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TRADIÇÃO

Apito da Aurora marca oito décadas da indústria de Xaxim

Por: LÊ NOTÍCIAS
30/08/2017 09:17 - Atualizado em 30/08/2017 16:47
Altevir Cechin atualmente é o apitador oficial da unidade da Aurora de Xaxim (Foto: Vitória Schettini/LÊ) Altevir Cechin atualmente é o apitador oficial da unidade da Aurora de Xaxim (Foto: Vitória Schettini/LÊ)


Por Vitória Schettini

Assim como as badaladas da Igreja Matriz São Luiz Gonzaga anunciam a missa, o som do apito da Aurora anuncia, desde a década de 1930, o horário de entrada funcionários na unidade. Durante todos os dias, já é de costume os xaxinenses escutarem o barulho característico do apito, oriundo do Centro da cidade, que soa às 7h, 12h e às 18h, que vem do frigorífico pertencente à Massa Falida da Chapecó Alimentos, hoje arrendada pela Aurora Alimentos.

O LÊ NOTÍCIAS conversou com os ex-funcionários da Chapecó Companhia Industrial de Alimentos, Valdemar Mendo e Emílio Angoleri, que trabalharam décadas na unidade e contaram um pouco sobre a história do apito, que se transformou em uma tradição no município.

Seu Valdemar Mendo, de 71 anos, atuou na empresa entre 1962 a 1997 e relata que trabalhou na área da sala de máquinas no tempo em que ainda havia o abate de suínos e, já que havia menos máquinas, era necessário apitar de madrugada, às 4h45. “Eu dava três apitadas bem longas, tanto que o pessoal acabou reclamando e o diretor da unidade pediu para eu diminuir, que não era para segurar muito. Quando o abate de frango foi iniciado, eu saí da área do apito porque havia muitas máquinas, mas continuei apitando na madrugada”, salientou.

Ele permaneceu por quatro anos e meio apitando às 4h45 da manhã, despertando o foguista e os outros funcionários do frigorífico, que iniciavam o expediente às 7h da manhã. Mais tarde, ele passou à sala de máquinas e o apito saiu de suas mãos. “O pessoal sempre disse que o apito era de um navio ou de um trem, mas até hoje não sei direito qual a origem dele, eu só tenho certeza que o som é lindo”, explicou.

Emílio Angoleri, de 83 anos, também foi funcionário da Chapecó Alimentos por 41 anos e veio de Chapecó a fim de cuidar da manutenção do apito. “Após a compra do frigorífico por Plínio Arlindo De Nês, houve uma grande reforma na unidade e o apito foi reformulado. Eu vim trabalhar em Xaxim para cuidar da parte de refrigeração, na mecânica e na caldeira. Toquei o apito centena de vezes e para mim é uma lembrança boa, pois é uma recordação linda daquela época”, contou Emílio.

Segundo Juca Dal’Bello, que tem memórias dos primórdios do frigorífico em Xaxim, com a alternância de empresas que controlavam o frigorífico, a cidade por muitas vezes deixou de ouvir os apitos para sentir o silêncio da fábrica que havia parado de operar. “Um silêncio assustador porque por de trás dele havia milhares de vidas que não estavam trabalhando, produzindo, transportando, gerando riquezas e sustentando suas famílias e seus ideais. Era uma situação angustiante para a cidade, exagerando poder-se-ia usar o termo macabro”, conta. Ele, em tom de brincadeira, diz que o apitador de hoje deve ser uma pessoa feliz. “Porque este toque não é repetitivo, igual ao do turno anterior. É sempre diferente, com notas e intervalos desiguais. Quando acho que findou, passados alguns segundos, ele complementa com mais um toquezinho”, relata, com um belo sorriso no rosto.


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