O presidente do Sindicato das Escolas Particulares do Estado de Santa Catarina, Marcelo Batista de Sousa, tem tido papel importante na educação catarinense ao liderar um coletivo nas discussões sobre as mudanças nas salas de aula devido à pandemia do coronavírus.
Defensor do ensino sob todos os protocolos sanitários para que se evite a proliferação do vírus, o professor concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e falou da atual realidade da escola privada com a chegada da vacinação.
Ainda, comentou sobre o futuro da educação e ao ser questionado sobre democracia, citou o ex-senador Casildo Maldaner: “nada melhor do que um dia após o outro – com uma noite no meio”. Confira:
Marcos Schettini: Qual o cenário hoje da escola privada depois de iniciada a vacinação?
Marcelo Batista de Sousa: As sinalizações que temos hoje são positivas. A escola particular, por sua natureza, é flexível e vai ao encontro das mudanças que os novos tempos impõem e na velocidade que a sociedade exige. As questões do mundo contemporâneo são cada vez menos fragmentadas, mais multidisciplinares, e a escola particular mostra que pode acompanhar essa evolução, exatamente por que tem flexibilidade.
Schettini: O aluno deve abandonar a sala de aula para se adaptar ao ensino remoto?
Marcelo Batista de Sousa: Nenhuma metodologia, por mais inovadora que se apresente, substitui a presença do professor em sala de aula. A meu ver, a relevância do momento mexe em vários vespeiros e justifica essa preocupação com o futuro. O que posso dizer é que a escola particular, concebida no ato de educar, escolheu a sala de aula como espaço privilegiado, os professores como cúmplices de uma missão essencial, e os alunos como razão de suas ações. Não é por acaso, portanto, que as famílias desejam cada vez mais matricular seus filhos na escola particular.
Schettini: Qual é a realidade da relação entre pais, alunos e professores dentro e fora da escola?
Marcelo Batista de Sousa: Para consolidar este conceito de escola, são necessárias parcerias inteligentes e soluções compartilhadas com todos que integram a comunidade escolar. E o que vemos hoje é uma crescente participação de pais, alunos e professores garantindo os vínculos da eficiência acadêmica com as reais necessidades da comunidade onde a escola está inserida.
Schettini: Que tipo de professor e aluno pode sair, de fato, depois da pandemia?
Marcelo Batista de Sousa: Já se sabe que não basta romper com os modelos tradicionais de ensino. Há, entre todos nós, a certeza de que é preciso, sim, montar novos cenários educativos. Só desta maneira é possível garantir a formação acadêmica que os novos tempos anunciam.
Schettini: Se o Sinepe está completando 60 anos, o que pode ser comemorado?
Marcelo Batista de Sousa: Comemoramos a consolidação de um trabalho muito bem-sucedido. O momento é de júbilo porque o Sinepe/SC, além da maturidade, própria de uma irretocável trajetória de seis décadas, que é símbolo de estabilidade, tornou-se o porto seguro dos valores do segmento privado educacional catarinense.
Schettini: O Colégio Antônio Peixoto é exemplo no aprendizado em quais áreas?
Marcelo Batista de Sousa: No CAP entendemos que o conhecimento é o melhor resultado da perfeita interação dos alunos com o seu meio e em todas as áreas da ciência. Esse princípio epistemológico é seguido com rigor e se traduz numa prática pedagógica já reconhecida nacionalmente. Estamos comemorando 50 anos e temos muito orgulho dessa história. Nossa cidade é um importante polo de atração demográfica e a comprovação deste sucesso está no crescente número de matrículas de novos alunos vindos de outras regiões. Vale também acrescentar que várias famílias, ao se transferirem para outros Estados, nos relatam a facilidade de adaptação e o alto nível dos alunos que cursaram o CAP.
Schettini: Se a Educação liberta, o que está acontecendo no Brasil?
Marcelo Batista de Sousa: Há uma reforma em curso, a BNCC - Base Nacional Comum Curricular -, e eu vejo um futuro promissor. É uma questão apartidária e os Conselhos Estaduais de Educação de cada estado, responsáveis por sua implantação em parceria com os secretários de Educação, estão priorizando as mudanças. São sinais de maturidade do debate.
Schettini: Que Brasil deverá sair das urnas no ano que vem?
Marcelo Batista de Sousa: Já havia muito tempo que os brasileiros vinham fazendo insistentes pedidos por mudanças. Os votos para o ano que vem não são exatamente de congraçamento, isto porque ainda há muito a ser feito. O que se pode observar é que o país ganhou o que a maioria dos seus cidadãos pediu. Cumprir promessas demanda um trabalho consistente, possivelmente até uma revisão de valores da sociedade. O Brasil que queremos emergir das urnas é um país concentrado no que é essencial, não em questões laterais.
Schettini: A democracia está ameaçada?
Marcelo Batista de Sousa: A pergunta se justifica porque na vida dos países que priorizam a liberdade, períodos ruins são inevitáveis. Mas não chegam a incomodar, por mais barulho que gerem no curto prazo. Assim é, assim tem sido... As escolhas é que importam: para o bem ou para o mal, o futuro é construído a cada dia. E como dizia meu saudoso e irreverente amigo, o ex-governador Casildo Maldaner, um dos teus muitos entrevistados neste espaço, nada melhor do que um dia após o outro – com uma noite no meio.
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