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Entrevista | Coruja desenha projeto socialista para disputar o Governo do Estado pelo PDT

Por: Marcos Schettini
30/06/2021 17:15 - Atualizado em 30/06/2021 21:05
Luca Gebara/Agência AL

Figura política com três mandatos de deputado federal, a passagem mais recente de Fernando Coruja pelo cenário catarinense aconteceu na legislatura anterior, quando assumiu cadeira permanente na Alesc após o então deputado estadual José Nei Ascari ter sido nomeado ao TCE/SC.

Mesmo distante dos holofotes na última década, o médico lageano ganha novamente luminosidade eleitoral ao retornar às fileiras do PDT, sigla na qual foi eleito prefeito de Lages no início dos anos 90. Recém-filiado, Coruja concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, colocando-se como pré-candidato ao Governo do Estado em 2022, dando respaldo à candidatura presidencial de Ciro Gomes.

Elencando a educação como prioridade, Coruja diz que o projeto será para um ensino integral de qualidade, com políticas públicas socialistas que visam diminuir a desigualdade, seja econômica, cultural ou educacional. Ainda, fez duras críticas ao presidente Bolsonaro e classificou Leonel Brizola como insubstituível. Confira:


Marcos Schettini: O que o PDT quer nas eleições de 2022?

Fernando Coruja: Um dos objetivos de qualquer partido é vencer as eleições. O PDT tem a candidatura de Ciro Gomes à presidência e vai trabalhar fortemente para elegê-lo. A modificação das regras eleitorais, que vedam coligação nas disputas proporcionais, demandam que os partidos, preferencialmente, tenham candidaturas majoritárias em todos os níveis. O PDT pretende ampliar a sua bancada estadual e conseguir representação no Congresso Nacional. Eleições representam também um momento importante para que os partidos exponham o que pensam. O PDT é um dos poucos partidos brasileiros que tem conseguido manter um conteúdo ideológico mais claro, mesmo que para isso tenha que expulsar membros de seus quadros.


Schettini: Por que os números das pesquisas não mostram Ciro Gomes como protagonista para 2022?

Coruja: Ciro é um protagonista. Em todas as pesquisas ele tem ficado na terceira posição. Na última pesquisa nacional divulgada ficou com 7% dos votos. Estamos ainda muito longe da eleição. Se o nosso candidato chegar no período eleitoral com um número ao redor de 10% das intenções de votos, terá amplas condições de crescer e alcançar o segundo turno. Talvez quem não seja um protagonista em 2022 seja o atual presidente. Está literalmente derretendo.


Schettini: Ciro Gomes tem batido no PT e não senta com Lula da Silva. Ele negocia com a direita?

Coruja: O Ciro esteve com Lula em várias eleições. Atualmente, como ele tem repetidamente colocado, está em outro caminho. É possível sim, na minha compreensão, ocorrer uma composição com partidos que são colocados com o espectro da direita política. Aliás, o momento histórico quase que exige isso. O maniqueísmo atual do nós ou os outros não é bom para o país. Política demanda diálogo. Dialogar significa procurar pautas comuns para melhorar o país. A ideia de que “o outro” é o inimigo deve ser suplantada por propostas republicanas que nos ajudem a sair da difícil situação econômica e social que nos encontramos.


Schettini? O Sr. vai disputar o Governo de SC com quais ideias para chamar o eleitor para o projeto?

Coruja: Ciro vem apresentando um projeto nacional de desenvolvimento para o Brasil que nós vamos replicar em Santa Catarina. O partido no Estado já está construindo a sua proposta e vai apresentar a tempo e hora. Algumas das ideias, como o aprimoramento do SUS e o investimento massivo na educação certamente serão parte importante da proposta. Em relação à educação, posso adiantar a defesa intransigente de um ensino integral. Não um ensino integral com a repetição do que se faz hoje. A escola precisa ser mais atrativa. Escolas precisam ter sabor de saber.


Schettini: Quem é o atual Fernando Coruja para influenciar o debate sucessório?

Coruja: Ao longo de minha atividade política procurei exercer os meus mandatos da melhor forma possível. Não disputei algumas eleições. Não entendo a política apenas como uma arte de conseguir ou manter mandatos. Vou apresentar, em nome do partido, uma proposta para Santa Catarina. Espero conseguir fazê-lo e, principalmente, ser ouvido.


Schettini: O impeachment é o que dentro do quadro nacional? Jair Bolsonaro deve ser cassado?

Coruja: O impeachment é sempre uma decisão política e que obedece a critérios de conveniência e oportunidade. Bolsonaro, em função de seu desgoverno, de suas trapalhadas e de uma série de outros fatos que estão sendo levantados, fornece todos os motivos para sofrer o impeachment. Mas, talvez não seja conveniente. Um processo de impeachment é longo, traumático e imprevisível. Como estamos avançando para o final do terceiro ano de governo, entendo que a melhor solução para o país passa pela via eleitoral. Se eu ainda estivesse no Parlamento e, tivesse que votar, certamente votaria no sim.


Schettini: Se o PDT quer ter candidatos a governador, ele senta com o PT, PSOL e PCdoB? Ou são partidos do passado?

Coruja: Não são partidos do passado. Há uma tendência de setores da sociedade de querer identificar a esquerda brasileira com regimes como, por exemplo, Venezuela e da Coreia do Norte. Salvo raríssimas exceções, ninguém defende este tipo de proposta ou a volta a qualquer ideia passada de socialismo autoritário. O que se defende é uma democracia mais substantiva e igualitária. O PDT quer discutir propostas para o país e para o nosso Estado. O que nunca não se pode esquecer é de que governar é procurar dar às pessoas uma igualdade pelo menos de oportunidades.

Schettini: Leonel Brizola faz falta?

Coruja: Dizem que ninguém é insubstituível, mas Brizola é. A sua compreensão da sociedade, a sua luta, o seu pioneirismo prático da revolução pela educação, faz falta em um país combalido pela ausência da boa política. Brizola é eterno.


Schettini: Aquela ideia de socialismo e capitalismo, o chamado eles contra nós, é a cara do Brasil dividido?

Coruja: A divisão do eles contra nós, como compartimentos estanques e a visão de que o outro é o inimigo e deve ser destruído, é péssima para qualquer sociedade. As pessoas não são melhores ou piores apenas por serem de direita ou de esquerda. O que deve prevalecer são as ideias de o que fazer para melhorar. A visão socialista que o PDT defende é a de governos que trabalhem para diminuir a desigualdade, seja econômica, cultural ou educacional.

Schettini: Qual a sua leitura sobre 2018 e 2022?

Coruja: Nenhuma eleição é igual a outra. Um erro comum é acreditar que as coisas vão se repetir. Certamente não vão. Penso que está começando a existir um cansaço desta polarização “nós contra os outros”, que você fala. No Brasil, e em Santa Catarina, venceu, em 2018, o discurso da “nova política”. O que estamos vendo é o pior do que chamavam da “velha política”. Os poderes, como diz a Constituição, devem ser independentes e harmônicos. É preciso diálogo. O que se tem visto é a exacerbação das práticas “não republicanas” de cooptação dos Parlamentos. O que existe não é nova ou velha política, mas sim boa ou má política. O que os brasileiros e catarinenses precisam é de uma boa política.


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