Não se sabe exatamente há quanto tempo surgiu o chocolate, mas existem registros que sementes de cacau amassadas, torradas e misturadas a cereais e especiarias já eram transformadas em bebida cerca de dois mil anos atrás, na América Central, pelas civilizações maias e astecas. Estes últimos, consideravam a bebida uma dádiva de seu deus da sabedoria e conhecimento, Quezalcoatl.
Após o descobrimento da América, sementes e receita da beberagem, de sabor amargo e picante, foram levadas à Espanha, mas o resultado não agradou aos paladares europeus da época. Com o passar do tempo, a bebida passou a receber a adição de açúcar ou mel e teve diminuída a proporção de temperos em seu preparo, e foram os monges espanhóis que gradativamente aprimoraram a receita, até que ela se tornasse bem palatável e passasse a ser consumida regularmente nos nobres salões e nos próprios mosteiros.
Porém, foi apenas em 1825 que o químico holandês Coenraad Johannes van Houten inventou uma prensa capaz de separar o licor da manteiga de cacau das sementes torradas, obtendo como resultado um pó de qualidade e a manteiga que permitiu a produção da primeira barra de chocolate. Por isso, não é de se espantar que, apesar de ter origem nos cacaueiros das Américas, os chocolates europeus tenham qualidade tão admirável até hoje.
De lá para cá, mesmo que a vida não tenha se tornado um mar de rosas nem nos permitido que sonhássemos valsas o tempo inteiro, é inegável que o planeta se tornou mais doce graças aos diamantes negros e ouros brancos que garimpamos em qualquer prateleira.
Hoje, os bombons e as barras de chocolate são presença obrigatória nas mochilas escolares. No verão, batido com leite gelado, é nutritivo refresco. No inverno, com leite bem quente, aquece o corpo e a alma. Para acompanhar um café, nada melhor do que uma moedinha de chocolate ou un petit-couer. Nas vitrines das finas boulangeries e confeitarias transformam-se em bolos, tortas, doces bombas, brigadeiros brancos e pretos, foundes, milk-shakes e sorvetes – tem até de chocolate branco com açaí, vejam só!
Para despertar ainda mais a gula da criançada, são esculpidos em forma de guarda-chuvas, carrinhos, tartaruguinhas e jacarés. Para seduzir a moça é oferecido em forma de coração. Para amolecer o coração do rapaz, é recheado com licor.
Depois de usar este espaço para abordar o problema da fome que tem assolado milhões de brasileiros, optamos por um assunto mais saboroso desta vez. Verdade que já estamos nos preparando para o Natal e, talvez, o mais adequado fosse falar de panettones e chocottones, mas preferimos fugir do lugar comum.
Assim, como já fui informado que em breve receberei de presente um singelo vasinho de pimenta vermelha, achei que voltar à combinação milenar de chocolate com pimenta seria uma boa ideia para derramar doces palavras nesta página.
Então, digo-lhes sem medo de errar que, consumido com moderação, chocolate faz bem ao coração. E quando as palavras recebidas são densas como o cacau e doces como os chocolates, também aumentam a produção de serotonina, o “hormônio da felicidade”, no nosso cérebro, que acaba por liberar mais dopamina, dando-nos uma agradável sensação de recompensa.
Enfim, chocolate é só alegria! E, a propósito: alguém pode me dizer quanto ainda falta para a Páscoa?
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