Um novo método desenvolvido pelo Instituto de Química de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IQSC-USP), extrai a zeína (proteína do milho) de forma mais eficaz, permitindo que ela possa ser usada para produzir bioplásticos biodegradáveis.
Agora, a GreenB Biological Solutions, uma startup de Criciúma, está desenvolvendo uma máquina para poder colocar a tecnologia no mercado. “Depois desta fase, a zeína poderá ser produzida em escala, podendo ser usada em inúmeras aplicações”, explicou Roseli Jenoveva Neto, cofundadora e gestora de Projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) da GreenB.
De acordo com Roseli, a startup queria desenvolver alguma inovação para a produção de bioplástico que substituísse o plástico fóssil, que demora a degradar e polui o meio ambiente. “Pensávamos também em alguma fonte que fosse inesgotável, como os resíduos da agroindústria”, acrescentou.
Com base nessa ideia, a GreenB começou a buscar pesquisas que pudessem gerar uma inovação. E chegaram ao trabalho desenvolvido pelo professor do IQSC-USP, Sérgio Yoshioka. “Além de ser mais eficiente, nossa técnica é mais barata, simples e rápida que a utilizada atualmente para extrair zeína dos resíduos dos grãos de milho”, informou Yoshioka. Um pedido de patente verde já foi submetido ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) pela startup.
Por ser uma proteína, a zeína é biodegradável e compostável. “Pode até comer”, ressaltou o professor. Ela poderá ser usada em inúmeras aplicações, como, por exemplo, em copos ou hastes de cotonetes descartáveis. Também poderá ser usada como filme para revestir alimentos e evitar a contaminação pelas bactérias, aumentando o tempo de prateleira dos produtos. Inúmeras soluções estão sendo pesquisadas.
Também estudam-se aplicações para extrair a zeína do farelo de milho antes que ele seja consumido por animais, já que a proteína é difícil de ser quebrada pelas enzimas de boi e de aves.
A GreenB Biological Solutions está incubada na Colearning SATC. Lá está sendo desenvolvida e montada uma fábrica-piloto para a extração da zeína dos grãos de milho ou de seus resíduos. Posteriormente, poderá ser adaptada para que a matéria prima seja, por exemplo, resíduos da agroindústria da usina de etanol de milho ou da fábrica de amido de milho.
Para montagem da fábrica piloto, a GreenB está recebendo recursos do Programa Centelha, resultado de uma parceria entre a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação (MCTI), e a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc). “O Programa Centelha é importante para o ecossistema catarinense e para o empreendedorismo inovador. Ele dá aquele gás inicial que os empreendedores necessitam. Faz toda a diferença esse aporte, assim como a incubadora, que conta com os equipamentos de laboratório que nós não tínhamos”, avaliou Roseli.
Na primeira edição do programa foi investido R$ 1,7 milhão em 28 projetos. Para 2021, o investimento será de R$ 3,3 milhões, para a abertura de negócios inovadores em todas as regiões de Santa Catarina. “Aproximar empreendedores e pesquisadores com projetos inovadores, fomentando a execução e gerando conexão com a sociedade/mercado são ações importantes para o desenvolvimento de um ecossistema inovador. Estas ações estão sendo realizadas pela Fapesc dentro do Programa Centelha”, afirmou o presidente da Fundação, Fábio Zabot Holthausen.
“Quando vemos cases como o da GreenB Biological Solutions gerando inovação e aproximando-se do mercado, temos certeza de que o impulso dado pelo governo faz todo sentido. Continuaremos gerando oportunidades de fomento e apoiando os empreendedores e pesquisadores em seus projetos”, completou Holthausen.
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