“Por mim vai-se à cidade que é dolente
Por mim se vai até à eterna dor,
Por mim se vai entre a perdida gente
Moveu a justiça o meu supremo autor:
[…] Deixai toda a esperança, vós que entrais”.
Essas palavras, traduzidas pelo português Vasco Graça Moura, foram escritas por Dante Alighieri no século XIII, na obra “A Divina Comédia”. Era uma alusão à placa colocada no trapiche de Caronte e representava um conselho àqueles que, deixando a vida mundana, chegavam ao mundo inferior. Passados mais de 700 anos, bem poderia ser um letreiro colocado nas áreas de desembarque dos principais aeroportos de nosso País como um aviso aos visitantes.
É triste perceber que, nesses pouco mais de 100 anos de República, não firmamos uma cultura de paz, prosperidade e empatia. Convivemos com notícias trágicas diariamente - e não falo em Rio de Janeiro ou naquilo que se vê na tevê…falo em nosso pequeno círculo mesmo - e, de uma forma inexplicável, passamos a aceitar com normalidade o triste desfecho de nossos dias.
Muito se fala nas possibilidades de renovação política nesse ano; muito se discute sobre o andamento da Justiça (com decisões soberanas proferidas em perfis de rede social por diplomados em diz-que-me-disse); muitos direitos dos trabalhadores e daqueles que contribuíram para o crescimento do Brasil estão em xeque. Mas de que adianta tudo isso se não há um verdadeiro enfrentamento dos sistemas político e tributário, fontes primárias de toda a desordem e do caos social?
E, antes que se antecipem em juízos equivocados, já adianto que nada contra tenho em relação ao carnaval, festa popular que consegue unir, nem que seja por uma semana, o povo brasileiro em alegria. Sinto é por não ter essa mobilização em questões de interesse coletivo que refletiriam, sim, na mudança do nosso dia a dia.
Mas não abandoneis a esperança, vós que aqui ficais.
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