a Cidasc e a Epagri estão apoiando os produtores rurais na elaboração dos laudos de renegociação de parcelas de financiamentos junto aos bancos.
IMPACTOS NA SAFRA DE MILHO
A cigarrinha-do-milho vem causando estragos nas lavouras de Santa Catarina. O estado, que esperava colher 2,9 milhões de toneladas, terá uma redução de 20% na produção esperada. Segundo o Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Epagri/Cepa), os produtores catarinenses deixarão de colher mais de 800 mil toneladas de milho, principalmente nas regiões de Chapecó e São Miguel do Oeste.
A cigarrinha-do-milho já esteve presente nos milharais de Santa Catarina em outros períodos, porém em baixas populações ou taxas de incidência. O que aconteceu na última safra foi que as condições ambientais favoreceram a sobrevivência do milho voluntário (conhecido como tiguera) nas regiões de menor altitude e encostas de rios. Há possibilidade ainda de ter acontecido um fluxo de populações migrantes de outras regiões de cultivo para Santa Catarina.
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