Por Vitória Schettini
Com a chegada da agroindústria no Oeste catarinense, muitas empresas vieram para a região, gerando um surto de desenvolvimento grandioso, além de impulsionar a economia e gerar milhares de empregos. Nesse sentido, a bacia leiteira também entrou em formação, sobretudo em um local em que não se produzia leite nem para subsistência, então, com a finalidade de mudar a situação, ainda em 1976, a antiga Associação de Crédito e Assistência Rural do Estado de Santa Catarina (Acaresc) iniciou um grande trabalho de fortificação da bacia leiteira no Estado.
De acordo com os relatos do empresário e mestre queijeiro Acari Menestrina, o Oeste catarinense não tinha estradas, televisão ou qualquer sinal de qualidade de vida e, por esse fato, os moradores iam embora para outras regiões mais desenvolvidas. “A região Oeste tinha o menor IDH de Santa Catarina e quando lancei um grande desafio dizendo que eu formaria no grande Oeste uma bacia leiteira referência para o Brasil, na época, me chamaram de maluco”, conta.
Atualmente, a bacia leiteira catarinense se destaca por ser a que mais cresce no Brasil, já que produz mais que o Uruguai, cerca de 10 milhões de litros de leite por dia. Sendo o 4º produtor de leite em nível nacional, cerca de 80 mil famílias são produtoras, sendo que no Extremo-Oeste, 90% das famílias rurais usam o leite como principal atividade e no Oeste e Meio Oeste, 80% das famílias.
O trabalho é em regime familiar e a grande diferença é que o leite se produz à base de pasto, ao contrário dos suínos e aves, os quais dependem de proteínas nobres como milho e soja. Para produzir o leite o custo é menor, então o produtor só vende o leite, permanecendo com a vaca e ganhando dinheiro duas vezes por dia, porque são duas ordenhas. “Recordo-me que em 1976, trouxemos as primeiras vacas de raça Holandesa e Jersey, a primeira pastagem, o primeiro aparelho de cerca elétrica e realizamos mais de mil reuniões no Oeste”, relata Acari.
A produção de leite, juntamente com a indústria, é o setor de maior geração de emprego do Oeste, gerando riquezas, qualidade de vida e evitando êxodo rural. No Oeste, encontra-se a melhor e maior fábrica de queijos duros da América Latina, a Gran Mestri, com equipamentos, ingredientes e mestres queijeiros oriundos da Itália, com capacidade de estocagem de 1.300.000 kg, criando produtos de alta qualidade, produtos saudáveis, com segurança alimentar, substituindo os importados, além de ser a indústria de lácteos referência para o Brasil.
GRAN MESTRI
A empresa é a maior fábrica de queijos duros da América Latina, com capacidade de estocagem de um milhão e trezentos mil quilos. Com 150 colaboradores, produz, além do queijo mais nobre do mundo, iguarias que mantém a tradição italiana presente em Santa Catarina, no Brasil e exterior.
A Gran Mestri foi criada em 1989 pelo empresário Acari Menestrina, onde atua na cidade de Guaraciaba, no Extremo-Oeste catarinense. Na unidade, se produz diversos tipos de queijo, queijo parmesão, manteigas, requeijão, o queijo Grana Padano, parmesão ralado, montanhês e dois queijos feitos com leite de ovelha, o pecorino sardo e o pecorino romano. A produção de queijos diferenciada inicia no campo, onde as vacas não ficam confinadas e sim criadas em liberdade, onde pastam o dia todo. Logo após, a higiene da ordenha é de excelência, já que é feita com extremo cuidado para que o leite seja transportado à fábrica. A Gran Mestri recebe leite de 350 produtores da região, em sua maioria, pequenos produtores.
Um dos diferenciais do laticínio é o Grana Padano, conhecido por ser tradicional na Itália, sendo que o termo grana remete aos grânulos brancos formados em cima do produto e padano se refere à região da Padânia, o vale do Rio Pó, no Norte italiano. O Grana Padano é produzido a partir do momento em que o leite chega à fábrica, onde é depositado em tanques de aço e acontece a retirada do excesso de gordura, que é usado para a fabricação de manteiga. A transformação do leite em queijo ocorre em grandes tachos com o interior revestido de cobre, o qual cada tacho comporta 1000 litros de leite e é acrescentado fermento, coalho e aos poucos o leite vai ganhando forma. Na sequência, com a ajuda de uma lira, o queijo é cortado em pedaços menores e colocado em formas, onde é prensado por tampas de madeira por 24 horas.
Posteriormente, os queijos recebem um molde de inox, os quais repousam por 38 horas. Nesse processo, o queijo se torna mais amarelado e é mergulhado em uma salmoura por 26 dias. A fase final é a maturação, onde o Grana Padano matura por um ano e é escovado a cada quinze dias. O laticínio comporta cerca de 18500 queijos na sala de maturação.
UM EMPRESÁRIO MODELO
Natural de Rio dos Cedros, no Alto Vale do Itajaí, Acari Menestrina é filho de produtores rurais e descendente de italianos. Antes de empreender na produção de queijos, atuou como técnico agrícola e extensionista rural da Epagri e a mudança para o Oeste de Santa Catarina ocorreu em 1976, quando iniciou a profissionalização do campo, onde teve grande participação na formação e concretização da bacia leiteira da região Extremo-Oeste.
Sua primeira empresa, a Cedrense, deu lugar a Gran Mestri, reflexo de viagens de estudo por mais de 30 países, sobretudo a Itália, de onde trouxe as principais novidades na produção de queijos. “Buscamos ser o primeiro no que fazemos, aplicando tecnologias para garantir qualidade, produtos saudáveis e segurança alimentar. Todos os nossos produtos passam por uma série de análises até que ficam prontos para entrar no mercado”, acrescenta.
A Gran Mestri funciona com uma linha de alto valor agregado, com qualidade e referência no mercado, sendo a primeira empresa do Brasil a ter a linha zero lactose. O nicho de mercado é amplo, onde cerca de 70% das pessoas no mundo têm algum tipo de intolerância à lactose e no Brasil, esse número chega a aproximadamente 50 milhões de pessoas. “A Gran Mestri pesquisa e investe em mais esse segmento e os resultados estão sendo excelentes”, afirma Acari.
A trajetória profissional rendeu mais de 100 prêmios e menções, além da conquista de três edições do Top de Marketing ADVB/SC. “Sempre digo que aproveitei todas as oportunidades, estive no lugar certo na hora certa. O importante é treinar, treinar e treinar. Estar constantemente atualizado e em busca de inovações, fazer a diferença”, finalizou.
RECEITA ESPECIAL
RISOTO PARA OITO PESSOAS
Ingredientes:
- 400 g de Grana Padano Gran Mestri
- 1 cebola picada
- 4 tabletes de caldo de legumes
- 4 colheres de azeite de oliva
- 1 copo de vinho branco seco
- sal a gosto
- 4 colheres de sopa de manteiga
- 4 xícaras de um arroz italiano (arroz arbóreo)
Modo de preparo
- Refogue a cebola na manteiga, em seguida acrescente o azeite e arroz,
- Mexa um pouco e coloque o Queijo Grana Padano Gran Mestri
- Regue os ingredientes com caldo feito com tablete de legumes e vinho branco e depois de meia hora, está pronto para ser servido.
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