Por Axe Schettini e Marcos Schettini
A manhã desta terça-feira (27) foi marcada pela Operação Outorga, envolvendo cerca de 100 policiais federais, em Xaxim, Xanxerê e Abelardo Luz, local onde ocorriam os desvios, além de ações no Estado do Mato Grosso. Após a operação, os delegados da Polícia Federal de Chapecó, Sandro Bernardi e Paulo Dequi Palma, concederam entrevista coletiva à imprensa às 11h, na sede da PF na Capital do Oeste. “Imagina-se, em tese, que os valores desviados são de R$ 41 milhões, prejudicando dezenas de agricultores, que realizam financiamentos de R$ 10 mil e R$ 50 mil, lesando várias propriedades rurais, mas, no entanto, foram desviados em sua finalidade”, disse o delegado Bernardi ao jornalista Marcos Schettini, do LÊ NOTÍCIAS.
A INVESTIGAÇÃO
A investigação iniciou quando a Polícia Federal recebeu a informação de que poderia estar ocorrendo este fato na cidade de Abelardo Luz, então foi instaurado um Inquérito Policial, no final de 2016, quando o Setor de Inteligência da PF iniciou as diligências para apurar os fatos, com apoio da instituição financeira, comprovando as obtenções irregulares dos financiamentos agrícolas, com documentos falsificados, movimentando aproximadamente R$ 41 milhões.
Pelo o que foi apurado pela Polícia Federal, um empresário, principal investigado da operação, que é proprietário de várias empresas, tinha uma procuração por instrumento público de 29 pessoas, que lhe dava amplos poderes para movimentar contas correntes e obter empréstimos, em média de R$ 500 mil cada, podendo realizar também atos da vida civil de funcionários, ex-funcionários e pessoas próximas.
Então, ele produzia os documentos necessários para obtenção do financiamento agrícola, desde meados de 2012, com apoio de funcionários da instituição financeira, para inserir dados no sistema e liberar os valores, que eram encaminhados para contas da família e das empresas envolvidas no esquema.
OPERAÇÃO OUTORGA
A Justiça Federal expediu bloqueio de imóveis do empresário, de fazendas no Mato Grosso e na região Oeste, que eram adquiridas para desviar esses valores. Segundo os delegados, ainda não dá para precisar o destino final dos valores movimentados pelo grupo. “O objetivo da operação foi buscar documentos, computadores e dinheiro para tentar identificar e verificar quais são as pessoas efetivamente envolvidas, quais foram iludidas, responsáveis ou enganadas”, disseram na coletiva de imprensa.
PRESOS
A Polícia Federal prossegue a investigação para identificar todos os destinos dos valores. Nesta terça-feira (27), os agentes bancários da instituição financeira também foram alvos da Operação Outorga.
Três pessoas foram presas temporariamente, por cinco dias, e estão à disposição da Justiça Federal. Segundo os delegados, não está descartada a solicitação da prisão preventiva dos detidos, pois as provas apreendidas serão ainda analisadas. Após os trâmites legais, eles serão transferidos da Delegacia de Polícia Federal para o Presídio Regional de Chapecó.
APÓS A OPERAÇÃO
Segundo o delegado da Polícia Federal, Paulo Dequi Palma, que também participou da operação, o valor até então desviado pode ainda aumentar. “Agora, o segundo passo será analisar os documentos e computadores apreendidos, ouvir as pessoas que foram alvos de mandados, tantos os presos, quanto os de busca e apreensão, para que eles tentem esclarecer os reais envolvimentos com o caso, e a partir disso vamos investigar os financiamentos relacionados a outras pessoas, que hoje não foram alvos, mas que possuem ligação direta com o esquema”, explicou o delegado, afirmando que acredita-se que cerca de 60 pessoas estão envolvidas no esquema criminoso.
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