Além de celebrar uma das datas mais importantes do Cristianismo – o nascimento de Cristo – o Natal é marcado por grandes confraternizações em todo o Ocidente. As festas natalinas ocorrem nos mais diversos ambientes: clubes, indústrias, lojas de departamentos, presídios, hospitais e salões de igrejas.
Para anunciar o Natal, batem os sinos pequeninos e soam carrilhões. No Vaticano, durante a Missa do Galo – cerimônia que recebe este nome porque, de acordo com a lenda, à meia noite do dia 24 para 25 de dezembro, um galo teria cantado muito fortemente para anunciar a vinda de Jesus Cristo, o filho de Deus vivo –, cantam as 20 vozes de homens adultos e as 30 vozes “brancas”, de crianças, que formam a “Cappella Musicale Pontificia Sistina”.
Então, para celebrar esta data que divide a história da humanidade ente o Antes e o Depois, as famílias se reúnem e festejam em faustosas ceias e lautos almoços, sempre precedidos por longos aperitivos e concluídos por doces guloseimas; desde os singelos biscoitos de polvilho confeitados com açúcar, passando pelos filhós, sonhos, rabanadas, bolos-rei e panettones.
Na verdade, essas guloseimas começam a ser consumidas muito antes da data festiva, pois no início de dezembro confeitarias e supermercados já decoram suas prateleiras com esses produtos, sempre muito bem embalados em papéis brilhantes de tons vermelhos, verdes e dourados. No Sul do Brasil, os biscoitos de polvilho são os mais comuns nesta época e, além de serem produzidos em escala industrial, também são preparados com muito carinhos pelas mamães, “nonas” e “omas”.
Lembro-me, agora, de um episódio protagonizado pelo meu primo Ronaldo e por meus irmãos Paulo e Marcos, que ao serem hospedados na casa do tio Nini, lá na Itoupava, em Rio do Sul, foram alojados pela tia Tilde no mesmo quarto em que ela guardava um balaio destes docinhos que seriam distribuídos como presentes para toda a família. Resultado: na manhã seguinte o balaio estava vazio, a tia precisou acionar novamente o forno a lenha e os três revezaram-se no banheiro durante todo o dia, como penitência pela travessura.
Além de deliciosos, os doces natalinos nos seduzem por suas cores, produzidas por pincéis lambuzados de açúcares, baunilhas, claras de ovos e anilinas; e pelas divertidas formas como são cortados, resultando em estrelinhas, sinos, renas, papais-noéis, pinheiros, guirlandas e estrelas-cadentes.
O fato de ocorrer apenas uma vez ao ano, faz com que sonhemos com a data, faz com que passemos o ano todo sonhando com seus sabores, e quando olhamos em revista ou fotografia o resultado de alguma delícia que nunca provamos, nos vem a delatora “água na boca” que surge sempre que comemos apenas com os olhos.
Que venha o Natal. Que haja mesa farta para todos, sem exceção. Que saibamos partilhar toda a doçura do mundo, ofertando alimento ao desfavorecido, abrindo os braços para os abraços, os corações aos amores. E que as boas lembranças deste natal e deste ano permaneçam em nós como longevos, doces e dourados bocados de damasco e tâmaras, como as mais duradouras e coloridas frutas cristalizadas que já provamos.
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