Uma das heranças dos governos do petê na nacional é que todos os dias temos que lidar com ministros do Supremo Tribunal Federal medíocres no campo cognitivo. São reprodutores do senso comum reacionário e estão sendo responsáveis por um dos maiores rompimentos formais das instituições judiciais com a Constituição.
Já que é para esculhambar e jogar a imparcialidade no ralo, que pelo menos seja sem cinismo.
Indicada por Lula, Cármen Lúcia está cumprindo essa tarefa muito bem. Em uma semana, adiantou voto e campanha pela PEC 241, além de montar um gabinete com forças armadas, polícias, Ministério Público Federal e OAB para discutir segurança. Para se ter uma ideia da gravidade de uma ministra do STF encampar a liderança por segurança pública, ela foi corrigida pelo ministro da defesa, Raul Jungmann, sobre a inconstitucionalidade do exército em fazer a segurança nas ruas. Ministra do Supremo corrigida pelo Ministro da Defesa.
Do mesmo modo foi Joaquim Barbosa, que eu até já defendi, primeiro negro a ser ministro da Corte que se tornou herói da grande imprensa e agora encara o ostracismo por falar o que ela não quer ouvir. Ambos são a escolha branca não crítica da representatividade apenas pela representatividade, já que os escolhidos não têm qualquer compromisso com as minorias. A diferença é que a Carmen foi apoiada por grandes juristas, que hoje dizem abertamente como se arrependeram da escolha.
O mesmo aconteceu com o Fachin. O ministro mais recente no Supremo teve o mérito de fazer uma campanha aberta, longe das articulações veladas que montam esse pessoal, como o caso do Toffoli, cachorro do governo da Dilma, o qual, se quiser, passará, no mínimo, 32 anos como ministro, despreparado e colocado lá como um bibelô, que vai acabar como um ranço dos governos petistas. O resultado está aí, um ministro cada vez mais parecido com o Gilmar Mendes, esse, menos cínico que os demais por assumir abertamente seu partidarismo, foi contribuição de FHC para a posteridade.
Toffoli foi indicação pessoal de Lula, e no processo de destituição da Dilma, foi um dos que encabeçou entrevistas em jornais dizendo que “impeachment não é golpe, pois está previsto na Constituição”. Cínico, do campo de vista da ciência política e do direito.
Rosa Weber e Teori Zavascki não desapontaram, pelo menos cumpriram a expectativa de quem não tinha nenhuma expectativa.
O que Luiz Fux está fazendo no STF? O cara fez campanha nos corredores do Congresso de que mataria o mensalão no peito e absolveria geral, até a Dilma se animou. Depois, o desgraça foi fazer lobby e pressionar para que sua filha fosse desembargadora no Rio de Janeiro com apenas 33 anos e nenhuma prática de advocacia. Conseguiu.
Ricardo Lewandowski parece um boneco de ventríloquo, sentado no colo de quem estiver no palco político e fazendo cara de coroné.
Vivemos um tempo de uma Corte apática e enfadonha, muito mais aos olhos do grande povo do que nunca foi, mas também, muito menos compromissada com a aplicação da Justiça, vítima que foi do aparelhamento dos governos anteriores, preocupados em garantir um viés jurídico pras suas chanchadas administrativas e não com a qualidade dos julgadores, então estamos assim, vivendo o nosso eterno carnaval.
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