Por Janquieli Ceruti
Odilien Maitre e Silvina Vixamar estão juntos desde 2005 e do amor deles nasceu três crianças. O filho primogênito tem hoje oito anos, o do meio tem seis e o caçula apenas dois. Apesar das dificuldades de morar em um país destruído por um terremoto em 2010, com altos índices de miséria e poucas oportunidades, o casal e os filhos mantiveram-se unidos e em harmonia, até que a necessidade falou ainda mais alto e Odilien mudou-se do Haiti para o Brasil em busca de sustento para a família. Por dois anos, ele trabalhou na linha de produção de um frigorífico na cidade catarinense de Capinzal e contribuía mensalmente com as despesas dos familiares que ficaram no país de origem. Mas, a situação mudou neste ano. Iludido por conhecidos, que garantiam fartura de trabalho em Xaxim, Odilien saiu do emprego e com o valor do acerto conseguiu que a esposa se mudasse também para o Brasil.
Esperançosos em conseguir bons empregos e acumular dinheiro suficiente para trazer os três filhos, que hoje moram com a avó paterna, para as novas e promissoras terras, eles vieram para Xaxim. Na cidade, eles se depararam com a fome, o frio e o abandono. Por dez dias, Odilien conta ter ficado morando no Terminal Rodoviário de Xaxim. Sem casa para ficar e nem dinheiro no bolso para voltar a Capinzal ou ao Haiti, ele e a esposa passaram por grandes dificuldades.
Sensibilizado pela situação do casal, Veiga, que é representante comercial e todos os dias vai até a rodoviária buscar as pilhas de jornais que entrega, ofereceu abrigo na própria casa. “Eu não aguentava mais ver eles daquele jeito, então ofereci pouso e comida até que eles achassem um emprego”, explica Veiga, como é conhecido na cidade. Assim, Odilien e Silvina saíram do Terminal e mudaram-se para a casa no bairro Santa Terezinha.
Por algumas semanas, eles e a família de Veiga moraram na mesma casa, mas o local ficou pequeno e Veiga precisou improvisar um novo espaço. A garagem de casa virou moradia e, para que isso fosse possível, o carro de Veiga ficou ao relento e o pequeno salão de beleza da filha, que funcionava no local, precisou ser desmanchado. Por ser uma garagem humilde, o local é estreito, de chão batido, não tem banheiro e por isso deveria ser usado somente provisoriamente. Mas, isso não aconteceu e já faz 60 dias que o casal está vivendo em condições precárias.
Para que Odilien e Silvina pudessem comer e proteger-se do frio, Veiga bateu em centenas de portas. Aos poucos, ele conseguiu roupas, calçados, alimentos, produtos de limpeza e alguns poucos móveis e eletrodomésticos, seja com a comunidade ou com o Poder Público. Mas, como a situação se estende por bastante tempo, já não há mais onde buscar ajuda. Diante disso, o desespero toma conta dos dias do casal e também da família de Veiga, que está tendo contas maiores por conta dos “inquilinos”, como a de água e luz. “Não tenho condições de sustentar eles, e por isso é muito triste encarar essa situação todos os dias. Eu gostaria que eles vivessem melhor. Que tivessem emprego, mais dignidade e autonomia”, destaca Veiga.
Ao conversar com Odilien, é evidente a intensa procura por emprego. Num português razoável, ele conta que vai todos os dias até as duas maiores empresas do município – o Frigorífico Aurora Alimentos e a Rafitec Soluções em Embalagens. “Vaga para brasileiro tem, mas pra nós imigrantes não”, relata Odilien. Ele, que já trabalhava em um frigorífico em Capinzal, explica que gostaria de trabalhar na mesma área, mas que também tem experiência com construção civil e que aceita qualquer tipo de trabalho digno. Já a esposa, que ainda não fala português, tem experiência com salão de beleza, mas também está à disposição para aprender novas funções.
Para ajudar, seja com um emprego, alimento ou material para construção de um banheiro na casa improvisada, os interessados podem ligar para os telefones (49) 99970599 e (49) 988578727 ou ir até o Mercado do Veiga, no bairro Santa Terezinha, próximo ao prédio da antiga Unochapecó.
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