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RESGATE HISTÓRICO

Ao ar livre, Dr. Ari Lunardi volta a atender pacientes

Desta vez, menino com câncer foi consultado na pracinha do bairro
Por: Janquieli Ceruti
08/11/2016 15:02
Escultura de Dr. Ari Lunardi foi feita por Katielly Lanzini; estátua mede 2,2 metros (Foto): Axe Schettini/LÊ Escultura de Dr. Ari Lunardi foi feita por Katielly Lanzini; estátua mede 2,2 metros (Foto): Axe Schettini/LÊ

Sentado, com as mãos no tórax e costas de um menino, o senhor de óculos de grau e jaleco avalia a saúde do pequeno paciente que, de boné e meias na altura dos joelhos, parece cooperar com o trabalho do médico. No banquinho, está o Dr. Ari Moacir Lunardi, um pouco à frente, uma criança. O local? Poderia ser um consultório médico qualquer, destes com luz e paredes brancas, mas se trata da pracinha do bairro, que leva o nome em sua homenagem. Com a reestruturação, o local, próximo ao coração de Xaxim, ganhou novo gramado, calçada, luminárias, parede e banquinhos. Ontem (07), chegou o grande charme do ponto - que deverá servir para o lazer e encontro de famílias e crianças do bairro: a estátua do médico que, mesmo 46 anos depois da partida, ainda é muito querido pelos xaxinenses mais antigos.

LEMBRANÇA FRATERNA

O médico, que atuava no Hospital São Pedro – onde hoje é a agência do Banco do Brasil, chegou a trabalhar com o farmacêutico bioquímico Darci Lopes da Silva. Aos 80 anos, o xaxinense Darci, que ainda atua na área, relembra que Ari Lunardi era um homem humilde e dedicado com o trabalho, o que fez com que ganhasse a admiração da comunidade. “Trabalhei com ele entre 1961 a 1963, cerca de dois anos e meio. Ele fazia muito por todos e por isso era muito querido. Sua morte gerou grande comoção na cidade”, destaca.

Wilson Tissiani, de 77 anos, é um dos moradores mais antigos daquele bairro. De acordo com ele, Ari Lunardi foi um médico do povo, principalmente dos pobres. “Um homem com amor à profissão”, descreve Tissiani. Ele, que é grande admirador do profissional, se emociona ao relatar um acontecimento que marcou a vida dele. “Há muitos anos, minha esposa passou por um problema de saúde e ficou oito dias no hospital. Ao sair, fui perguntar a ele quanto eu devia, porque naquela época a gente tinha de pagar as despesas. Ele me pegou pelo braço e disse: ‘Eu só quero que você reze por mim’. Foi a única coisa que ele pediu. Um pedido de amigo. Ele era uma pessoa exemplar; atendia todo mundo sem saber se as pessoas tinham dinheiro ou não”, conta.

Na entrevista, concedida ao LÊ NOTÍCIAS em outubro do ano passado, Tissiani lamentou a deterioração da praça do bairro, que ficava entre as ruas Antônio Lunardi e Independência. “Toda a comunidade conhecia o Dr. Ari, por isso todos concordam em ter uma praça para homenageá-lo e agradecê-lo pelo que fez à população xaxinense. É isso que o povo quer. Não queremos uma babilônia, queremos um cantinho para tê-lo presente conosco. Ele foi nosso parceiro, uma pessoa que sempre nos ajudou. Gostaria que houvesse um empenho da população e da Administração para dar a entender de que essa praça tem de sair. Que tenha iluminação, o busto, um portal e alguns bancos para que possamos refletir sobre a vida do Dr. Ari”.

