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DA PLATEIA AOS PALCOS

Ator e bailarino chapecoense, Paulo Soares se realiza em companhia de dança

Por: LÊ NOTÍCIAS
22/11/2017 14:55
Chapecoense Paulo Soares durante apresentação em São Paulo (Foto: Cristiano Prim) Chapecoense Paulo Soares durante apresentação em São Paulo (Foto: Cristiano Prim)

Ainda menino, Paulo Soares foi assistir em Chapecó, no Clube Recreativo Chapecoense, a apresentação de uma coleguinha de escola que fazia balé clássico. Ali, no alto dos seus dez anos, viveu uma experiência marcante que alcança conexões na atualidade, quando atua como ator bailarino e produtor formado no curso de bacharelado e licenciatura em teatro pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc). Hoje, aos 25 anos e morador de Florianópolis, é um dos dez integrantes da Companhia de Dança Lápis de Seda e pode ser um vivaz exemplo de como tudo dá certo quando se aliam desejo e disciplina. No atravessamento do tempo, ele lembra de si mesmo sentado na plateia do clube de sua cidade natal, vendo a pequena bailarina e do quanto achou tudo aquilo incrível. Não ignora, no entanto, outras influências neste sentido, como a de tias e professores. “Voltei para casa fazendo o passo pliê. Adorei! Sempre fui criança artista. Minha madrinha apresentou formas de produzir arte visual. Tinha um livro do Monet que eu adorava.”

No avanço da vida, de Chapecó foi a Florianópolis para estudar e nunca imaginou que nas voltas da existência estaria um dia no palco como ator e também bailarino. Integrante da Lápis de Seda, criada na Capital em 2014 sob a coordenação da coreógrafa Ana Luiza Ciscato, neste ano viajou o Brasil com o espetáculo “Convite ao Olhar”, apresentado no Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba, Porto Alegre e Florianópolis. Agora, na segunda montagem do grupo, “Será que É de Éter?” estreia nesta sexta-feira (24), às 21h, no Teatro Ademir Rosa, em Florianópolis, e no próximo dia 29, estará no Teatro Carlos Gomes, em Blumenau. A companhia conta com o incentivo do Ministério da Cultura via Lei Rouanet e o patrocínio da empresa Cateno.


Atuação diversificada

O currículo de Paulo Soares aponta outras experiências: em 2011 atuou no espetáculo “BOOoo!” dirigido pela pesquisadora francesa Amélia Bréchet, do grupo Rag-Bag. Entre 2013 e 2014 participou como bolsista do programa de extensão Formação Profissional no Teatro Catarinense, coordenado por Valmor Nini Beltrame e, depois, por Paulo Balardim. Entre 2014 e 2015 participou do grupo de pesquisa Poéticas Teatrais coordenado por José Ronaldo Faleiro. Fez a produção do projeto “Récita - Tudo Aquilo que Chama a Atenção, Atrai e Prende o Olhar”, de Barbara Biscaro.

Como ator convidado integrou o espetáculo “Tecnópolis - Sem Livro Pra Contar História, do Grupo Teatrando Por Aí!, de Florianópolis. Dirigido por Aline Maya, percorreu Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

Soares dirigiu e produziu “Última Sala”, na qual também assinou a coreografia. O trabalho também integrou, em 2015, a Mostra Universitária do Festival Isnard Azevedo de Florianópolis e o 3º Cena Emergente. Em 2016, atuou como produtor de palco para “Récita no Festival Fringe, em Curitiba. E no campo da dança contemporânea, fez parte da produção geral de “O Pior de Mim”, de Mônica Siedler, e foi assistente de produção de “Parte da Paisagem, de Karin Serafin.

Desde setembro de 2016 está na Lápis de Seda, mas sua primeira experiência como ator bailarino ocorreu em “Assemblage”, dirigido por Jussara Xavier, premiado no Festival Internacional de Teatro Universitário de Blumenau, também apresentado no Feto 2014, em Belo Horizonte (MG) e no 2º Cena Emergente, em Florianópolis.

Na plateia de “Assemblage”, a pesquisadora e coreógrafa Ana Luiza Ciscato viu nele singularidades determinantes para formular o convite para integrar a companhia que estabelece reflexões sobre dança inclusiva e adota como pedagogia uma formação mista de jovens e adultos. Na faixa etária de 20 a 50 anos, o grupo de dez bailarinos é composto por 60% considerados com deficiência intelectual e/ou motora e 40% sem deficiência. Diante do convite, surpreso Paulo Soares indaga: “Sou capaz de ser bailarino, trabalhar numa companhia de dança?”. A resposta, de pronto, foi de que sim e que a dúvida demonstrava simplesmente de que ele não conhecia o trabalho dela.

Ainda em processo, em busca da constituição de um corpo dançante, Soares tem aprendido muito mais do que esperava. Fez avanços extraordinários. Embora já tivesse uma formação corporal como aluno de Sandra Meyer, Elke Siedler e Jussara Xavier, nomes emblemáticos da dança contemporânea de Santa Catarina, em feroz disciplina ajusta a consciência corporal, lembrando sempre de algo dito por Alejandro Ahmed, coreógrafo da Cena 11 Companhia de Dança, de que todo movimento é uma dança.

