Parlamentar experiente, com vasto conhecimento das finanças do Estado e do regimento interno da Alesc, Marcos Vieira foi uma das peças chaves para manutenção de Carlos Moisés no cargo de governador. Elencando a governabilidade de Santa Catarina como pilar que sustentou Moisés no processo de impeachment, o tucano afirma que o PSDB não tem relações com o marido de Késia e que seu candidato ao Governo do Estado em 2022 é Gelson Merisio.
Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini, o deputado estadual falou do cenário catarinense e brasileiro, afirmando que acredita numa terceira via entre Bolsonaro e Lula. Ainda, deu um panorama das ações do mandato e disse ainda ser cedo para falar de seu futuro eleitoral. Confira:
Marcos Schettini: Qual a relação do PSDB com o governador Carlos Moisés?
Marcos Vieira: Partidariamente não existe uma relação com o Governo de Carlos Moisés.
O que existe é uma relação do deputado Marcos Vieira com o governador Carlos Moisés em ajudar a garantir a governabilidade de um Estado, a união de esforços para que os projetos importantes possam ser implantados. Podemos citar como exemplo a Bancada do Oeste, formada por 15 deputados de todas as siglas, e da qual também faço parte, que está trabalhando para ajudar com que o Estado, como máquina pública, seja destravado e que a população seja atendida em suas demandas em uma época de pandemia. Precisamos agilizar as ações e é exatamente isso o que está acontecendo.
Schettini: O Sr. se sentiu traído quando viu Gelson Merisio trabalhando para derrubar o governador sem consultar o partido?
Marcos Vieira: O PSDB Estadual não se posicionou sobre o processo de impeachment do governador Carlos Moisés, então não posso falar sobre suposições.
Schettini: Foi por isso a reação de Clésio Salvaro na trinca com João Rodrigues e Orvino Coelho de Ávila?
Marcos Vieira: O prefeito de Criciúma, Clésio Salvaro, é uma importante liderança do PSDB, e tem experiência e autoridade para defender os seus próprios atos.
Schettini: Como o Sr. vê o governo de Jair Bolsonaro?
Marcos Vieira: O governo do presidente Jair Bolsonaro foi uma importante ruptura de um processo de degradação que o Brasil vinha enfrentando. Infelizmente, o então candidato do PSDB, o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, não se sagrou vitorioso, pois seria a melhor opção, e o presidente Bolsonaro foi eleito pela democracia das urnas. Mas entendemos que existem falhas, como na gestão da pandemia e na proteção exagerada dos próprios filhos do presidente. Por isso, o PSDB não pode deixar de ser o contraponto nestas questões, pois temos a responsabilidade e temos um legado de ações em favor do Brasil que não pode ser desconsiderado.
Schettini: A aproximação de FHC com Lula da Silva diz o quê?
Marcos Vieira: O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso está acima das siglas partidárias. O que ele fez em favor do Brasil, somente acabando com uma inflação de 1000% ao ano, já o coloca em uma situação diferenciada. É natural que ex-presidentes se relacionem. Mas a fala do ex-presidente não representa o PSDB. Teremos candidato à Presidência da República e seremos a terceira via que o Brasil precisa.
Schettini: Por que a chamada terceira via está longe. É Doria, Tasso Jereissati ou o próprio FHC?
Marcos Vieira: O PSDB é um partido com muitas lideranças importantes e isso é o que faz o PSDB um partido diferenciado. Temos nomes para assumir a responsabilidade de colocar o Brasil nos eixos novamente, unindo o País na sua reconstrução. Não tenho dúvidas que o PSDB encontrará um nome de consenso e será vitorioso em 2022.
Schettini: O Sr. imagina uma Tríplice Aliança em SC?
Marcos Vieira: A Tríplice Aliança surgiu com o ex-governador Luiz Henrique da Silveira, o qual fui o primeiro secretário a ser nomeado em seu primeiro mandato. Mas a sociedade evolui e a política também. A população não está mais se associando a partidos políticos, mas sim está se escolhendo a pessoa. O que essa pessoa tem a oferecer para a população. O seu histórico, seu conhecimento sobre o Estado, o que ele pode trazer de benefícios para o desenvolvimento. Por outro lado, políticos precisam de partidos para disputar uma eleição, e partidos são importantes pois democratizam o acesso de lideranças. Então, é cedo para dizer se teremos uma tríplice ou não. O mais correto, agora, é trabalhar para ajudar Santa Catarina a continuar em uma posição favorável perante aos outros estados da Federação.
Schettini: Quais as lições tiradas do impeachment?
Marcos Vieira: Em quatro mandatos como deputado estadual nunca votei no cabresto. Sempre fui livre em minhas escolhas e tenho a consciência tranquila sobre os meus atos. A maior lição tirada de um processo de impeachment é a tranquilidade e o discernimento em separar uma investigação de uma condenação.
Schettini: 2018 e 2021 se diferem em quais direções?
Marcos Vieira: Santa Catarina é um Estado diferenciado da federação. Temos quatro estados dentro de um só, com lideranças muito fortes e atuantes em todas as regiões. O catarinense não gosta de insegurança e sabe distinguir o que precisa e quando precisa mudar algo.
Schettini: Quem são os candidatos a governador de SC pelo PSDB?
Marcos Vieira: O meu candidato ao Governo do Estado do PSDB em 2022 é o ex-deputado estadual Gelson Merisio.
Schettini: O Sr. toma qual destino eleitoral em 2022?
Marcos Vieira: Ainda é cedo para pensar em projeto particular. Meu nome está e sempre esteve à disposição do PSDB na posição que o partido definir. Sou um soldado do partido. Mas, neste momento, nosso trabalho é ajudar a trazer a governabilidade para o Estado e a ajudar a executar os projetos essenciais para o catarinense. Assim estamos fazendo, como na questão das rodovias e já conquistamos a revitalização da SC-283, a mais importante rodovia do agronegócio. O edital para pavimentar a SC-350, ligando Abelardo Luz a Passos Maia. A revitalização da SC-160 entre São Carlos e Campo Erê. A destinação de recursos do Estado para as obras na BR-470, na BR-163 e na BR-280. Vamos buscar a duplicação de trechos da BR-282, especialmente na Grande Florianópolis. Como membro da Bancada do Oeste, destinamos recursos para um problema que aflige SC todos os anos como a estiagem. Separamos R$ 300 milhões para o trabalho de prevenção à seca e mais R$ 100 milhões para financiamentos aos pequenos e médios agricultores. Na questão econômica atingimos uma estabilidade que permite ao Estado realizar investimentos com recursos próprios, algo inédito nos últimos oito anos, mas para isso acontecer atuamos na questão de benefícios fiscais e realizamos a maior audiência pública da história da Alesc, onde trouxemos todos os setores da economia catarinense para o debate.
Por intermédio de muita negociação, conseguimos com que o Governo do Estado realizasse o pagamento das emendas impositivas dos anos de 2019, 2020 e 2021, isso quer dizer que todos os 40 deputados terão recursos para atender as demandas das suas regiões e quem ganha com isso é o catarinense. Em dois anos será alcançada a maior transferência de recursos do Estado para municípios, da ordem de R$ 1 bilhão. Portanto, reafirmo que ainda temos muito trabalho para realizar no mandato antes de pensar em projetos eleitorais.
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro