No século passado, na gestão de John Kennedy, os norte americanos se depararam com pesquisas que apontavam que a comunidade negra daquele país, conquanto tinha acesso massivo às escolas, não chegavam à universidade.
Concluiu-se, à época, que a falta de ícones da comunidade negra em determinadas profissões servia como um gatilho de auto sabotagem, ou seja, jovens negros não se viam médicos ou advogados simplesmente porque não tinham modelo de “sua gente” nessas profissões.
Assim, instituiu-se à época nas terras do “Tio Sam” o sistema de cotas para que se incentivasse que negros chegassem a profissões e cargos até então ocupados apenas por brancos para que houvesse um incentivo nas gerações posteriores para se buscar com naturalidade essas posições sociais por assim dizer.
Portanto, o cerne da política de cotas, pelos próprios inventores dela, os norte-americanos, jamais foi combater eternamente desigualdades com desigualdades forcejadas pela política de cotas, mas apenas romper preconceitos sociais numa geração para que as vindouras pudessem se sentir confortáveis em competir de igual para igual em postos de trabalho que não buscavam se engajar anteriormente.
Até porque, eternizar percentagem mínima de acesso a universidades ou concursos por cotas pode ter o efeito deletério de estigmatizar um grupo social como inferior ao invés de corrigir assimetrias como promete.
A partir do momento em que há ícones dos mais variados grupos sociais em todas as áreas, há que se investir no ensino básico de forma universal para munir todos de ferramentas para competir em efetiva igualdade à frente nos postos mais elevados de governança e trabalho em geral.
A política de cotas no Brasil já ultrapassa uma década, pelo que é chegada a hora de começar a desenhar seu fim e verter investimentos para a primeira infância, para que todos partam de bases equivalentes para chegarem onde o talento e a dedicação individual possa levá-los, independente de raça, cor, credo, sexo ou orientação sexual.
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