Reforçar a identidade indígena é uma dos principais objetivos da Semana do Índio. Essa identidade está relacionada com muitas questões, como as tradições, costumes, cultura e linguagem desse povo. Há muito tempo, a Unochapecó percebeu a importância de aliar os conhecimentos acadêmicos à realidade cultural dos povos indígenas, por isso, em 2009 lançou os cursos de Licenciatura Intercultural Indígena. Atualmente, são cerca de 150 estudantes, distribuídos em cinco turmas: Pedagogia, na Reserva Kondá, Educação Física, na Unochapecó, e Ciências Biológicas, Letras/Kaingang e Pedagogia na Terra Indígena Xapecó, no município de Ipuaçu.
“O apoio da Unochapecó à abertura desses cursos revela seu compromisso com o desenvolvimento regional sustentável, principalmente por acolher este povo que historicamente foi excluído e negado qualquer possibilidade de emancipação. O que precisa ser reconhecido é a postura da Universidade em atuar com práticas que promovem a libertação desse povo. Por muito tempo eles serviram de objeto de pesquisa com pouco retorno ou benefício às comunidades, enquanto a Unochapecó, além de proporcionar o acesso ao ensino superior, concede bolsas para a realização dos estudos”, relata a coordenadora geral da Licenciatura Intercultural, professora Teresa Dill.
O principal diferencial dos cursos é eles acontecerem nas Terras Indígenas. Isso facilita o acesso e permanência dos estudantes. Outro aspecto importante, que promove a permanência dos acadêmicos nos cursos, é o diálogo com as lideranças e as visitas aos estudantes que faltam às aulas ou sinalizam possibilidade de desistência. Mas, mesmo com uma proposta diferenciada, durante a pandemia foi necessário realizar um trabalho muito intenso de visitas e acompanhamento.
“Neste período, foram realizadas várias experiências. A primeira foi o formato remoto, mas a maioria dos estudantes não conseguia acessar, devido a falta de internet. "Para garantir a aprendizagem, optamos pelo retorno das aulas presenciais com todos os cuidados necessários, para entregar e orientar os estudos e elaboração de trabalhos”, explica Teresa.
RESULTADO
O curso, que possui cinco anos de duração, está em sua terceira turma. Ou seja, a Universidade já formou muitos professores qualificados para atuarem nas escolas da região, em específico nas escolas indígenas, disseminando a cultura para as próximas gerações. Mas além do ensino básico, alguns egressos optaram por seguir na vida acadêmica.
De acordo com a professora Teresa, já se formaram três mestres, dois estão realizando o mestrado, e quatro egressos dos respectivos cursos estão atuando como docentes nas Licenciaturas Interculturais Indígenas da Uno. “A presença de professores indígenas no processo de formação dos novos docentes, contribui de forma significativa no âmbito da compreensão da cultura indígena por parte do professor formador não indígena. Ou seja, além de permitir o diálogo intercultural, intensifica a compreensão e o respeito, tanto relativo à cultura indígena, quanto em relação à cultura não indígena”.
Por fim, acredita-se que o maior impacto da implantação da Licenciatura Intercultural está na qualificação da educação básica nas Terras Indígenas. “Por meio desta, os próprios indígenas se estabelecem como protagonistas da autonomia da comunidade e do fortalecimento da cultura. Percebe-se, ainda, a manifestação por parte dos estudantes do crescimento do sentimento do autorreconhecimento, aceitação e orgulho de pertencerem ao povo indígena”, completa a professora.
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