Com mais de 50 anos de vida pública, Esperidião Amin é um dos políticos mais tradicionais de Santa Catarina. Por onde anda, leva consigo as bandeiras dos catarinenses, amplamente defendidas nos diversos cargos públicos que já ocupou.
Vida marcada por uma trajetória de disputas eleitorais que lhe garantiram vitórias e derrotas, o senador do Progressistas concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e se posicionou favorável ao voto auditável nas eleições, explicando que defende, desde 2015, que o voto impresso fique anexo à urna para posterior análise, se necessário.
Homem público rico em conhecimento social, Amin se alinha também ao discurso bolsonarista ao definir a CPI da Covid-19 como inoportuna, afirmando que a guerra ainda não acabou. Criticou ainda a recente prisão decretada pelo presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), observando o caso como “um gol contra que vai incomodar o Senado”.
Na entrevista, o ex-governador também fala sobre a obrigatoriedade de o Progressistas ter candidato ao Governo do Estado e classifica como “coisa que não existe” ao comentar sobre a hipótese de avalizar espaço para Moisés num projeto de reeleição. Confira:
Marcos Schettini: O Sr. olha a CPI da Covid-19 como investigação ou perseguição ao presidente?
Esperidião Amin: Vejo a CPI da Covid como algo importante na hora errada. Primeiro, não terminou a guerra. Esperamos que termine logo. E, fazer uma CPI para criar problema durante uma guerra, é realmente sabotar o esforço de guerra, até porque o que está documentado como erro, seja ele praticado pelo Estado, Governo Federal ou Munícipio, está documentado, vamos apurar isto depois da guerra. Neste momento, a CPI se caracterizou inoportuna e de grave nocividade para o Brasil, no sentido de radicalizar as divisões que nós já vínhamos enfrentando.
Schettini: Quando o senador Omar Aziz pede a prisão de investigados, estaria exagerando ou buscando respostas?
Amin: Pedir a prisão de investigado é uma coisa, pode acontecer. O caso da prisão da testemunha que já estava sob investigação e não era considerado investigado, foi uma fraude que vai custar caro. Pode representar, inclusive, uma ação de perdas e danos morais. Qualquer advogado que entende de Direito Penal pelo menos planejaria. A forma afoita como este caso ocorreu, vai incomodar o Senado e constitui um gol contra para a CPI.
Schettini: O Sr. perdeu a fé na urna eletrônica?
Amin: Eu não perdi a fé na urna eletrônica, pelo contrário, você (Schettini) perdeu a memória. Fui eu que estive ao lado do então deputado Jair Bolsonaro lutando pela auditabilidade do voto. Em 2015, fiz a orientação de voto para derrubar o veto da presidente Dilma. A minha gestão na Reforma Política para que o voto auditado, ou seja, impresso - não para o eleitor levar a segunda via - mas o papel que deve ficar anexo da urna, para que eu veja em quem votei, numa necessidade que eu possa auditar, até para evitar repetição do que aconteceu em Içara. O resultado da eleição mudou para deputado estadual. O deputado Dóia Guglielmi que votava naquele estabelecimento escolar se considerou prejudicado. E o deputado Vicente Caropreso teria sido beneficiado pela quebra de uma urna, sem que fossem apurados, porque o voto não é auditável. E eu estive ao lado de Bolsonaro quando ele apresentou a proposta na comissão de Reforma Política, presidida pelo hoje senador Marcelo Castro. Ou seja, orientamos a votação em Plenário. Deu 424 a 7. Respondendo a sua pergunta. Eu perdi a fé? Eu não. Tenho fé na urna eletrônica, mas nasci no dia de São Tomé, quero conferir, é um direito de todos conferir quando necessário.
Schettini: Nos EUA o voto é impresso e invadiram o Capitólio. O que vai acontecer no Brasil?
Amin: O que aconteceu nos Estados Unidos faz parte da cultura deles. Até os personagens que apareceram foram típicos do ‘carnaval’ deles, não do nosso ‘carnaval’. O que vai acontecer no Brasil é que a auditabilidade da urna vai ser reclamada nesta eleição, na próxima, sempre! Desde 2015 que sou a favor da auditabilidade da urna.
Schettini: Quando o presidente diz que não vai ter eleição sem voto impresso, é golpe na democracia?
Amin: A forma de desejar o voto impresso para a auditabilidade, cada um escolhe a sua.
Schettini: Carlos Moisés recebeu algum convite do Progressistas?
Amin: Eu não posso falar pelo partido.
Schettini: O Sr. avaliza a filiação dele para uma possível reeleição?
Amin: Eu tenho horror de avalizar. Meu pai sempre disse: “meu filho, não seja avalista”. Agora, avalizar uma coisa que não existe, daí é uma temeridade. Avalizar uma promissória que vou assinar, daí é excesso de doação (risos). É excesso de exposição ao risco. Você não perguntaria a sério, né Schettini, na minha frente, ao meu lado?
Schettini: O Sr. está dentro ou fora das urnas em 2022?
Amin: Sobre as urnas, o tempo dirá. Nosso partido está fazendo um belo trabalho de prospecção para criar um ânimo partidário, a equipe, o time para a disputa da eleição. O que eu defendo é que o nosso partido não tem o direito, pela história e serviços prestados, de não ter candidato. Ou seja, tem a obrigação de ter candidato a governador em 2022. Nós estamos trabalhando com antecedência nunca experimentada.
Schettini: O que o eleitor deseja das próximas eleições nos dois Poderes?
Amin: Vai querer acertar na sua escolha, porque é o voto que elege. Tomara que acerte, que nós acertemos no discurso, no comportamento e nas atitudes para o Brasil se livrar dos radicalismos.
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