Liderança com grande respaldo dentro do Governo do Estado, Altair Silva tem sido cada vez mais próximo de Carlos Moisés desde que assumiu a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural. Convicto de que o governador pode buscar a reeleição, o deputado estadual licenciado concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e falou sobre a possibilidade deste projeto ser construído com o Progressistas.
Técnico agrícola por formação, o parlamentar tem liderado inúmeras ações de apoio aos produtores rurais, com a criação de programas inéditos que buscam amparar os agricultores. Na entrevista, o secretário deu um panorama atual do agronegócio catarinense, apontando os resultados e saídas para construir caminhos que fortaleçam ainda mais o setor que é responsável por mais de 70% de todas as exportações de Santa Catarina. Confira:
Marcos Schettini: Pelo fato de o senhor ser técnico agrícola, que dimensão terias na Secretaria da Agricultura para mudar a realidade negativa?
Altair Silva: A Secretaria Estadual de Agricultura é um braço direito do Governo do Estado nas políticas públicas para a agricultura. Estar com o governador Moisés aqui, à frente da secretaria da Agricultura, é a oportunidade de implementar as políticas públicas em conjunto com a Epagri e a Cidasc, instituições que têm grande knowhow tecnológico e de conhecimentos científicos para divulgar e trabalhar os programas da Secretaria da Agricultura.
Este ano, nós estamos aportando recursos no Programa Terra Boa superando os 61 milhões de reais, investimentos em todos os programas que nós estamos apresentando, entre eles, os cereais de inverno, o programa de calcário, programa de semente de milho, programa de kit abelha, programa de kit solo saudável e também do kit forrageira. São programas que estão sendo implementados através da Secretaria da Agricultura, além das reformulações que nós fizemos em todos os programas da secretaria para que o produtor possa ter acesso aos recursos com juros subsidiados e até pelo programa Juro Zero.
Neste ano, com apoio da Bancada do Oeste na Alesc e do governador Carlos Moisés, nós conseguimos viabilizar o aporte de recursos para os próximos três anos na ordem de 300 milhões de reais, para nós investirmos no programa de preservação de água nas propriedades rurais catarinenses. Portanto, essa oportunidade de, estando na condição de deputado estadual licenciado, exercer a função de secretário de Estado da Agricultura e da Pesca, é uma oportunidade para nós incentivarmos ainda mais os nossos produtores a acreditarem a trabalharem, a investir, porque o Estado é parceiro do produtor rural.
Schettini: O agricultor foi muito beneficiado nos governos do PT. Por que agora ele tem tantas dificuldades?
Altair Silva: Nós não estamos vendo nenhuma dificuldade, até porque os programas federais continuam, nós fizemos a maior apresentação do Plano Safra da história do Brasil, inclusive aplicando mais de 13 bilhões de reais só no subsídio ao juro, para que o produtor possa contratar financiamento bancário com juros subsidiados para investir na produção, em melhores condições. Nunca se teve tanto recurso disponível para os nossos produtores, tanto em nível estadual, através da Secretaria da Agricultura com os programas existentes, como do Governo Federal. São recursos que estão disponíveis para que o produtor possa estar se modernizando, investindo na melhoria permanentemente da sua propriedade, e os resultados estão aí. Somente em 2021, o agronegócio catarinense recebeu de investimento privado em torno de R$ 5 bilhões, divididos entre a BRF, JBS, Aurora, Pamplona, Fricasa, que também estão sendo investidos na ampliação da produção e da produtividade. Então, recursos estão havendo, o produtor tem acesso e oportunidade, inclusive de juros subsidiados.
Schettini: Os preços dos alimentos estão altíssimos e a mesa do cidadão está mais pobre. Por quê?
Altair Silva: O preço dos alimentos segue uma lei de oferta e demanda mundial. Os produtos, como milho e soja, são commodities internacionais, à medida que elas aumentam, isso interfere no custo dos alimentos no mundo inteiro. Então, esse aumento no preço dos alimentos não se deu só aqui no Brasil e é reflexo da oferta e da demanda mundial. Evidentemente que nem todas as categorias tiveram esse crescimento do poder aquisitivo, isso realmente nos preocupa muito. Por exemplo, a cadeia produtiva do leite sofre com a perda do poder aquisitivo da população brasileira e tem dificuldade de vender a sua produção. Mas essa renda está muito ligada às condições da pandemia, que também afetou a relação de demanda e oferta mundial por alimentos. Felizmente, no Brasil, o agronegócio tem respondido positivamente, nós somos um estado exportador, de tudo que a gente exporta, mais de 70% é do agronegócio. O Estado de Santa Catarina é um grande produtor de alimentos para o mundo.
Schettini: A ferrovia do milho e a linha até os portos para exportação não é a saída para diminuir os custos? Por que demora tanto?
Altair Silva: A ferrovia do milho é uma luta de muitos anos que não pode parar. Ela começou com a Norte-Sul, ela vem descendo, os três Estados do Sul reivindicam esse ramal da ferrovia, ligando até o porto de Rio Grande, ou seja, tendo uma ferrovia totalmente interligada e passando pelo Grande Oeste de Santa Catarina. Nós estamos trabalhando várias alternativas para a vinda do milho em condições mais favoráveis, uma delas é a Ferrogrão, que é o investimento privado e está vindo de Maracaju (MS) até Cascavel (PR), e nós estamos em negociação para que um ramal desta ferrovia desça no mínimo até o município de Passo Fundo (RS), passando por Chapecó. É um desafio no qual estamos trabalhando porque há essa demanda de trazer o milho do Centro-Oeste em condições mais acessíveis para nossa região. Um dos caminhos é trazer milho do Paraguai, construindo parcerias através do nosso sistema de cooperativas e agroindústrias. E Santa Catarina também está investindo fortemente nos cereais de inverno para nós diminuirmos a dependência do milho, substituindo por cereais de inverno, por trigo, por triticale, que são alternativas para produzir ração também à base de outros cereais. Inclusive, sobre os cereais de inverno, o plantio este ano superou e muito a expectativa que nós estávamos estabelecendo como meta na Secretaria da Agricultura. Estamos muito otimistas que no futuro próximo Santa Catarina vai ter uma grande produção de cereais de inverno e vai reduzir esse débito de importação de milho de outros estados.
