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Ex-prefeito de Chapecó, Ledônio Migliorini morre aos 73 anos

Por: LÊ NOTÍCIAS
10/12/2017 10:06 - Atualizado em 10/12/2017 19:55
Ledônio em foto feita no dia 04 de agosto de 2017, após entrevista concedida ao LÊ NOTÍCIAS (Foto: Axe Schettini/LÊ) Ledônio em foto feita no dia 04 de agosto de 2017, após entrevista concedida ao LÊ NOTÍCIAS (Foto: Axe Schettini/LÊ)

Prefeito de Chapecó entre os anos de 1983 a 1989, Ledônio Migliorini faleceu às 0h40 deste domingo (10), no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, em decorrência de problemas de saúde. O velório ocorre desde às 7h da manhã na capela da funerária Wolff e o sepultamento está marcado para às 17h no Cemitério Ecumênico de Chapecó.

Ledônio nasceu em Faxinal dos Guedes em 27 de abril de 1944, mas residia em Chapecó. Era casado com Marialice Morandini e pai de dois filhos: Márcio e Flávio. O prefeito Luciano Buligon decretou Luto Oficial de três dias em todo o município de Chapecó em respeito ao passamento do ex-prefeito, Ledônio Faustino Migliorini.


HISTÓRIA

No dia 04 de agosto de 2017, o repórter Axe Schettini foi recebido por Ledônio Migliorini em sua residência, quando por cerca de 3h, contou sua trajetória em uma entrevista exclusiva concedida ao LÊ NOTÍCIAS:Segue na íntegra:

Prefeito eleito em 1982, Ledônio Faustino Migliorini ficou à frente de Chapecó entre 1983 e 1989. Mas a história da família Migliorini em terras do Oeste inicia ainda na década de 1930, quando seu avô, Ventura Migliorini veio de Encantado (RS) e adquiriu 180 colônias de terras entre Faxinal dos Guedes e Ipuaçu, cidades fundadas pela família, que desde daquela época tem ligações políticas muito fortes. “Meu avô foi candidato a vereador quando Xanxerê emancipou de Chapecó e Faxinal dos Guedes passou a pertencer a Xanxerê. Na primeira eleição que houve, meu avô foi candidato a vereador por Faxinal dos Guedes e foi o mais votado, consequentemente, presidiu a primeira sessão na instalação do município de Xanxerê, e que deu posse ao primeiro prefeito eleito. Meu pai Antônio e meu avô Ventura lideraram o movimento pela emancipação de Faxinal dos Guedes, com apoio de Attílio Fontana, do Celso Ramos. Meu pai foi eleito primeiro prefeito de Faxinal dos Guedes com 75% dos votação, pelo velho PSD. Ele foi eleito mais uma vez na segunda gestão na década de 1970”, contou ao LÊ NOTÍCIAS, relembrando a trajetória política da família.

Ledônio Migliorini desde jovem sempre esteve presente na política, já menino conheceu Celso Ramos e Nereu Ramos, que tornou-se presidente da República. Quando adolescente, estudou em Joaçaba e Carazinho, pois Faxinal na época só tinha o primário. No início dos anos 60, foi para Chapecó, onde iniciou trabalhando em um frigorífico. “Por sinal, na época, o Bertaso convidou meu pai para liderar a organização do frigorífico, mas como nós já trabalhávamos com madeira, cerâmica, fábrica de erva mate, compra e venda de terras, foi recusado o convite, mas o genro do meu pai, Plínio Arlindo De Nês, representou a família Migliorini”, conta, relembrando o início da agroindústria na capital do Oeste.

Ledônio contou que, ao iniciar os estudos e trabalhos em Chapecó, começou a participar da comunidade, movimento estudantil, fundando mais tarde a Câmara Júnior (JCI), em Chapecó, se tornando o primeiro presidente e devido aos destaques, foi convidado a concorrer para vereador pela primeira vez, elegendo-se como o segundo vereador mais votado do município, depois reelegendo-se e inclusive presidiu a Câmara, na década de 1970.

“Em 1982, tinha participação ativa na comunidade, estava sempre presente na Associação Comercial de Chapecó (Acic), Câmara Júnior, e em outras entidades. No esporte também sempre fui muito ativo, presidindo o esporte do frigorífico, depois fui convidado e lançaram meu nome como candidato a prefeito. O pessoal da empresa insistiu tanto que acabei concorrendo e, na época, eu fundei o Partido Popular (PP), que era o partido do Tancredo Neves. Fomos para a eleição, concorri contra quatro candidatos e acabei me elegendo. Inclusive, sozinho, eu fiz mais votos do que a soma dos quatro concorrentes. Era uma gestão de seis anos, nesse período também tive meu nome lançado como vice-governador com o apoio de todo o Estado, mas acabei reclinando para terminar o cargo que exercia, que era de prefeito de Chapecó”, relatou ao LÊ.