Burila o corpo, a mente e a própria humanidade com os seus colegas bailarinos - Ana Flavia Piovezana, Aroldo Gaspar, Deivid Velho, Fabiana Marques, Gabriel Figueira, João Paulo Marques, Maura Marques, Ramon Noro e Roberta Oliveira. No exercício, no convívio da diferença, diz que até certo ponto pensava que devia tratar a todos de igual para igual, sem passar a mão na cabeça, sem diminuir o potencial de ninguém, sempre acreditando naquilo que cada um pode fazer. No entanto, na turnê do grupo, quando em São Paulo um dos bailarinos teve um momentâneo problema de saúde, percebeu que a autonomia tem limites e que o seu papel não se restringe ao palco, a exemplo de outros projetos artísticos. “Nem sempre dá para ser de igual para igual, tive de repensar algumas questões. Na Lápis de Seda vive-se um outro tempo, outro ritmo. Temos de encorajar e ter paciência.”

Coisas de raízes

Um sonho? Apresentar com a Lápis de Seda em Chapecó, repetir a experiência na sua Escola Básica Bom Pastor, onde esteve com a peça “Tecnópolis - Sem Livro Pra Contar História, do Teatrando Por Aí!. Maravilhoso, alucinante, lindo são adjetivos que o ator usa para descrever a emoção vivida junto aos alunos que ovacionaram, pularam, gritaram, bateram palmas. Para Soares, “Convite ao Olhar” e “Será que É de Éter?” são obras que impactam porque ajudam a revelar os preconceitos que cada um carrega dentro de si. Além do mais, assumem potência pelo fato de que a direção, o resultado formal é fruto da sensibilidade de alguém que dedica a vida inteira àquilo. “Não se trata apenas de meses de ensaio, mas do trabalho de toda uma vida.”

Convicto de que Ana Luiza Ciscato realiza um trabalho internacional, capaz de rodar o mundo, crê que a Lápis de Seda só precisa encontrar os parceiros certos para patrocinar. “O mundo cada vez mais precisa pensar a inclusão em tudo, olhar para as minorias e fazer alguma coisa por elas. É o que Ana faz! E é tão bom quando encontramos pessoas com trabalhos de toda uma vida”, diz, sentindo-se privilegiado.

Equipe técnica

Será que É de Éter? (1h)

Direção geral e coreografia: Ana Luiza Ciscato

Direção artístico musical e intérprete: Cláudia Passos

Direção musical e arranjos: Luiz Gustavo Zago

Coordenação geral: Arte Movimenta

Produção executiva: Neiva Ortega

Bailarinos: Ana Flavia Piovezana, Aroldo Gaspar, Deivid Velho, Fabiana Marques, Gabriel Figueira, João Paulo Marques, Maura Marques, Paulo Soares, Ramon Noro, Roberta Oliveira e Silvia Gevaerd (bailarina estagiária)

Banda: Luiz Gustavo Zago (piano), Iva Giracca (violino), Felipe Arthur Moritz (sax, flauta), Dudu Pimentel (violão), Leandro Fortes (violão) e Alexandre Damaria (percussão)

Iluminação/cenotécnico: Hedra Rockenbach

Figurinista: Gabriela Bosco Dutra

Sonorização: Juarez Mendonça Jr.

Fotografia e vídeo: Cristiano Prim

Projeto gráfico e criação de máscaras: Ramon Noro

Assessoria de imprensa: Néri Pedroso

Serviço Florianópolis

O quê: Será que É de Éter – Cia. Lápis de Seda e Claudia Passos

Quando: 24.11.2017, 21h

Onde: Teatro Ademir Rosa, av. Gov. Irineu Bornhausen, 5.600, bairro Agronômica, Florianópolis, tel.: (48) 3664-2555

Quanto: R$ 40 / R$ 20 (meia)

Serviço Blumenau

O quê: Será que É de Éter – Cia. Lápis de Seda e Claudia Passos

Quando: 29.11.2017, 20h

Onde: Teatro Carlos Gomes, rua 15 de Novembro, 1.181, centro, Blumenau, tel.: (47) 3144-7166

Quanto: R$ 40 / R$ 20 (meia)

Realização: Arte Movimenta

Patrocínio: Ministério da Cultura e Cateno

Apoio: Governo do Estado de Santa Catarina/Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte/Fundação Catarinense de Cultura, Associação dos Moradores do Sertão do Córrego Grande (Amosc), Garagem da Dança, Mercado Limeira, Fecoagro, Projeta Planejamento e Marketing, Prefeitura Municipal de Florianópolis

Saiba mais:

http://www.lapisdeseda.com/

www.facebook.com/Cia-Lápis-de-Seda-413477448794460/

Companhia de Dança Lápis de Seda é patrocinada pela Cateno.


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