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Entrevista | Lula se fortalece por ser um político agregador e do diálogo, afirma Ideli Salvatti

Por: Marcos Schettini
02/09/2021 17:19
Juan Manuel Herrera/OAS

Forte liderança catarinense quando o Partido dos Trabalhadores governou o Brasil, Ideli Salvatti concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e deu um panorama da sua visão sobre a realidade nacional. Ex-senadora muita próxima de Dilma Rousseff, fez parte de uma espécie de linha de frente que aconselhava e acompanhava a ex-presidente da República. Nesta proximidade, passou anos morando nos EUA ao ser nomeada em importante cargo na Organização dos Estados Americanos (OEA).

Diante das ameaças de Jair Bolsonaro quando a pauta é democracia, a petista tem se posicionado firmemente contra discursos autoritários do presidente. Ela considera que Bolsonaro nunca escondeu seus flertes com ditadura, tortura e terrorismo, questões estas que são defendidas por grupos conservadores país afora.

Com o iminente enfrentamento entre Bolsonaro e Lula nas eleições de 2022, a ex-senadora Ideli Salvatti afirmou que o ex-presidente petista tem o perfil testado de um político do diálogo e agregador, o que fortalece o debate e lhe coloca com favoritismo no próximo pleito. Confira:


Marcos Schettini: A senhora vê ruptura da democracia por parte do presidente Jair Bolsonaro?

Ideli Salvatti: Ostensivamente. O Bolsonaro sempre foi um autoritário, defensor da ditadura, da tortura e terrorista, quando queria colocar bombas para pressionar por salários quando era tenente. Facilita o acesso às armas, incentiva a reação armada ao citar “fuzil ao invés do feijão”, incentiva a guerra civil dizendo que “povo armado jamais será subjugado”. Lembrando que esse “povo” que pode acessar às armas são as milícias, muito próximas à família dele, os segmentos sociais que querem conservar seus interesses, como grandes proprietários de terra, garimpo ilegal e outros. Incluindo aí também os militares, amplamente beneficiados com salários, gratificações, cargos - milhares - incluindo toda a cúpula da “energia mais cara” (Petrobras, Ministério de Minas e Energia, ANP…). Bom exemplo também é a bandalheira do Centrão com os militares agindo no Ministério da Saúde, veja-se vacina com propina.


Schettini: Por que a Sra. vê esta possibilidade?

Ideli Salvatti: Só não vê quem não quer. Ele nunca escondeu isso, age nessa direção e fala disso um dia sim outro também. Como a sua fala vai ao encontro de grupos de interesse e a segmentos conservadores que sempre existiram e que têm conseguido vitórias no Congresso e nas “boiadas que vão passando”, ele se mantém e segue ameaçando a democracia.


Schettini: Qual foi o momento em que o Brasil mergulhou no extremismo de direita ou esquerda?

Ideli Salvatti: O extremismo de direita começou a se consolidar com o golpe de 2016, que arrancou do poder uma presidenta eleita democraticamente, honesta, para colocar o traidor do Temer junto com o PSDB, que por quatro vezes seguidas perderam as eleições, não esquecendo que o golpe foi “com Supremo, com tudo”. O extremismo de direita se consolidou com o apoio dos EUA, cada vez mais comprovado, e a parceria com a Lava Jato, para promover o desmonte da Petrobras, se apropriar da riqueza do pré-sal e de exterminar grandes empresas brasileiras. A cada vez mais fica comprovado que a “Máfia Jato” foi responsável também por boa parte dos ataques ao PT, na parceria com a mídia corporativa, pelos processos ilegais contra o presidente Lula, agora já anulados pelo STF, 17 já cancelados, arquivados pela Justiça. Foi a Máfia Jato a principal responsável pela prisão absurda e ilegal do presidente Lula e pela interdição da sua candidatura em 2018. Foi esse encadeamento de ações que gerou e pariu a candidatura e a vitória do Bolsonaro em 2018 e nos coloca hoje nessa ameaça real à democracia. Só chegamos a isso porque Bolsonaro teve e tem muitos cúmplices, interesses e parceiros.

Schettini: O PT não é o grande culpado de todo este descontrole emocional e político que atravessa o país?

Ideli Salvatti: É só o que falta, né, culpar o PT?! O PT, a Dilma e o Lula foram vítimas. Isso parece aquele discurso “também com essa roupa, ela estava pedindo para ser estuprada!”, “da forma como ela se comportava, eu precisava lavar minha honra”. Essa coisa da vítima ser a culpada, nem pensar.


Schettini: Onde seu partido errou?

Ideli Salvatti: O PT é composto por homens e mulheres, portanto cometemos erros, como todos. Assumimos quando erramos. Agora não assumiremos erros dos outros, nem pensar.

Schettini: O raciocínio afirmando que se Lula da Silva ganhar a eleição ele não assume, é real?

Ideli Salvatti: Essa é a lenga-lenga dos golpistas de sempre, desde o golpe contra o Getúlio… “não pode concorrer, se concorrer não pode ganhar, se ganhar não pode assumir, se assumir não pode governar”. Essa é a cartilha golpista dos que não aceitam a democracia, a soberania popular pelo voto e que não admitem um país mais justo, com mais inclusão e justiça social. Sempre os mesmos, sempre o mesmo discurso, sempre o mesmo modo de agir.


Schettini: Lula da Silva não poderia, por exemplo, liderar uma força politica do chamado meio, para ser seu candidato ideal?

Ideli Salvatti: O Lula, cada vez mais, se consolida como o que tem condições de governar, de recuperar o desenvolvimento, protagonismo e reconhecimento internacional, de promover políticas de superação da desigualdade. E Lula se fortalece por tudo o que fez quando presidiu o Brasil, por ser um político da conversa, agregador. Os que não querem um país com oportunidades para todos, mas apenas para si e os seus interesses, com certeza, estarão em outra candidatura ou buscando promover golpes autoritários.

Schettini: Carlos Moisés quase caiu em dois impeachments e foi salvo também pelo PT. É uma coligação para 2022?

Ideli Salvatti: O PT trabalha por uma frente em SC. A frente que construímos em Florianópolis, em 2020, serve de exemplo. O Décio, presidente do PT/SC, tem se dedicado nesta construção, que precisa conjugar esforços para o palanque nacional em SC, como também, ser uma alternativa à extrema direita e à direita tradicional no Estado.


Schettini: Quem é seu candidato a governador em SC?

Ideli Salvatti: Será quem o PT, nas suas instâncias democráticas de deliberação, definir. Hoje, o nome que está posto como pré-candidato é o Décio Lima, que eu apoio.


Schettini: Sua participação política no ano que vem vai ser em qual direção?

Ideli Salvatti: Estarei, como agora, contribuindo na organização do PT, das mobilizações políticas e sociais e na participação do PT no processo eleitoral de 2022.


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