Segundo Ledônio, ao assumir a prefeitura, a situação estava muito difícil financeiramente e o funcionalismo público estava com atrasos. “Estávamos trabalhando, buscando recursos em Brasília e em Florianópolis, mas também tivemos uma época muito difícil de recursos com o Estado, por exemplo, não teve apoio do então governador para a Efapi, aí fomos a Brasília...”, relembra das dificuldades.

O ex-prefeito lembra que foi à capital federal buscar recursos com o então presidente José Sarney, realizando uma das maiores Efapi da época. “Convidei o presidente para estar presente, mas ele não pôde e quem representou-o foi meu saudoso amigo José Hugo Castello Branco, então ministro-chefe da Casa Civil. Liguei e convidei o governador do Paraná, José Richa; o ministro da Agricultura, Pedro Simon e o presidente do Banco do Brasil. Todos vieram. A Efapi de 87 foi histórica. Quando eu assumi, não havia o Parque de Exposições Tancredo de Almeida Neves e então revitalizamos tudo, a Avenida Fernando Machado nós tivemos que reduplicar porque era mão única, mantemos as árvores do parque e reformamos”, lembra com satisfação.

Na época, segundo Ledônio, a Efapi não tinha portão e cerca, sendo então colocado um portal e nomeado o parque como Tancredo Neves. “Também asfaltamos, porque não tinha nada, colocamos o pavilhão central, o pavilhão de leilão, pavilhão de bovinos, restaurante, rede de água, rede elétrica, iluminação. Nós refizemos tudo. As feiras aconteciam no meio do barro. Asfaltei a avenida São Pedro, passando pela faculdade, principalmente, asfaltei o acesso à faculdade, acesso à Avenida Leopoldo Sander, o prolongamento, dupliquei avenidas, asfaltei até o bairro Seminário, em todos os sentidos”, diz, sentindo-se realizado.

Em sua gestão o município recebeu uma revolução asfáltica, onde no Centro, a rua Marechal Deodoro até a avenida São Pedro, foi asfaltada. “Também a rua Porto Alegre, fizemos o calçadão, que depois da minha gestão destruíram. Depois do Calçadão, em direção ao Piazza. A rua Benjamin Constant, o aterro duas quadras depois do Calçadão e ali perto da General Osório tinha um buraco enorme, aterramos e fizemos a ligação asfáltica”, lembra

Durante seu mandato, Ledônio fez a maior compra de equipamentos rodoviários entre caminhões, máquinas, caçambas e ambulâncias. No total, foram 115 veículos, a maior compra do Estado na época. “Nós fizemos uma nova legislação, reforma tributária, a regulamentação dos táxis, das funerárias, informatizamos a prefeitura, que passou a ter todos os dados com informação direta do meu gabinete”.

Migliorini implantou em seu mandato o Governo Centralizado onde toda a máquina pública era levada as comunidades para que a Administração Municipal soubesse as reivindicações dos bairros e interior. “Baseado nisso, eu montava a equipe. Quando saíamos de lá, a população estava contente e os serviços eram prestados. No interior de Chapecó, fazíamos a mesma coisa. Em todas as obras, não importava o tamanho, eu estava presente”.

Em Chapecó, logo no início do seu mandato, houve uma das maiores enchentes da história, onde houve quedas de barreiras nas estradas e todas as pontes do interior, cerca de 150, foram levadas pelas chuvas. “Após as chuvas, levamos telefonia a todos os distritos. Construímos um Centro Administrativo em Guatambu, no Distrito Marechal Bormann, outro na sede de Figueira, um no Goio-Ên. O asfalto no trevo de Cordilheira Alta fui eu que fiz, e a saída também. Levei telefonia a várias linhas de Chapecó. Neles, havia unidade de saúde, correios e posto bancário”.

Ledônio finaliza contando que recebeu muitos prêmios pela administração que fez em Chapecó na década de 80 e que todos os chapecoenses foram lembrados na sua gestão. “Construímos o primeiro pavilhão do bairro São Pedro, além de calçamento com recursos federais, fizemos um conjunto habitacional no local, construímos uma escola com 10 salas de aula, montamos um posto policial e inauguramos a primeira creche”.


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