O Ministério Público Federal (MPF) pediu a intervenção e obteve o deferimento da 1ª Vara Federal de Chapecó para busca e apreensão de equipamentos eletrônicos (celulares e computadores) dos professores no Campus Avançado do Instituto Federal (IFC) de Abelardo Luz, realizada na quarta-feira (16), sob o argumento de interferência do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na gestão do Campus.
A operação investiga diversas irregularidades no campus envolvendo a participação de integrantes do MST e a intensa imposição de ideologia política dentro do Instituto. Os policiais cumpriram mandado, que decidiu quebrar o sigilo de mensagens e suspender da função pública três dirigentes do Campus, a reitora Sônia Regina de Souza, e os professores Ricardo Scopel Velho e Maicon Fontaine.
Os procuradores da República sustentam que há relatos “de que integrantes do MST participam até mesmo da elaboração de documentos pedagógicos, sendo que os docentes sofrem todo tipo de assédio para assinarem tais documentos, bem como perseguição ideológica quanto aos conteúdo ministrados em sala de aula.”
A ação da PF foi concluída por volta das 19h30. Os agentes da PF apresentaram uma cópia do mandado e disseram que não tinham ordens para falar sobre a operação.
PRONUNCIAMENTO EM BRASÍLIA
Em pronunciamento na Câmara dos Deputados, Pedro Uczai, falou da invasão da PF que em sua opinião tem o único propósito de “criminalizar os movimentos sociais”. O parlamentar manifestou seu apoio aos dois professores vítimas do que classificou como uma afronta à democracia num ambiente de ódio e intolerância. “Minha solidariedade ao Ricardo Velho e ao Maicon Fontanive, dois dirigentes do Campus de Abelardo Luz. Lamentavelmente essa forma de criminalizar os nossos movimentos sociais, criminalizar nossos Institutos, não é o caminho para a democracia”.
SEMINÁRIO
O Campus Avançado do IFC Abelardo Luz está localizado no Assentamento José Maria e foi articulado a partir da própria demanda por formação e qualificação profissional sugeridas pelo MST. No último dia 08 de maio a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados, após aprovação de requerimento de autoria do deputado federal Pedro Uczai, membro titular da Comissão de Educação, realizou um “Seminário para debater as práticas e experiências pedagógicas da instituição” nas dependências do Campus.
No Seminário foi relatado por alunos e professores da instituição que a escola vinha “sofrendo pressões” de algumas pessoas com interesses individuais e preconceito e que defendem a transferência do Campus do IFC do Assentamento José Maria para o perímetro urbano do município de Abelardo Luz. Atualmente está em andamento no Campus o curso de Técnico em Agropecuária, pós-graduação em Educação, pós-graduação em Educação do Campo e cursos de qualificação profissional na área da agricultura familiar, plantas medicinais e educação do campo.
“O modo de viver no campo é uma forma, o modo de viver na cidade é outro. Portanto, pode ter escola no campo e na cidade. Aqueles que defendem a transferência do Instituto para a cidade, não entendem a vida no campo, não entendem a lógica da educação do campo. Tirar a sede do IFC do Assentamento José Maria é um desrespeito com a história construída. Portanto, não tem lugar melhor do que o Assentamento José Maria”, disse o deputado Pedro Uczai durante a audiência realizada em maio.
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