Bem cercado, corpo fechado
O mundo político é perverso por natureza. Nele, sabe-se, moram demônios. Ninguém, neste inferno, sobrevive sem beijar o rosto do pai deles. Embora a ideia de Aristóteles de que a felicidade é o final absoluto da política, para chegar a ela é preciso, cruelmente, passar pelas teses de Dante. O enxofre e ranger de dentes neste campo faz do Vietnã uma creche. Moisés sabe o que é descer à sepultura duas vezes e, sorrindo de volta, saiu de lá. É que o marido da Kesia é militar, sabe que para atravessar as etapas brutais do corredor polonês, tem que segurar o choro. Convive com tudo isso, mas ao lado de seus iguais, não interessa as posições de altura dentro do Centro Administrativo, sabe que pode contar com a lealdade de cada um deles. A única divisão que os militares fazem no governo, é de tarefas. E edificam com bravura e hierarquia. Se o governador não pode ter ao seu lado as cores das insígnias do que acredita, não há razões para estar onde se encontra. São uns acima, outros abaixo, mas todos amigos.
ENTÃO
Os Progressistas que sonhavam com a entrada de Jair Bolsonaro nas fileiras saíram, à metade, por assim entender, da camisa de força que obrigaria Esperidião Amin disputar o governo e desembarcar da gestão Carlos Moisés. Ao menos, até a desincompatibilização, estão em paz.
GRITARIA
Jorginho Mello vai fazer barulho à moda Kilauea nos festejos a Jair Bolsonaro no partido que preside em SC. O senador sabe que os ventos sopram para sua nau eleitoral e que o eleitor desta ideologia vai responder em 2022, inclusive no número da sigla. O filho do Oscar tem sorte.
SORTE
O senador do PL é uma Mega-Sena permanente. Começou em 2018 se assanhando para o Senado e, nadando entre favoritos, chegou. Ganhou altura na CPI da Covid-19 para produzir respeito na famigerada família e, agora na CPI da Chapecoense, busca ampliar sua busca pela Casa d’Agronômica.
MAIS
João Rodrigues não contava com a entrada de Bolsonaro no PL porque sabia que, embora todas as dificuldades de disputa dentro do PSD com quadros para fixar seu nome como potencial, tirar Jorginho do jogo era uma sinalização positiva. Agora o muro aumentou.
ELA
Angela Amin tem sinalizado sair da vida pública depois de viver uma indigesta eleição, goela abaixo, diga-se, em 2020 na Capital que comandou duas vezes com prêmios internacionais. Casada com Jorginho em 2022 na posição de vice, é uma saída à francesa com possibilidades.
BACANAL
Embora Jair Bolsonaro tenha dito que não vai declarar apoio à candidatura majoritária em SC, esta é a saída que o inquilino do Palácio do Planalto precisa para ampliar apoio. O que Jorginho precisa de fato, é da cara do presidente e o número para mostrar ao eleitor.
MORTOS
Aquela turma do ir-para-este-ou-aquele-partido, não interessa qual seja, colocou os deputados federais, zumbis de 2018, em uma tremenda carnificina interna. Como o espaço no PL é curto e o PTB, Patriota e Republicanos são o passado, perderam a bússola. Quem ri à beça, é Júlia Zanatta em Criciúma.
TAMBÉM
Com vice-governadora entrando no PL de Jorginho Mello, Caroline De Toni tem um pepino, pé 45, para engolir. Além dela, Jay Nicaretta no Progressistas. Tudo certo para levar a bonequinha de Mônaco para suplência ou trabalhar para o patético Zé Tessari, o aloprado de Chapecó.
REAÇÃO
O prefeito de Joinville começa a voltar seus olhos para o deputado Gilson Marques. É que Adriano da Catarinense percebeu que apoiar Bruno Souza é atirar nas próprias têmporas do futuro. Pela regra do Novo, é melhor dar força política para o atual que ser atropelado no futuro.
CORRETO
Ao dar apoio à reeleição de Gilson Marques, Adriano da Catarinense limpa o campo para seu incerto futuro político. Até porque sabe que a onda de antipolítica está passando e, em tese, Bruno Souza é um problema futuro para sua vida pública. Novo sim, mas não burro.
FORA
Adeliana Dal Pont sabe que, embora tenha apoiado Marlene Fengler em 2018 por força de Gelson Merisio, está só. Ela foi abandonada no extenso deserto que aquela eleição produziu e, com o fortalecimento de Julio Garcia junto a Orvino Coelho de Ávila, só o PDT de Moacir em São José.
SAÍDA
Se Moacir da Silva oferecer a Adeliana Dal Pont os 12.458 votos que fez para prefeito em 2020 para que ela dispute a estadual, vai cobrar o apoio em 2024. Mas ela teria que se eleger para a Assembleia e, neste caso, o mais longe de Marlene Fengler, hoje afinada com Julio Garcia de costas a Merisio.
ESCOLHAS
Adeliana sonhava com Gelson Merisio governador para, nesta lógica, tomar São José e os municípios dependentes sob controle. Como deu tudo errado, vê as portas do PSD fechando sem parar. Se o PDT é um caminho, amparada na Escola do Legislativo, é a melhor opção.
LÁ
Em Dubai, onde foi ver a Expo mais forte do mundo, Carlinhos Chiodini deixou, antes de ir, aprovado R$ 140 milhões em recursos para as rodovias federais de SC. O deputado vai fumar um narguilé em terras do principado árabe de olho no que pode trazer para SC. Quando voltar, vai agora investir na BR-282.
ESQUEÇA
Dário Berger está passeando na leitura política do Estado. Não tem pressa e, aos poucos, enchendo o tanque. Trabalha muito e tem experiência política para fazer gols, olímpicos inclusive, como ser prefeito 16 anos seguidos de duas potências. Não por acaso, como aprendeu, sabe o lance.
SIMPATIA
Se tem quem tenha tranquilidade no falar e agir, habilidade para agregar e sorriso permanente no rosto, é Dário Berger. O senador do MDB justifica-se nisso em leitura até por adversários. As prévias que vão decidir quem é o candidato ideal ao governo, vai pesar tudo, inclusive.
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