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Irmão divulga reprodução de bilhete deixado pelo reitor da UFSC

Por: LÊ NOTÍCIAS
04/10/2017 17:43

O irmão do reitor da UFSC, Júlio Cancellier, publicou nas redes sociais na tarde desta quarta-feira (4) uma reprodução do bilhete que estava junto ao corpo de Luiz Carlos Cancellier de Olivo, quando foi encontrado morto em um shopping do Centro de Florianópolis, depois de ter se jogado do último andar do estabelecimento, na segunda-feira (2).

Em letras manuscritas o bilhete diz: "A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade!!!". O bilhete estava no bolso da calça de Cancellier. O teor da mensagem já tinha sido divulgado por Júlio e também confirmado pela polícia e pelos advogados.

Procurado pela reportagem do ND Online, Júlio preferiu não comentar sobre as investigações, e afirmou que fez a foto do papel, que está anexo ao inquérito que investiga a morte do reitor.

Na mesma publicação na rede social o irmão também faz um agradecimento por conta das manifestações que ocorreram no velório e no enterro realizado na terça. “A família Cancellier agradece pelas manifestações de carinho e solidariedade. Reafirmamos que continuaremos lutando pela justiça e pelos ideais de nosso querido Cau. Muito obrigado a todos e todas!!!”.

A morte do reitor desencadeou uma onda de manifestações em torno das circunstâncias que levaram à sua prisão no dia 14 de setembro em que foi afastado dos trabalhos da universidade, na Operação Ouvidos Moucos, da Polícia Federal. Cancellier registrou em bilhete que naquele dia foi decretado o fim que escolhera.

Como uma ode, a perda do reitor na tragédia sem precedentes na história recente das operações policiais espraiou-se até o Congresso Nacional para emergir em forma de protesto não apenas contra a prisão, mas contra o modus operandi do aparato da Justiça. Magistrados, políticos e intelectuais não pouparam críticas: querem que o caso seja tomado como exemplo.

As denúncias sobre os desvios de bolsas são anteriores à gestão de Cancellier, segundo o inquérito da PF. A prisão se deu após uma série de investidas da Corregedoria-Geral da UFSC, da CGU (Corregedoria-Geral da União) e TCU (Tribunal de Contas da União) sobre o reitor ter avocado para si os processos que investigavam tais fraudes.

Em todas essas investidas, o reitor já apontava uma linha de defesa: a de que seus atos tinham amparo legal. O embate culminou no envolvimento da PF, tendo sido declarada sua prisão por “obstrução ao processo administrativo”, ao lado de outros seis indiciados.

Além do bilhete, quatro dias antes de cair do quinto andar do vão central de um shopping, Cancellier publicou artigo no qual expressou indignação com a condução da sua prisão e argumentou ter agido com responsabilidade diante das denúncias investigadas. A coleção dos fatos que culminaram com a morte resultou em manifestações de mais de uma dezena de entidades de classe, autoridades e dirigentes.


Com informações do Jornal Notícias do Dia


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