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SUPERAÇÃO

Estudante com deficiência visual é aprovada no TCC em Chapecó

Raquel Elisa Gehm cursa pedagogia e o TCC é voltado ao estudo da desbrailização
Por: LÊ NOTÍCIAS
04/08/2017 13:36 - Atualizado em 04/08/2017 13:37
A estudante Raquel Elisa Gehm teve o TCC aprovado na UFFS (Foto: UFFS/Divulgação/LÊ) A estudante Raquel Elisa Gehm teve o TCC aprovado na UFFS (Foto: UFFS/Divulgação/LÊ)

Com o título “Alfabetização de alunos cegos: um estudo sobre pesquisas relacionadas ao processo de desbrailização”, a estudante do curso de Pedagogia do Campus Chapecó, Raquel Elisa Gehm, que também é deficiente visual, apresentou em seu trabalho de conclusão de curso (TCC) uma pesquisa sobre a desbrailização no processo de alfabetização das crianças cegas.

Segundo a estudante, a escrita braile é essencial e necessária para o processo de alfabetização dos alunos cegos. E através de dois instrumentos denominados “reglete” e “punção”, as crianças cegas e até mesmo pessoas que perdem a visão na fase adulta, aprendem a ler e escrever o sistema ou código de escrita braile.

Porém, de acordo com Raquel, nos últimos anos, tem-se verificado o grande uso de tecnologias assistivas como os computadores, programas e leitores de tela, que possuem programas como os sintetizadores de voz, além dos livros falados e em formatos especiais para pessoas cegas, parecendo que podem substituir a leitura e escrita braile, o que pode gerar graves problemas na estruturação da escrita e na ortografia dos alunos privados da visão.

Nessa perspectiva, o objetivo proposto no seu trabalho de pesquisa foi conhecer as pesquisas existentes sobre a temática da desbrailização no processo de alfabetização das crianças cegas. “A ideia surgiu a partir de várias situações vivenciadas tanto na minha profissão como professora de Soroban na Associação de Deficientes Visuais de Santa Catarina (Adevosc), onde existem casos de alunos que estão deixando de utilizar o braile para a escrita e a leitura e também através do contato que tenho com outras pessoas cegas, de vários lugares do Brasil, através da internet, que afirmam não gostar do braile e usam apenas a informática. Em todos esses casos, as pessoas que não usam o braile apresentam vários problemas, principalmente com a ortografia e a estruturação da escrita, uma vez que os leitores de tela não possibilitam o contato com a grafia das palavras.”, explicou.

A partir dessas situações, a ideia foi pesquisar o que estava sendo discutido sobre o tema nas universidades e o resultado foi apenas uma dissertação de mestrado encontrada no banco de teses e dissertações da CAPES, que abordou a desbraillização. “Para mim, essa pesquisa foi importante, pois percebi que existem pouquíssimos estudos sobre o tema, mesmo ele sendo tão relevante. Outro ponto que ficou claro com a pesquisa são as dificuldades de se produzir materiais em braile, que é um processo demorado e com custos elevados. Por isso, muitas vezes, as pessoas cegas acabam trocando o braile por outras tecnologias, por ter uma oferta maior de materiais disponíveis e por ter acesso mais rápido e fácil a eles”, pontuou.

Para a orientadora da estudante, a professora Mara Cristina Fortuna da Silva, o trabalho de pesquisa de Raquel demonstrou ser de extrema importância, por ser perceptível que na atualidade, a introdução de programas com sintetizador de voz tem “tomado conta" na educação formal das pessoas cegas e com baixa visão. “Mas isso não pode substituir o processo de aprendizagem da leitura e escrita do código braile. Imaginemos que as crianças videntes não se utilizem mais de lápis e caderno no início de sua alfabetização e somente utilizem computadores, notebooks ou tablets. Acabaríamos com um processo que é cultura, não é mesmo? Assim, discutirmos sobre o processo de desbrailização nos cursos de formação docente é imprescindível para evitarmos o afastamento da escrita braile”, afirmou.

Além disso, segundo a professora Mara, a experiência na orientação de uma acadêmica com deficiência visual a levou a refletir sobre essa temática, que abre caminhos para novas pesquisas, não somente para alunos com deficiência, mas para todos os futuros formadores. “Com certeza será uma das maiores experiências em minha trajetória profissional docente. Espero que, com a defesa do TCC de Raquel e com sua formatura, outras pessoas com deficiência se sintam estimuladas a cursar o Ensino Superior. Encontrarão, com certeza, muitos obstáculos que necessitarão serem superados, mas com paciência e respeito de todos vencerão essa etapa tão importante para a vida de qualquer pessoa: a sua formatura”, reiterou.

Já Raquel pretende que sua pesquisa possa de alguma forma, despertar o interesse de mais pessoas pelo tema da desbraillização e que sejam feitos mais estudos sobre esse tema. “Que se busquem soluções para que os alunos cegos tenham acesso aos materiais em braile ao mesmo tempo que os outros colegas, o que hoje não acontece, e que assim esses alunos não sejam prejudicados no seu processo de aprendizagem”, concluiu.


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