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Entrevista | Paulo Eccel encaminha candidatura em Brusque e afirma que se vencer não irá administrar olhando para trás

Por: Marcos Schettini
22/07/2023 16:17
Divulgação

Nome do presidente Lula na eleição suplementar que irá ocorrer no dia 03 de setembro em Brusque, Paulo Eccel será chancelado pelo PT na convenção que será realizada neste domingo. Ao ser aclamado como candidato a prefeito, inicia sua caminhada para retornar à Prefeitura após cerca de oito anos.

A cidade de Brusque, na última década, tem tido uma grande reviravolta política, já que em 2015 Eccel foi cassado pelo TSE, mas alguns anos tudo foi anulado pelo STF e retomou seus direitos políticos. Depois, em 2020, perdeu na disputa municipal contra o agora ex-prefeito Ari Vequi, cassado no início de maio pelo TSE por abuso de poder econômico, no caso do envolvimento maciço da Havan no pleito.

Agora, motivado e afirmando estar mais experiente, o petista concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Marcos Schettini e falou dos projetos que pretende implantar na cidade, citando por exemplo a tarifa gratuita no transporte urbano. Ainda, apontou que, caso seja eleito, não irá governar olhando para trás. “Sem ódio ou divisão”, disse. Confira:


Marcos Schettini: Eleições em Brusque diz o que para o eleitor?

Paulo Eccel: A eleição direta suplementar, inédita na história do município, dá o recado de que existe limite para tudo, em qualquer situação, e que a vontade popular não pode ser substituída pela vontade do capital. Que a eleição é uma das formas da democracia se materializar e que o voto precisa expressar a vontade real de cada eleitor.


Schettini: O que aconteceu em Brusque?

Paulo Eccel: O Tribunal Superior Eleitoral cassou o mandato do prefeito eleito em 2020 e o de seu vice. Além disso, tornou-os inelegíveis por 8 anos, juntamente com o empresário Luciano Hang, da Havan. O empresário, aproveitando-se da mega estrutura de sua empresa, interferiu no resultado das eleições, em proveito da chapa agora cassada, e em detrimento da chapa que ficou em segundo lugar, composta por mim e pelo Professor Deschamps (PV) de vice, em ilícito chamado de abuso de poder econômico. Importante destacar que a penalização se deu, não em função do garantido exercício da liberdade de expressão do empresário, mas do uso da estrutura da poderosa Havan em favor da chapa que à época foi eleita. E todos sabemos que as empresas são proibidas de disponibilizarem qualquer forma de ajuda nas campanhas eleitorais, pois o financiamento privado por parte de pessoas jurídicas é vedado por lei. A decisão do TSE é pedagógica.


Schettini: O Sr. é um nome que amanhã pode ser consagrado na convenção municipal. É um desafio?

Paulo Eccel: Uma campanha eleitoral sempre é desafiadora e gosto demais de desafios! Eles me animam e me revigoram. Mas esta tem uma característica especial, tanto é que as forças democráticas de todo o Brasil vão estar muito atentas a esse acontecimento local.

Schettini: Que tipo de desafio seria este?

Paulo Eccel: Ele tem elementos diversos em sua composição. Primeiro, porque Brusque é uma importante cidade, com mais de 140 mil habitantes e esta eleição, de certa forma, é como se fosse um spoiler do processo eleitoral de 2024. Segundo, que em razão do principal personagem, motivador da cassação, não ter medido esforços, em sua história recente, para destruir pontes com qualquer pessoa que pensasse diferente, certamente a expectativa dessas pessoas, que foram as destinatárias dos discursos de ódio daquele, é a de minha fala soe como se eu estivesse falando também em nome delas. E terceiro, como a preocupação do eleitor em uma disputa municipal, em regra, é com as questões do seu dia a dia, conseguir o equilíbrio, a sintonia fina entre esses três elementos, penso ser um equação não tão simples de resolutividade. Portanto, o desafio é aplicar a dose certa, nem mais e nem menos.


Schettini: O Sr. já foi prefeito. O que difere o Paulo Eccel daquela gestão para o atual?

Paulo Eccel: Em 2009, no primeiro mandato, chegava com muita garra, mas sem a experiência da gestão pública. Agora a história é outra. O Paulo Eccel de 2023 chega com um espetacular reconhecimento público dos seus mandatos anteriores de prefeito, haja vista as exitosas políticas públicas lá desenvolvidas. Ou seja, vencendo, chegarei sabendo o que e como fazer e, com o pé no acelerador. Além disso, após ter vivido intensamente esse período, que espero esteja agonizando, de criminalização da política e do discurso de ódio, estou mais maduro, sereno e com a certeza de que o foco deve ser o olhar para o futuro, sem rancor algum.

Schettini: O governo federal seria sua porta para convencer o eleitor?

Paulo Eccel: Será um elemento de muita importância, pois serei a única das candidaturas com alinhamento direto ao governo federal, o que é extremamente indispensável para as necessidades do município, que tem mais de 7.000 famílias na fila da moradia popular, 1.400 crianças esperando vagas em creche e milhares precisando de uma saúde melhor. Essa porta com o governo federal eu não precisarei abrir, para mim já está aberta. Mesmo porque tenho o privilégio e a satisfação de integrar até aqui o governo federal, como Superintendente do Ministério do Trabalho e Emprego em SC. Ou seja, além de entender de gestão municipal, também conheço a federal. Isso não é importante para Brusque? Penso que sim.


Schettini: O que o Sr. pode oferecer para o cidadão de Brusque se vencer a eleição?

Paulo Eccel: Um governo que respeitará as diferenças e buscará convergir a cidade, focando no futuro e naquilo que una as pessoas. Um governo que estará de portas abertas e estimulará a democracia participativa, através do sistema municipal de participação, composto por diversas ferramentas. Um governo para todos, que não estimule divisões, pois compreende que o povo de Brusque é de direita, de esquerda, de centro ou de identificação alguma, e que nenhum desses espectros ideológicos deve ser alijado das políticas públicas em razão de seu posicionamento político. Não chego pregando ódio ou divisão. Já fui vítima disso e sei que não leva a nada, só destrói. Não estimularei a divisão e nem administrarei olhando no retrovisor. A cidade precisa de paz e união. E terá em nossa candidatura o porta-voz dessas pautas e valores civilizatórios.

Schettini: Qual a importância desta eleição para o PT e os aliados?

Paulo Eccel: Vencendo, Brusque passará a ser a maior cidade em Santa Catarina governada pelo PT. Uma vitrine importante das forças progressistas e democráticas para as cidades da região e de todo o Estado, especialmente por se dar às vésperas do processo eleitoral de 2024. Também é a primeira eleição municipal, depois da mudança presidencial no Brasil. Tenho certeza que os olhos atentos estarão voltados pra Brusque.


Schettini: O Sr. vai defender quais prioridades?

Paulo Eccel: Vou defender a qualidade do serviço público disponibilizado. E dou um exemplo: não adianta apenas ter unidades de saúde, se lá dentro faltam médicos e medicamentos. O serviço público precisa ser efetivo. Outra bandeira será a efetividade do transporte coletivo e o início da implantação gradativa da tarifa zero, experiência que vem sendo bem sucedida em diversos países e também no Brasil, nas cidades em que já está em funcionamento; é um problema antigo, mas que vem encontrando uma alternativa moderna de solução. Além disso, vou garantir a continuidade das obras em andamento, preferencialmente aumentando o seu ritmo e com aproveitamento das atuais equipes. Vou cuidar de Brusque com muito amor, atenção, diálogo e respeito.


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