A sala de aula sempre foi uma lembrança distante, mas que nunca deixou de existir. Era um tempo difícil em que poucos tinham a chance de estudar. Os professores eram rígidos e os alunos castigados fisicamente caso desobedecessem. A tabuada ele sabe de cor até hoje e diariamente, tira um tempo para ler o jornal.
Seu Manoel Weber não conseguiu completar o quarto ano do ensino fundamental, porque, aos nove anos, perdeu a mãe e precisou parar os estudos para ajudar a família. Mas, a partir de agora, aos 81 anos, ele começa a escrever uma nova história, daquelas que inspiram qualquer um.
Entusiasmado, seu Manoel chegou cedo ao Centro de Educação de Jovens e Adultos de Xaxim (Cejaz) para o primeiro dia de aula. "Estou ansioso para saber o que vão me ensinar. Quero aprender fazer mais contas, sou bom com os números, e quem sabe a letra melhora (risos)", revelou seu Manoel ,ainda no corredor.
Ao entrar na sala de aula, o sinal da cruz é um pedido de proteção aos céus. Antes de sentar, pediu à professora autorização para usar a boina, numa tarde de inverno. Quando a aula começou, os olhos brilharam e a atenção às orientações da professora lembram um menino encantado pelo novo.
Seu Manoel deve frequentar o Cejax três vezes por semana. O aluno mais velho do Centro de Educação promete cumprir as obrigações à risca. "Serei um bom aluno, vou escutar o que a professora explicar. A gente tem uma certa idade já, mas quem disse que tem idade para aprender?", afirma.
Segundo a diretora do Cejax, Marinalva Grando, mesmo que seu Manoel saiba ler, escrever e domine contas matemáticas básicas, ele terá que refazer o processo de alfabetização. "Como faz muitos anos que ele está fora da sala de aula, terá que passar pela alfabetização, com introdução às letras, leituras, números e um pouco de história", explica Marinalva.
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