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RESGATE HISTÓRICO

Comunidade celebra 50 anos da morte de frei Plácido

Caminhada Penitencial relembra trajetória do missionário pelo Oeste
Por: Felipe Giachini
28/10/2016 18:58 - Atualizado em 28/10/2016 19:00
Fieis seguiram em caminhada pelo centro em direção ao Cemitério Municipal Frei Plácido Rohlf (Fotos: Janquieli Ceruti/LÊ) Fieis seguiram em caminhada pelo centro em direção ao Cemitério Municipal Frei Plácido Rohlf (Fotos: Janquieli Ceruti/LÊ)

O comprometimento às famílias, sobretudo as mais pobres, que viveram em Xaxim e região desde que começou o processo de colonização, fez com que frei Plácido Rohlf ficasse marcado na memória das comunidades em que percorreu levando ensinamentos e espiritualidade. O primeiro pároco da Igreja Matriz São Luiz Gonzaga faleceu em 1966 e, desde a sua morte, os fieis relembram com cumplicidade dos momentos vivenciados pelo missionário e as histórias que ele deixou registradas no povoado. Para celebrar os 50 anos de seu falecimento, amanhã (29), xaxinenses foram às ruas centrais agora a pouco para participarem da Caminhada Penitencial de Frei Plácido. A tradição em honra ao religioso iniciou em 2001 por um grupo de paroquianos com o objetivo de manter viva a memória e os ensinamentos do frei e, desde então, acontece todos os anos.

Ele foi um dos freis que mais permaneceu em Xaxim, principalmente pela ligação com os moradores e por gostar muito da cidade. Antes mesmo de se tornar pároco da Matriz, o contato com os habitantes era frequente, o que o aproximou ainda mais da população que povoou o município mais tarde. Até hoje há pessoas que têm certa ligação com frei Plácido, pela relação que ele teve com os pais ou avós dos xaxinenses. Membro da coordenação paroquial, dona Iraci Lopes Dalla Rosa acredita que a história dele é uma das que precisam ser sempre resgatadas. “Essa caminhada quer trazer para o presente a memória do frei para que a gente não o esqueça, afinal ele representou um marco para nossa paróquia. Ele era aquele padre amigo, simples, humilde, que zelava pela fé. Ele tinha um diferencial muito especial porque ele se integrava com todas as pessoas: ele se reunia com os caboclos e migrantes e esse relacionamento fraterno, amigo, fez com que ele fosse um padre muito querido pela comunidade. As pessoas pretendem perdurar a memória e trazer para as gerações de agora o que foi vivido no passado, o que é muito importante, pois, assim com qualquer história, se a gente deixar de contar ela morre”, salientou.

História de fé

Frei Plácido Rohlf, conhecido como o “padre velhinho das mulas” pelo carinho que tinha aos animais, é alemão, nascido em 12 de junho de 1887. Ele mudou-se para o Brasil em 1913, aos 26 anos, para estudar no Colégio Franciscano de Blumenau, em Santa Catarina. Três anos depois ingressou no noviciado em Rodeio e ordenou-se sacerdote em 1921, data que coincide com o início da colonização do Oeste catarinense pelos imigrantes vindos do Rio Grande do Sul. Desde então, dedicou-se à missão na região Sul do País, o que, no início do século passado, ser missionário era ser um verdadeiro desbravador. Eles não procuravam nem ouro nem prata, mas os pobres esquecidos no sertão.

As viagens a cavalo de Palmas (PR), onde foi pároco de 1926 a 1933, até a região Oeste de Santa Catarina duravam de três a quatro meses e neste trajeto só encontravam quatro locais com pouso, onde poderiam dormir em camas: em Xaxim, Chapecó, Marechal Bormann e Caxambu do Sul. As dificuldades do tempo, do trajeto - pois ainda não havia estradas -, não impediam frei Plácido de visitar caboclos e migrantes num oratório em que pernoitava - onde hoje está localizado o campo de futebol do bairro Guarany, em Xaxim.

O missionário foi o primeiro pároco da paróquia de Chapecó nos anos de 1931 e 1932. Esta foi criada em 1931 e atendia a região que abrange Chapecó, Xaxim, Xanxerê, Faxinal dos Guedes, Vargeão, Abelardo Luz, São Domingos, Quilombo, Coronel Freitas, Caxambu do Sul e Águas de Chapecó. Também foi ele o primeiro pároco de Xaxim, de 1941 a 1945, após lançar a ideia de construir um grande templo, a Igreja Matriz São Luiz Gonzaga, que iniciou a ser construída em 1947, quando o pároco passou a ser frei Bruno Linden. A inauguração da igreja foi em 1951. Quatro anos depois, em 1955, frei Bruno foi transferido e no ano seguinte Plácido retornou a Xaxim.

Muitas comunidades lembram sua história, da presença amiga e marcante e por ele ter tido grande influência na organização delas, como Lajeado Grande, Golfo São Roque, Vila Tigre, Pilão de Pedra, São Francisco, Marema, Navegantes e Ervalzinho. Frei Plácido também era carpinteiro, gostava da natureza e das coisas simples da vida. O religioso faleceu em 29 de outubro de 1966, em seu quarto na Casa Canônica, em Xaxim, e seu corpo está sepultado no Cemitério Municipal Frei Plácido Rohlf, que recebeu o seu nome em homenagem à dedicação que teve às famílias da região.


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