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Xaxinense compõe música em homenagem às vítimas da Chapecoense

Por: LÊ NOTÍCIAS
11/10/2017 09:56 - Atualizado em 11/10/2017 10:00
Edésio Maraschin compôs uma linda música em homenagem a Chapecoense, após a tragédia do dia 29 de novembro de 2016 (Foto: Vitória Schettini/LÊ) Edésio Maraschin compôs uma linda música em homenagem a Chapecoense, após a tragédia do dia 29 de novembro de 2016 (Foto: Vitória Schettini/LÊ)

Por Vitória Schettini

Na madrugada do dia 29 de novembro de 2016, o Brasil e o mundo receberam a fatídica notícia de que o avião que levava o time da Chapecoense até Medellín, na Colômbia, caiu próximo à cidade de Rio Negro e vitimou 71 pessoas, sendo que apenas seis sobreviveram. Assim como emocionou ao mundo todo, a tragédia sensibilizou também o xaxinense Edésio Maraschin, que com o intuito de homenagear as vítimas e as famílias, compôs uma música.

Seu Edésio conta que, naquela época, em razão de que abria o estabelecimento em que trabalha, ficou sabendo do acidente, logo cedo, através dos noticiários que mostravam a gravidade da tragédia. Comovido e com o objetivo de homenagear as vítimas e familiares, no caminho até o supermercado em que trabalha, pegou uma caneta e papel e em sete versos, foi achando as primeiras palavras que descreviam a realidade daquele momento tão triste. No entanto, ainda que começasse a escrever a música, quando ele terminou cinco estrofes, alguns amigos de Chapecó o alertaram de que na letra faltava o agradecimento ao povo de Medellín e ao Atlético Nacional.

“Eu voltei à estaca zero e eu me perguntei como conseguiria encontrar o desfecho dessa música. Na verdade, a letra conta a história e o desfecho que é a coisa mais grata que um povo de um país ou de uma cidade dá para outro. É essa vontade que eles demonstraram, de fazer as coisas e a homenagem que eles fizeram no campo de futebol”, destaca Maraschin. Com muita dedicação e tempo, seu Edésio conseguiu escrever a letra, colocando a cidade de Medellín e o Atlético Nacional como agradecimento na letra.

AMOR PELA MÚSICA

Compositor desde criança, seu Edésio ia para a escola e naquela época já fazia os primeiros rascunhos de letras musicais. “Eu sempre carregava comigo uma caneta e um pedaço de papel, porque se aparecesse ou viesse à mente algum motivo para eu parar e escrever, eu já estaria preparado. Quando eu morava em Lajeado Grande, parava, escrevia três ou quatro versos, depois chegava em casa no dia seguinte e a passava a limpo. Estou com 64 anos, sendo que 50 deles eu escrevo músicas”, explica.

Nesse tempo, de acordo com Maraschin, ele também começou a tocar e cantar, dominando violão, contrabaixo e acordeão. Nascido e criado em Lajeado Grande, ele via a música como uma forma de ajudar os pais, que trabalhavam na roça. “Eu aprendi a tocar gaita e apresentava em algum baile ou festa de aniversário quando convidavam. Cobrava dois ou três cruzados novos e se a festa era mais longe, cobrava cinco cruzeiros novos, somando a despesa da janta, do café.”

Até outubro desse ano, Edésio contou 475 músicas em seu caderno de composição. “Como tinha a gaita sempre perto e às vezes, quando estava sozinho no meio da estrada, começava a tocar com as ideias que vinham à mente”. Açougueiro de profissão há dez anos, falta pouco para ele se aposentar e assim, poderá fazer integralmente o que sempre amou.

A longa trajetória da música também contou com a criação da Banda Querencianos do Oeste, onde tocou em diversas rádios de toda a região Oeste. Além disso, uma das passagens que mais o marcou foi quando sua banda foi a São Lourenço do Oeste tocar em um baile de casamento, mas o roteiro foi interrompido porque durante a cerimônia, o pai da noiva matou o pai do noivo. Dessa maneira, a banda foi avisada do ocorrido e tiveram que parar. Na volta, quando pararam para abastecer em Novo Horizonte, eles tiveram a sorte de saber que os Irmãos Bertussi, dupla muito querida por Edésio, estava na cidade.

“Eu me lembro que perguntei aos meus colegas de bandas se eles retornariam a Xaxim ou não, porque eu afirmei que ficaria lá. Não perderia nunca a oportunidade de ficar próximo dos meus cantores favoritos. Não deu outra, eles permaneceram comigo e eu tive a honra de tocar duas músicas com os Irmãos Bertussi, O Cancioneiro das Cochilhas e Na Casa do Vacariano”, relata, emocionado.

Outra passagem que marcou seu Edésio foi, que conversando com um homem no balcão de carnes, o cliente lhe contou que estava indo para Joaçaba, quando descobriu que a namorada dele tinha outro namorado. Como inspiração, o compositor transformou a história na música “A Fazendeira da Instância”, onde relata que a filha do fazendeiro foi vista pelo homem em um baile, em seguida logo começaram a conversar. A história relata que eles se contaram quanto tinham em cabeças de gado e a moça ressaltou a ele que o pai não gostava de vê-la solteira. Como o acompanhante da moça também estava solteiro, eles foram ao cartório e saíram de lá casados. No final, juntaram os capitais, misturaram o gado e viveram felizes na casa do pai da moça.

De acordo com Maraschin, o dom de cantar e tocar vem de família. “Os meus 10 irmãos tocam. Temos alguns primos próximos que gostariam de tocar, mas não têm vocação. Eu vivi em Lajeado Grande até os vinte e poucos anos e nunca parei com o canto e os instrumentos, tanto que ensinei meus dois filhos a tocar”, finaliza.


LETRA - Heróis Chapecoenses - Por Edésio Maraschin

29 de novembro, assim que o dia clareava

As televisões e rádios, triste notícia nos dava

Que a nossa Chapecoense, que muito nos orgulhava

Num acidente de avião, o mundo inteiro lutava


Começava as finais, Copa Sul-Americana

Saíram lá de São Paulo, da capital paulistana

A Santa Cruz de La Sierra, já em terras bolivianas

Depois até Medellín, nas alturas colombianas


Mas às vezes o destino é ingrato e traiçoeiro

Nos deixando aqui na Terra, tristeza e desespero

Foi o que aconteceu com os nossos bravos guerreiros

Cumprindo com seu dever, muitos lá longe morreram,


Morreu a Comissão Técnica, quase todos os jogadores

Nossos bravos dirigentes e muitos dos nossos diretores

Jornalistas esportivos, radialistas narradores

No total dessa tragédia, 71, meus senhores


Nossa querida Chape, como ela era chamada

Com uma grande torcida, loucamente apaixonada

Com sol, ou mesmo com chuva,

Lotava a arquibancada, vibrando com cada gol

Com uma grande jogada


Vocês são nossos heróis

Nas derrotas e vitórias, seus nomes serão lembrados

Para sempre na memória

Jamais serão esquecidos, ao longo da nossa história

Descansem na paz de Deus, no Céu, no Reino da Glória


Ao povo de Medellín, e ao Atlético Nacional

Eu quero agradecer, de maneira especial

Por tão grande homenagem, para Chape oferecida

Deixando o mundo inteiro, triste nesta despedida


O vídeo de Edésio cantando a música “Heróis Chapecoenses” foi postada no Facebook do LÊ NOTÍCIAS, sendo que a publicação, até às 10h desta quarta-feira (11) alcançou 9,5 mil visualizações, além de 200 curtidas e 314 compartilhamentos.




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