ANTIGA PRAÇA

Na área de terra onde ficava a antiga praça – terreno que foi doado pelo então vereador Amélio Panizzi, pouco sobrou da construção inicial. “Foi instalada a iluminação, o passeio e o busto de Ari, mas por falta de manutenção ela foi sendo destruída. O busto foi arrebentado, os fios e as hastes das lâmpadas foram roubados e ninguém tomou providências. As árvores continuam, porque elas foram protegidas com fios de arame ao redor. Está aí a prova de que o pessoal queria ter a praça”, reforça Tissiani, que ainda conta que o espaço sempre foi um espaço de lazer para a comunidade do bairro. “As pessoas se reuniam para tomar chimarrão, conversar, encontrar os amigos. Além disso, o local era bastante frequentado por crianças”.

A vontade de Tissiani era de que o local fosse reestruturado e novo busto fosse adquirido pela prefeitura. “Temos uma paixão por essa praça. Queremos que ela saia logo e que seja neste local, centralizada no bairro, nem mais para baixo e nem mais para cima”. Isso não aconteceu, e a nova praça ganhou vida na esquina entre as ruas 10 de Novembro e Antônio Lunardi, a cerca de 300 metros da antiga, que não é mais frequentada pelos moradores. Mas, por outro lado, Xaxim ganhou novo espaço de encontro entre a comunidade.

NOVO LOCAL

Para a artista plástica e escultora Katielly Lanzini, que desenhou e esculpiu a estátua, “a obra do Ari Lunardi, assim como a do José Sorgatto – feita por ela e instalada no Terminal Rodoviário de Xaxim, em setembro – representa um momento ímpar na história de Xaxim. Não são todos os prefeitos que estão dispostos a encarar este grande desafio, que é fazer cultura; colocar cultura nas ruas. Com isso, eles enfrentam muita crítica, a exemplo do que aconteceu com Idacir Orso nos dias seguintes à colocação da estátua de José Sorgatto. Ele foi muito valente em sustentar a intenção de embelezar a cidade e aumentar o número de cartões postais”.

ESCULTURA

Com 2,2 metros de altura, a obra “Ari Lunardi – O pioneiro da bondade” tem caráter realista. Ao fundo, uma placa com a imagem do antigo hospital dará riqueza de detalhes à escultura e deverá ser implantada até o fim desta semana. Com armação de ferro e modelagens de resina e fibra de vidro; e cobertura de resina, fibra de vidro, cargas minerais, epoxis, além da pintura automotiva em tom prateado, a escultura já pode ser vista na praça.

Conforme a artista, que visitou a Redação do na tarde de ontem, as esculturas de Sorgatto e Ari Lunardi foram, de fato, arrematadas por Orso. “Elas valeriam o dobro do preço, pois tenho nome, técnica e qualidade para cobrar bem. Fiz esta última por cerca de R$ 22 mil, ou seja, a metade do preço, porque Xaxim é um coração a mais para quem mora em Chapecó. É como se fosse a cidade da gente também. Tenho muito orgulho de estar presente em Xaxim”.

CURIOSIDADE

Katielly ressalta que as duas estátuas são expressionistas, “que fogem àquele padrão da homenagem, que é um simples busto e que não faz jus à grandeza do homenageado”, explica. Dentro da técnica, Katielly conta que se propôs a contextualizar a figura de Ari Lunardi de maneira que transmitisse a mensagem que deixou em vida. “O Ari Lunardi aparece atendendo um paciente, um menino, provavelmente com câncer; e essa luta que se trava pela vida e saúde das crianças com câncer é uma questão muito atual. Então, também fiz essa lembrança às crianças que lutam contra o câncer, porque sempre nos lembramos dos adultos e esquecemos da batalha dos pequenos na luta pelo fim desta doença histórica”.

Por falar em ação no enfrentamento às enfermidades, consta no histórico da escola do bairro a postura do médico Ari Lunardi. “A escolha do nome da escola foi para homenagear um conceituado médico de nossa cidade, que não media esforços para atender aos doentes. Uma de suas maiores virtudes era atender a todos, independentemente de condições financeiras. Ele mesmo pagava os remédios quando o doente não tinha dinheiro para comprar”.


Agradecimento:

Escola Básica Municipal Doutor Ari Moacir Lunardi

Darci Lopes da Silva


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