Construir a vinícola na propriedade da família na área urbana de Ponte Serrada, no oeste catarinense, conforme todas as normas exigidas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para obter o registro e manter a produção de vinhos. Esse era um dos sonhos do empreendedor Luiz Mayer (in memoriam), uma pessoa determinada, muito focada no que fazia e incentivadora para que os filhos e netos o acompanhassem na produção.
Idealizador, sempre buscava novas informações e por meio do Programa de Consultorias de Inovação e Tecnologia do Sebrae (Sebraetec) desenvolveu o projeto de viabilidade e implementou as técnicas dos programas D’Olho na Qualidade, QT Rural e gestão empresarial na vinícola em Linha Mayer, interior do município.
Para ele, produzir vinhos era uma paixão, não tinha horário para estar na cantina e dedicava-se muito pela atividade. Sua maior preocupação era manter qualidade no produto final, por isso fez vários cursos de aperfeiçoamento. Com seu carisma, Luiz conquistou mercado e fez sua marca “Vinhos Mayer” ter preferência entre os consumidores regionais.
Por ironia do destino, em junho de 2019, retornando de uma exposição de vinhos em Pinhalzinho, Luiz sofreu acidente de trânsito e veio falecer. Na época, todas as pipas estavam cheias. Rosângela Mayer (filha) e João Carlos Mayer (irmão de Luiz) assumiram a comercialização. Porém, com o fim do estoque e aproximação da nova safra alguém precisava continuar com o legado.
Os membros da família se reuniram e optaram por manter todos negócios ativos (produção de leite, suínos e vinhos). A produção de leite e suínos continuou com João Carlos, que permanece na propriedade rural. Assumiram a vinícola – distante 17 quilômetros da cidade –, o genro Volmir Zappe, a filha mais velha Rosa Maria Mayer Zappe e a filha Rosângela Mayer, para dar continuidade ao projeto iniciado em 2003, com apoio da Epagri.
Volmir relembra que todos os anos Luiz convidada com antecedência os familiares para auxiliarem na produção dos vinhos. “Venham nos ajudar, vocês precisam aprender, dizia. Muitas vezes, ele nos questionava sobre quem assumiria o negócio, mas sem obter resposta, ele ressaltava que era preciso manter a empresa”, conta o genro. O que contribuiu na decisão pela sucessão foi ter uma marca reconhecida na região pela qualidade dos produtos; a cartela de clientes formada, o mercado regional em ascensão, a vinícola tinha todos os equipamentos necessários e o projeto estava dando certo.
“Buscamos entender melhor como a vinícola era conduzida, desde o controle da produção até a chegada do produto final ao consumidor”, ressalta Volmir. Como todos os herdeiros atuam em outras atividades precisaram adequar suas agendas. “A maior mudança foi a rotina, tanto diária quanto nos fins de semana. Precisamos abdicar de lazeres para focar no trabalho da vinícola, mas é uma dedicação prazerosa, diferente da rotina do dia a dia e nos traz satisfação”, reforça. Atualmente, atuam na vinícola cinco integrantes da família e a produção dos vinhos é realizada no mês de janeiro, então, todos programam suas férias para esse período.
Para conciliar as atividades, os herdeiros decidiram concretizar mais um sonho de Luiz, a construção de uma vinícola na área urbana. “Tínhamos um espaço ocioso atrás da residência e, em vida, meu sogro, por várias vezes nos motivou a construir no local afirmando que seria ideal para uma cantina. Com a intenção de dar continuidade ao projeto optamos em construir a nova estrutura. Seu Luiz nos faz muita falta, mas continuar o sonho de ter uma vinícola com padrões de qualidade e reconhecida pelos clientes nos dá a sensação de dever cumprido”, explica o sócio-proprietário. A estrutura de 92 m² quadrados de área construída absorveu investimentos na ordem de R$ 100 mil e possibilitou ampliar a produção de 7,5 mil litros para 10,5 mil litros na safra 2021.
Atualmente os principais produtos comercializados pela marca são: vinho niágara branco seco, vinho tinto bordô seco e vinho casca dura seco. A matéria-prima utilizada é adquirida de um fornecedor de Tangará (SC), de produtores de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul. Os principais mercados compradores são: 50% bares e restaurantes do município, 30% Cooperativa dos Pequenos Empreendimentos Familiares de Ponte Serrada (Cooperfaps) e 20% consumidor final que busca direto na cantina.
Rosângela Mayer e seu tio João Carlos Mayer assumiram a comercialização, após o falecimento do Luiz (Arquivo Pessoal)
CONSULTORIAS TECNOLÓGICAS
Por vários anos, segundo o genro, Luiz buscou informações e produziu vinhos da melhor forma possível. Porém, sem acompanhamento de um profissional da área. Há cinco anos, em parceria com a Epagri e o município de Ponte Serrada, o Sebrae/SC disponibilizou acompanhamento do consultor credenciado à entidade e enólogo, Fábio Ecco, por meio do programa Sebraetec.
“Seu Luiz considerava muito o trabalho do Fábio. Podemos afirmar que o consultor e o Sebrae foram os maiores incentivadores para a sucessão do negócio. Somos muito gratos pelo apoio. Em nossa primeira produção, o Fábio não mediu esforços para nos auxiliar, chegou na vinícola no dia que recebemos a uva, nos orientou para elaboração, deu suporte técnico e emocional. Sentíamos naquele momento que não poderíamos desistir. Tínhamos certo conhecimento, mas graças ao apoio continuamos com a vinícola”, destaca Volmir ao antecipar que pretendem futuramente por meio do Sebrae buscar o registro da nova estrutura no MAPA e expandir a comercialização.
SEBRAETEC
As consultorias tecnológicas melhoram os processos, produtos e serviços, propõem inovações nas empresas e nos mercados, além de contribuírem para tornar as empresas mais competitivas no mercado e para superarem desafios internos e externos.
As consultorias disponíveis são: design, produção e qualidade, desenvolvimento tecnológico e sustentabilidade. Mais informações com o gestor regional oeste do Sebraetec, Thiago Dalla Rosa, pelo telefone (49) 3330-2803 ou pelo e-mail [email protected].
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro