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ESPECIAL DIA DO DIPLOMATA

Diplomata catarinense conta sobre a carreira no Itamaraty

Arquivo Pessoal Taciano Zimmermann, de 30 anos, é diplomata desde 2020 e atua em Brasília (DF) Taciano Zimmermann, de 30 anos, é diplomata desde 2020 e atua em Brasília (DF)

Por Vitória Schettini

Sendo uma carreira sonhada por muitos, a diplomacia envolve a representação do Brasil no exterior, com a promoção da política externa, por meio da cultura, economia, negociação de acordos internacionais, entre outros. No Dia do Diplomata, comemorado em 20 de abril, o catarinense Taciano Zimmermann, de 30 anos, relata ao Lê NOTÍCIAS sobre suas experiências profissionais dentro do Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Taciano é natural de Rio do Sul (SC) e foi morar em Florianópolis aos 11 anos. Aos 19, foi aprovado no vestibular de Direito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), formando-se em 2014. Tem mestrado em Direito Internacional Público também pela mesma instituição. Em 2016, ainda durante o mestrado, teve a oportunidade de realizar um estágio de curta duração na Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, na Divisão dos Direitos Palestinos (DPR).

Ele conta que o interesse pelas relações internacionais ganhou força ainda durante a faculdade, ao fazer parte de um grupo de estudos de Direito Internacional, quando também realizou iniciação científica e publicação de artigos na área. “Eu acredito que, por meio do Direito Internacional, fui cada vez mais me interessando pela possibilidade de uma carreira no exterior, tornando-se mais concreto durante a pós-graduação. Minha ideia era um dia fazer um doutorado fora ou trabalhar em uma carreira internacional”, lembra.

Sempre apaixonado por idiomas, foi durante a graduação que começou a se dedicar mais ao estudo das línguas. Taciano aproveitou para começar os estudos de língua francesa e espanhola em cursos gratuitos oferecidos na UFSC, de um semestre cada. “Para fortalecer o francês, pude finalizar um semestre de estudos de um mês em Paris, no Curso de Civilização Francesa da Sorbonne (CCFS), em 2013. Paralelamente, também fiz aulas de inglês particulares durante pouco mais de um ano. Sempre fui curioso por idiomas, pesquisando e aprendendo o máximo que eu podia, por meio de livros e músicas", conta ao .

ESTUDOS PARA O CONCURSO

A vontade de ingressar na carreira diplomática, de acordo com o catarinense, surgiu após conhecer uma estudante da UFSC que estava estudando para o concurso e foi aprovada. No entanto, em 2014, ele teve que adiar o sonho por conta de outros projetos, como o mestrado. Naquele ano, aos 23, ele também foi aprovado num concurso público do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC). Após o mestrado, em 2017, iniciou os estudos para o Concurso de Admissão à Carreira Diplomática (CACD), considerado um dos mais difíceis e complexos do país.

“Conciliando o estudo com trabalho, estudei para o CACD por dois anos e cinco meses, entre maio de 2017 a outubro de 2019, quando fui aprovado. Para me preparar melhor, contratei cursos das principais disciplinas cobradas, li a bibliografia recomendada e treinei exercícios, tanto da fase objetiva, como das discursivas”, explica.

O CACD cobra um conhecimento aprofundado sobre História do Brasil, História Mundial, Geografia, Política Internacional, Economia, Direito Interno e Internacional, Português, Inglês, Francês e Espanhol, sendo um dos concursos mais disputados do país. No ano que o diplomata foi aprovado, em 2019, cerca de 6 mil candidatos se inscreveram no certame.

Ele lembra que a rotina de estudos era intensa, sendo um processo com altos e baixos. “Eu assistia às aulas dos cursinhos preparatórios e com base nelas, produzia cadernos de cada uma das disciplinas. Paralelamente, fazia leituras e fichamentos para complementar os estudos. Com esse material, fazia revisões constantes nos meses que antecederam as provas”, explana.