Schettini: O Sr. foi um dos deputados que se somou para salvar o governador. Quem é Carlos Moisés agora?
Altair Silva: O Carlos Moisés sempre foi um governador muito comprometido e aberto ao diálogo. Ele cumpriu a principal missão, que foi o que mais me incentivou a apoiá-lo desde o início. Foi quando assumiu o cargo e aportou na Assembleia Legislativa um projeto de origem governamental extinguindo as Secretarias Regionais que estavam espalhadas por toda Santa Catarina. A partir daquele momento, eu passei a acreditar no governador, que ele estava cumprindo a palavra de extinguir as estruturas que pesavam aos cofres públicos do Estado. Em seguida, através do secretário Paulo Eli, foram feitos vários ajustes fiscais e a Assembleia Legislativa deu total apoio. Hoje, o Estado de Santa Catarina caminha com as próprias pernas, ou seja, paga as dívidas do passado em dia e faz investimentos com recursos próprios. Por isso eu apoio o governador Moisés, que vem realizando um extraordinário trabalho em todas as áreas, nenhuma região de Santa Catarina está sendo esquecida, todas estão recebendo investimentos, e tenho certeza que é todo povo catarinense que está colhendo os frutos, é um governo enxuto, austero, que aplica bem os recursos públicos.
Schettini: Na sua opinião, ele deve ir para a reeleição?
Altair Silva: É de praxe em SC os governadores defenderem o seu legado indo à reeleição. Em nenhum momento o governador Moisés tratou desse assunto conosco, mas é natural que ele busque a sua reeleição, até pelo extraordinário trabalho que tem feito pelos catarinenses com o bom uso dos recursos públicos e não esquecendo de nenhuma região de Santa Catarina, principalmente o nosso Grande Oeste. A prova disso é que estivemos lá no Extremo-Oeste lançando obras de melhoria de rodovias, obras para os municípios, que estão recebendo recursos estaduais. Todos esses recursos que nós estamos falando são próprios, fruto do trabalho de todos os catarinenses e o governador está fazendo a sua parte.
Schettini: Quem convidou o governador a ir para o Progressistas?
Altair Silva: Esse diálogo existe há bastante tempo de forma não oficial. Em nenhum momento, o Progressistas, a executiva, procurou o governador Moisés no sentido de firmar uma possível filiação e nem o governador procurou o partido nesse sentido. Agora, existe um diálogo franco e aberto, e o governador Moisés tem feito um diálogo muito positivo com o Progressistas. Se esse avanço vier, será ao natural, não por imposição de nenhuma das partes. É evidente que todo partido gostaria de ter o governador consigo. E se o governador Moisés, pelo menos na minha ótica, não estou aqui falando pelo partido, decidir vir para o PP, da minha parte será muito bem-vindo. Mas esse é um assunto a ser tratado com toda a executiva, todo o diretório. E até o momento, essa conversa oficial, nesse sentido, posso afirmar que não houve.
Schettini: O Sr. concorda que o governo de Jair Bolsonaro é desparafusado da realidade?
Altair Silva: Eu discordo, mas entendo que ninguém agrada a todos. O importante é que o presidente Jair Bolsonaro tem feito a vacina chegar a todos os municípios brasileiros e a economia sobreviver durante esse período de pandemia. O Brasil tá aí se mostrando forte para o mundo, produzindo alimentos. O presidente Jair Bolsonaro tem sido um grande parceiro do agronegócio brasileiro, a ministra Tereza Cristina tem aportado grande recurso no Ministério da Agricultura e o Brasil tem se superado. Eu vejo o governo do presidente Jair Bolsonaro como muito positivo para o agronegócio, ele tem sido um embaixador do agronegócio para o desenvolvimento do Brasil.
“Eu sou soldado, faço política por missão, tenho prazer no que faço, tenho entusiasmo, acredito que através do nosso trabalho podemos contribuir muito com o agronegócio catarinense”, afirmou Altair Silva (Foto: Divulgação)
Schettini: Já falaram que o Sr. pode disputar a eleição para deputado federal. É isso?
Altair Silva: Esse debate existe dentro do partido, mas o meu caminho natural é a reeleição. Se o partido me convocar para uma outra missão, eu sou soldado do Progressistas e estarei à disposição para trabalhar em qualquer dos desafios, mas no momento eu trabalho com os pés no chão e estou voltado especificamente para reeleição, para continuar sendo a voz dos agricultores e dos produtores rurais na Assembleia Legislativa ou para qualquer outra missão como essa que eu estou tendo agora, de secretário de Estado da Agricultura, da Pesca e do Desenvolvimento Rural. Eu sou soldado, faço política por missão, tenho prazer no que faço, tenho entusiasmo, acredito que através do nosso trabalho podemos contribuir muito com o agronegócio catarinense. Eu fico muito feliz se tiver a oportunidade de concorrer à reeleição, se o partido me convocar para outra missão também possa avaliar e aceitar o desafio.
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