As coisas mudaram na casa da dona Vanda. Quando comparado aos primeiros registros feitos pelo LÊ há cinco anos, os animais e o casal estão melhores. Dona Vanda Duarte de Souza, de 74 anos, e o esposo Luiz Castoldi, de 70, conviveram por décadas entre cães dividindo o mesmo espaço no bairro Guarany, em Xaxim. Com dezenas de cachorros dentro de casa e outras dezenas no quintal, um total de quase 100 animais, entre cães e gatos, o acúmulo de sujeira era preocupante. Em 2012 a situação se agravou. Dona Vanda caiu e quebrou o fêmur. De lá para cá, seu Luiz assumiu a maior parte da missão.
Com idade avançada e problemas no coração, o trabalho de seu Luiz sensibilizou os gestores públicos. Há um ano uma cuidadora, a dona Inelci Golembieski, é paga para auxiliar o casal. Também, a Prefeitura paga o aluguel de outra casa próxima à antiga para que eles tenham mais conforto e possam ser melhor atendidos pela equipe da Saúde. Na casa antiga fica armazenada a ração e também as panelas com comida para os animais mais velhos. No quintal, os cães são separados por idade e afinidade. Ainda não é o ideal, mas as condições estruturais melhoraram.
Hoje, o casal têm 60 cães e poucos gatos, que são alimentados diariamente às 15h. Pelo menos 20 quilos de ração são necessários todos os dias. “A tensão é diária. Temos, normalmente, ração para até três dias. Eles nunca ficaram um dia inteiro sem comer, pois eu ligo pra todos que conheço, bato nas portas, ou cai alguém do céu, mas tem vezes que comem menos e aí latem de fome”, explica Inelci.
Além dos poucos voluntários que ajudam com uma, duas, até três bolsas grandes de ração por mês, Os Protetores dos Animais de Xaxim (Opah) contribuem com cinco a dez bolsas de ração todos os meses, dependendo dos resultados de cada campanha. Inelci também compra uma, e o casal mais duas. Geralmente, é esse alimento que mantém os cães vivos. “Todo dia é uma surpresa, mas tendo ração para dar fica tudo certo. Até que Deus me der saúde eu vou cuidar deles”, explica seu Luiz.
Os pacotes de ração são a principal necessidade da família. “Precisamos muito de ração. Pode ser de qualquer marca. Não tem milagre por aqui. É só o bom coração daqueles que sabem ou imaginam como a fome dói”, explica a cuidadora.
Vanda, que é velha conhecida da comunidade xaxinense, faz um apelo. “Não peço por nós, peço por eles. Aqueles bichinhos já sofreram tanto com o abandono. Pode ser até com uma bolsinha pequena, um pacote de arroz. Se quiserem, nos visitem, fica perto da Previdência Social”, implora Vanda.
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