Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, o deputado estadual Fabiano da Luz (PT), membro do Tribunal Especial de Julgamento que julgou Carlos Moisés, falou sobre seu posicionamento contra o impeachment do governador.
O parlamentar petista, ex-prefeito de Pinhalzinho, disse ter votado tecnicamente por não haver provas que incriminassem Moisés, que teve sua vida pessoal vasculhada pela Polícia Federal e demais órgãos investigativos.
Fabiano da Luz também afirmou que deve disputar a reeleição para deputado estadual e que Décio Lima é o favorito dos petistas para o Governo do Estado. Ainda, comentou de Lula da Silva e Jair Bolsonaro. Confira:
Marcos Schettini: A questão do PT antecipar o voto em favor de Carlos Moisés ajudou ou atrapalhou?
Fabiano da Luz: Ajudou porque um voto dividido com todo o Partido diminui a carga sobre os meus ombros e, ao mesmo tempo, para aqueles que queriam mudar o meu voto, perceberam que seria muito difícil tendo em vista que não era um voto individual, mas, sim, um voto coletivo e partidário.
Schettini: O Sr. disse que a motivação de cassação do governador foi tão política como da presidente Dilma. Por quê?
Fabiano da Luz: Na cassação da presidente Dilma, era nítido e claro que era um movimento político porque não havia prova nem erro da presidente, mas, sim, uma vontade de tirar o PT do Governo Federal. Já em relação ao governo Moisés, nós, deputados, votamos tecnicamente porque todos os órgãos investigativos arquivaram qualquer denúncia contra o governador por não encontrar evidências de participação, benefícios financeiro ou político. Portanto, da nossa parte, o voto foi técnico.
Schettini: Agora o Estado volta aos trilhos ou tem pendências a resolver?
Fabiano da Luz: O Estado agora tem todas as condições de fazer inúmeras ações que a sociedade espera. Hoje, a situação econômica do Estado é muito boa. A necessidade é muito grande. Então, vejo que agora o governador tem todas as condições e todo apoio necessário para fazer as obras e as ações no Estado andarem em uma velocidade muito rápida e atender a grande expectativa que a sociedade catarinense tem com seu governo.
Schettini: O Sr. pode definir traição e fidelidade política na questão do impeachment?
Fabiano da Luz: A gente sabe que um processo de impeachment envolve vários interesses que não são simplesmente a análise do processo, mas o que tem em volta dele. Um dia um desembargador me disse ‘quando analisar um processo, não olhe só a lei e o processo em si, mas olhe para fora da janela e veja o todo que isso envolve’. Tecnicamente não havia nada contra o governador. Agora a gente sabe que politicamente muitos queriam o cargo que ele ocupa ou estavam interessados nos espaços do governo que, para alguns, são muito importantes.
Schettini: O PT fez uma purificação dos erros cometidos ou não houve equívocos?
Fabiano da Luz: O PT teve seus erros como todos os partidos e todos os governos têm seus acertos e erros. Ocorre que a perseguição feita ao PT, ao presidente Lula e à presidente Dilma ficou muito escancarada. E nós defendemos o princípio jurídico, que foi aquilo que nós defendemos no Lula, que não havia provas contra ele de que o triplex era dele, que a cassação da Dilma não havia pedaladas fiscais que justificassem o afastamento. Esse é o mesmo tratamento que nós fizemos para o governador Moisés. Ou seja, não havia provas contra ele. Então, a questão não se trata de avaliar acertos e erros. Mas, sim, avaliar a real situação. Portanto, se ele não é culpado, não tem porque persegui-lo.
Schettini: Não seria o momento de Lula da Silva organizar um movimento e declinar da disputa?
Fabiano da Luz: O presidente Lula sempre deixou muito claro que, se houver candidatos que possam ser fortes para derrubar esse bolsonarismo doentio que existe no Brasil, ele não teria problemas em abrir mão de sua candidatura. A questão é que hoje no Brasil nós estamos em uma grande carência de lideranças ao ponto de estarmos sendo governados por um Bolsonaro da vida. Nesse sentido, é melhor um Lula preocupado com o país do que um Bolsonaro que brinca de ser presidente.
Schettini: Por que tem que ser sempre ele a disputar a eleição? Não é hora de agregar?
Fabiano da Luz: Essa é a mesma pergunta que eu te faço. Bolsonaro foi sete vezes deputado federal. Nunca apresentou um projeto de lei. E de repente aparece como um candidato salvador da pátria. A tragédia do Bolsonaro prova que o Lula tem de estar muito vivo para salvar o país do que o bolsonarismo está fazendo com o Brasil.
Schettini: Quem é o nome do PT ao governo em SC?
Fabiano da Luz: O natural hoje e o principal nome que nós temos é do ex-deputado e que já foi candidato a governador, Décio Lima. Mas daqui até a eleição podem surgir novos nomes, podem surgir coligações. E a política é muito surpreendente.
Schettini: O PT apoiaria Carlos Moisés pela reeleição?
Fabiano da Luz: Isso depende muito de uma decisão coletiva, de uma conjuntura e não depende apenas de uma opinião pessoal, individual. No PT, tudo é coletivo.
Schettini: Qual seu futuro dentro do debate de 2022?
Fabiano da Luz: O caminho natural é a reeleição para deputado estadual. Estou no primeiro mandato começando um trabalho e acredito que como deputado tenho muito a contribuir com o Oeste do Estado e Santa Catarina como um todo.
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