Para a aprovação, ele passou por uma fase objetiva, de seis horas, divididas entre manhã e tarde, com 73 questões para assinalar certo ou errado. Posteriormente, esteve entre o seleto grupo de 200 candidatos para as fases seguintes, as discursivas. A segunda fase sendo eliminatória, com cinco horas cada, de Português e Inglês. Por último, a terceira fase, composta por seis provas, de quatro horas cada, cobrou conhecimentos de História do Brasil, Geografia, Política Internacional, Economia, Direito, Francês e Espanhol, sendo classificatória.

INSTITUTO RIO BRANCO

Com a aprovação, ele e mais 19 colegas foram matriculados no Curso de Formação de Diplomatas (CFD) do Instituto Rio Branco (IRBr), a academia diplomática brasileira. Além dos alunos brasileiros, o IRBr também recebeu mais sete estrangeiros, por conta dos convênios que o Itamaraty mantém com nações amigas.

“Estudamos por 13 meses e encerramos o Curso de Formação em março de 2021. Devido à pandemia, tivemos apenas um período inicial de aulas presenciais e o restante a distância. Mesmo em formato on-line, inédito nos 75 anos de existência do Instituto, conseguimos cumprir o cronograma inicialmente previsto e obter o máximo proveito possível", conta Taciano.

Ele explica que os estudos na academia diplomática foram enriquecedores, onde os alunos tiveram a oportunidade de aprender quatro idiomas estrangeiros: inglês, francês, espanhol e mais uma língua oficial da ONU à escolha do estudante – árabe, russo ou chinês, tendo ele escolhido o árabe.

Além disso, a carga horária era composta por outras disciplinas, como Economia, Política Internacional, Direito Internacional, História da Política Externa Brasileira, Promoção Comercial, Clássicos, Técnicas de Negociação, Administração Pública, entre outras. “Durante esse período de curso, em todas essas classes, pudemos entender melhor a natureza da profissão e o legado do Itamaraty, com base na perspectiva de embaixadores e embaixadoras experientes e professores qualificados", revela.

NOVA FASE

Recentemente formado no Instituto Rio Branco, o catarinense está tendo sua primeira experiência profissional na Divisão de Direitos Humanos (DDH), no MRE. “Daqui a alguns anos, virá a fase da primeira remoção para o exterior, a algum dos mais de 200 postos que o Brasil mantém mundo afora. Os planos ainda estão em aberto. A carreira oferece possibilidades de atuação nas mais diversas áreas: econômica, política, cultural, administrativa e consular. Dessa forma, eu espero poder oferecer contribuições concretas ao Itamaraty e à sociedade brasileira, esteja onde estiver”, conta.

MENSAGEM AOS ASPIRANTES À CARREIRA

Aos candidatos que estão na busca pela aprovação no CACD, Taciano deixa uma mensagem de incentivo. “Trata-se de um dos concursos mais tradicionais do país, com histórico consistente. O conteúdo é amplo, mas, com esforço e método, pode ser absorvido na medida necessária. Estude as provas anteriores e conheça o concurso a fundo. Lembre-se, também, que não há receita pronta para a aprovação. Não se compare. Troque ideias com pessoas que já passaram ou que estão passando por essa trajetória, mas, no fim do dia, construa pacientemente seu próprio caminho”, finaliza.

DIA DO DIPLOMATA

A data comemorativa foi instituída pelo Decreto 66.217, de 17 de fevereiro de 1970. O Dia do Diplomata é uma homenagem ao nascimento de José Maria da Silva Paranhos Júnior (1845-1912), o Barão do Rio Branco, considerado o patrono da diplomacia brasileira. O carioca foi chanceler entre 1902 e 1912, fortalecendo as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos, além de ter auxiliado na formação das fronteiras nacionais.

Conheça também a história da diplomata chapecoense Fernanda Mansur Tansini, em entrevista de 2018 ao LÊ NOTÍCIAS.


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