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A reinvenção do brincar no hospital em tempos de pandemia

Por: LÊ NOTÍCIAS
08/06/2021 10:51 - Atualizado em 08/06/2021 10:51
Unochapecó Atendimentos do Projeto Brincando no Hospital estão ocorrendo de forma individual com as crianças nas brinquedotecas Atendimentos do Projeto Brincando no Hospital estão ocorrendo de forma individual com as crianças nas brinquedotecas

Brincar é um direito de todas as crianças. Pode ser algo simples de se dizer, mas ele está previsto no artigo 227 da Constituição Federal de 1988. E a importância dessa atividade vai muito além de um simples momento de descontração, é por meio dela que a criança constrói sua identidade.

Por entender que é algo indispensável, principalmente para crianças que estão hospitalizadas, a Unochapecó criou, em 2001, o 'Programa Sorriso para a Vida', e dentro dele, o 'Projeto Brincando no Hospital', que atua em brinquedotecas hospitalares. Mas neste período atípico de pandemia em que vivemos desde o ano passado, até as brincadeiras tiveram que ser reinventadas, e neste dia 28 de maio, quando se celebra o Dia Internacional do Brincar, vamos contar um pouco mais sobre como professores e estudantes continuaram levando alegria para os pequenos em um momento tão difícil.

“Ao brincar, a criança interage com o mundo a sua volta, e é nesse movimento, na complexidade dessas experiências lúdicas, que ela produz sua identidade social, cultural, política e até econômica, enfim, ela produz sua própria vida. Então, quando ela adoece, faz tratamento oncológico ou se encontra hospitalizada, no caso do nosso projeto, de certa forma ela é afastada dessas experiências e de sua cotidianidade marcada também por momentos lúdicos”, explica a coordenadora do Projeto, professora Lilian Rodrigues

Além da professora, mais nove estudantes dos cursos de Medicina, Odontologia, Fisioterapia, Nutrição, Educação Física, Psicologia e Artes Visuais integram o projeto. Para 2021, o projeto conta com recursos aprovados em Edital do Fundo da Infância e Adolescência (FIA). O Brincando no Hospital atende crianças em internação pediátrica e oncopediátrica, ou em tratamento ambulatorial, que vêm para o hospital, fazem quimioterapia ou radioterapia, e retornam para casa no mesmo dia. Seus cuidadores ou acompanhantes também participam das atividades.

Sempre realizado com muito amor e contato com as crianças, no novo momento, imposto pela pandemia, tudo teve que ser adaptado e reinventado. Num primeiro momento, foi proibida a realização presencial das atividades, tendo em vista o respeito ao distanciamento social e às demais normas de prevenção ao Covid-19.

“Logo quando nos recolhemos, houve uma identificação da nossa falta no hospital de uma forma geral, tanto pela equipe, quanto pelas próprias crianças, pois a ociosidade desse tempo dentro de um quarto hospitalar não é tão simples assim. Mas a situação exigia isso, tanto em relação aos próprios protocolos do hospital, na sua relação com a criança, seja na hospitalização ou no tratamento oncológico, ou então em relação às nossas atividades”, conta Lilian.

De acordo com a professora, para que as crianças continuassem tendo atividades no período em que estavam no hospital, a equipe do projeto trabalhou na produção de materiais didáticos, informativos, e kits lúdicos, que eram encaminhados para as crianças por intermédio das enfermeiras e assistentes sociais. “Voltamos a atender com protocolos rígidos de higienização dos materiais, das mãos, protocolos referentes ao uso de equipamentos obrigatórios, e também ao distanciamento. Isso aconteceu em outubro do ano passado, e em novembro tivemos que nos recolher novamente. No início do ano retornamos, mas em fevereiro, pela metade do mês, de novo tivemos que nos distanciar das crianças. Nesse período voltamos a investir muito nos kits lúdicos, tanto no âmbito das informações em relação à promoção e recuperação da saúde, quanto às atividades sobre as brinquedotecas e o brincar”.

Há duas semanas, voltaram os atendimentos presenciais nas brinquedotecas. Para que as crianças possam ter esse momento importante com toda a segurança possível, são seguidos protocolos de agendamento, e ele ocorre de forma individualizada. Além disso, essas atividades sempre são supervisionadas pela equipe de enfermagem do hospital.

“Mas foi, também, um momento de reinvenção, em todos os lugares e para todas as pessoas, da forma de ser e estar com as crianças, das formas de poder ainda possibilitar o brincar e o conhecimento no âmbito da saúde por exemplo. Nosso projeto vem no sentido de possibilitar que a criança, apesar da doença, das dores, do desconforto e do medo, ainda possa brincar. O brincar é um poderoso elemento de ligação com a vida cotidiana, dentro do hospital, com o fortalecimento de vínculos familiares, com a equipe médica e com a equipe de enfermagem que atende essas crianças. Ele também é um poderoso dispositivo na construção do enfrentamento da sua condição de criança hospitalizada ou em tratamento oncológico, então, ele assume um papel importante no processo de humanização desse tempo e espaço da doença, do tratamento e da hospitalização”, conclui a professora.


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