Homem da linha de frente de Jair Bolsonaro no Congresso, Jorginho Mello tem obtido envergadura nacional ao defender o presidente da República na CPI da Covid-19 no Senado. Liderança política que acumula sucessíveis trunfos eleitorais em Santa Catarina, o senador do PL tem construído um cenário que lhe outorgue a disputa ao Governo do Estado em 2022 numa coligação que esteja totalmente alinhada ao projeto de reeleição de Bolsonaro.
Em entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini, Jorginho Mello falou sobre os posicionamentos de Jair Bolsonaro diante da pandemia, defendendo a narrativa de que uma parte da imprensa brasileira tem como objetivo desgastar todas as atitudes do ocupante do Palácio do Planalto.
Ainda, o senador e presidente do PL de Santa Catarina voltou a criticar o governador Moisés, disse acreditar que João Rodrigues esteja com ele em um projeto único nas eleições do ano que vem e apontou os números do Pronampe que garantiram fôlego para milhares de empresas no país. Confira:
Marcos Schettini: O Sr. tem defendido o presidente completamente. Onde ele é inocente?
Jorginho Mello: O que existe é uma tentativa desesperada de incriminá-lo, de todas as maneiras possíveis, e isso prejudica o país. Eu devolvo a pergunta: onde ele é culpado? Até agora, de tudo o que foi acusado, ninguém conseguiu provar nada.
Schettini: Ele tem sido contra tudo. Por que o presidente não toma a vacina?
Jorginho Mello: Apesar de o presidente contar com meu apoio, em especial nos esforços de recuperação econômica do país, esse é um assunto de ordem pessoal. Cada um sabe de si.
Schettini: Ele não dá exemplo algum desde o início da pandemia. Ou não?
Jorginho Mello: Exemplo é um conceito muito relativo e sensível a discursos ideológicos. Como o próprio Bolsonaro diz, “se fôssemos seguir o exemplo de outros presidentes, estaríamos fritos”.
Schettini: A motociata em Chapecó não colocou João Rodrigues no seu caminho?
Jorginho Mello: O que vejo é uma vontade de criar este ambiente de conflito, que não existe. A verdade é que, depois de tudo o que houve com o João, ninguém lhe estendeu a mão em seu projeto de voltar à Prefeitura de Chapecó. Eu fui um dos poucos. Coloquei o PL à disposição dele. Eu o aproximei do presidente Bolsonaro, consegui que ele oficializasse apoio ao João para a candidatura de prefeito. Vocês, da imprensa, se lembram disso, noticiaram as fotos e vídeos que fizemos. O João sabe o quanto ajudei. Tenho confiança de que participará da construção de um grande projeto para 2022.
Schettini: As pesquisas, todas elas, apresentam números desfavoráveis ao presidente. O Sr. acredita nesta leitura?
Jorginho Mello: Há números para todos os gostos, assim como notícias na mídia. O que temos é um bando de gente que perdeu a teta querendo derrubar o governo que pôs fim à mamata. As urnas mostrarão isso em 2022.
Schettini: O PL foi contra Moisés no impeachment. Não foi um erro?
Jorginho Mello: Erro é achar que R$ 33 milhões, tirados dos impostos dos catarinenses, podem sumir e tudo bem. Sinceramente, me espanta ver tantas pessoas que se dizem honestas fingirem que nada aconteceu. Tanto se falou em renovação, na eleição passada, mas no final era tudo mais do mesmo? O PL nunca precisou se travestir de “nova política”. Não é nisso que acreditamos: não existe nova ou velha política, existe só um tipo de política, a decente. E a nossa consciência está tranquila: fizemos as escolhas certas nesta história toda.
Schettini: Por que o Sr. se envolveu na derrubada do governador?
Jorginho Mello: Os deputados do PL agiram norteados pelo que julgaram ser o correto. Nesta história, o maior culpado é o próprio governador, que nunca mostrou empenho em apurar o responsável (ou responsáveis) por este escândalo que tanto nos envergonhou e envergonha. Mais de um ano depois, ninguém sabe, ninguém viu. Teve até secretário de Estado sugerindo que se virasse a página. E, além do mais, todos nós sabemos que o processo de impeachment tem o componente jurídico, sim, mas é muito mais político. Eu nunca torci e nem vou torcer contra Santa Catarina, independentemente de quem seja o governador. Mas é nosso dever fiscalizar e exigir transparência e bom uso do dinheiro público - seja municipal, estadual ou federal.
Schettini: O Sr. é candidato a governador e precisa que Jair Bolsonaro esteja forte. E se o presidente cair?
Jorginho Mello: Tem um caminho longo ainda pela frente até a eleição. Verdade seja dita: o Bolsonaro de hoje é o mesmo que se elegeu em 2018. Ninguém pode acusá-lo de mudança de pensamento ou de atitude. Não existe surpresa, ele não mudou. Segue defendendo aquilo que o eleitor dele acredita. Santa Catarina já deu inúmeras demonstrações de que está com Bolsonaro. Além disso, tem muita gente se deixando influenciar por notícias tendenciosas e pesquisas furadas, encomendadas com o intuito de atingir o presidente. Só não enxerga quem não quer.
Schettini: O Brasil está sem rumo?
Jorginho Mello: Isso é o que parte da mídia se esforça para emplacar. É preciso avaliar tudo com muita cautela. Estamos nos encaminhando para um país muito melhor do que aquele deixado por governos passados, em especial na economia. Tivemos grandes avanços. O nosso PIB apresenta índices de crescimento, mesmo atravessando a maior crise sanitária da história da humanidade. É como o próprio presidente Bolsonaro diz: “Duas coisas funcionaram na pandemia. Uma foi o auxílio emergencial e a outra foi o Pronampe, de autoria do Jorginho, que evitou uma quebradeira generalizada”. Isso me deixa muito orgulhoso. O Pronampe nasceu aqui, tem DNA catarinense.
Schettini: O Pronampe é uma criação sua que salvou empresas. O que o Sr. faria em SC?
Jorginho Mello: Quem conseguiu criar o maior programa da história do crédito das micro e pequenas empresas do Brasil, que só em Santa Catarina conseguiu salvar mais de 40 mil pequenos negócios, não tenha dúvidas que pode fazer muito em nível estadual. Já foram 37,5 bilhões emprestados que ajudaram a salvar cerca de 10 milhões de empregos no país, como tem reiterado o presidente Jair Bolsonaro. E esta semana, a Caixa deu start à nova fase do programa, que deve disponibilizar outros R$ 25 bilhões. Realmente, um sucesso. Sou um articulador nato, esta é uma de minhas características mais marcantes como político, e pode ter certeza de que me servirei dela para fazermos uma Santa Catarina melhor para todos.
Schettini: Qual a chapa ideal que o Sr gostaria de construir para 2022?
Jorginho Mello: Não sou eu e nem ninguém quem decide isso sozinho. Tem que combinar com o eleitor: a primeira coligação que precisa ser feita é com o povo de Santa Catarina.
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