Em entrevista ao jornalista Marcos Schettini, o ex-presidente da Assembleia Legislativa e ex-conselheiro do Tribunal de Contas, Júlio Garcia (PSD), não cede ou recua na tese de candidatura do seu companheiro de partido e presidente da sigla, Gelson Merisio. Dizendo que não há nada pessoal, mas atacando-o permanentemente, afirma que o esforço demonstrado não será suficiente para garantir seu nome na convenção em agosto. O que ele chama de ajuntamento, não observa como coligação. Confira a entrevista completa:
Marcos Schettini: Qual o procedimento depois do encontro em Lages?
Júlio Garcia: Minha tese é a seguinte: o partido primeiro precisa construir um projeto para Santa Catarina para depois tratar de coligação. O que existe hoje não tem nenhum sentido, enquanto não tivermos um projeto para Santa Catarina.
Schettini: Como deve ser o projeto?
Garcia: Ele deve ser construído e não pode ser pré-pronto. Então precisamos conversar com todos os líderes para construir um projeto para Santa Catarina na Saúde, na Segurança, na Educação, na Infraestrutura... Isso que queremos, pois se é só para ganhar o governo, não precisa de projeto, é só juntar todo mundo.
Schettini: Então como isso deve ser construído?
Garcia: Se não há projeto, é ajuntamento. Se tiver projeto, aí é uma coligação em torno dele. Uma pessoa não pode dizer que quer ser governador do Estado e pronto, dizendo que tem dinheiro e poder e quer ser governador. Não pode ser assim. Não é nada pessoal. Se a construção da coligação for bem feita, não tem algum problema.
Schettini: Onde que Júlio Garcia soma para produzir esta construção?
Garcia: Neste ajuntamento eu não estou. Se tiver um projeto, estarei em torno do projeto, pois me disponho a participar e ajudar a construir. Mas primeiro precisamos dizer à sociedade o que queremos, e o porquê queremos disputar e ganhar o Governo do Estado.
Schettini: O senhor não tem demonstrado algo pessoal contra o deputado Merisio, não reconhecendo o que ele tem feito?
Garcia: Pessoal, de jeito algum. Nós temos uma relação pessoal respeitosa. Eu não concordo com a forma de como ele faz política e não concordo com a forma de como ele está querendo ser candidato a governador. Então, acho que ele não será candidato ao Governo.
Schettini: Baseado em que o senhor acredita que Merisio não tem um projeto para Santa Catarina?
Garcia: Eu nunca disse que ele não está fazendo nada. Eu estou dizendo, e insisto, que ele está fazendo errado. Não basta fazer um monte de coisa, você precisa fazer as coisas certas. É isso. Se você perguntar para mim “Gelson Merisio está trabalhando?”, vou responder que ele está trabalhando, e bastante. Acho que ele está trabalhando mais do que precisava se estivesse fazendo as coisas da forma correta.
Schettini: Em que momento Merisio e Garcia terão um entendimento de unidade? Ou não haverá?
Garcia: Acho que vai haver unidade. Acredito que o partido vai chegar unido na convenção, mas haverá muita mudança até o mês de julho, pois as convenções começam dia 20 de julho e até lá vai haver muita mudança. O Merisio está trabalhando bastante, fazendo sabatinas e tem uma grande estrutura, mas o que deve ser questionado é o seguinte: quantos pontos ele cresceu na pesquisa? Será que ele está no caminho certo?
Schettini: O ex-governador Colombo não vai dar a diretriz para consolidar o projeto do candidato do Oeste do Estado?
Garcia: Não sei dizer se ele vai realizar o trabalho para consolidar candidatura, pois quem precisa consolidar candidatura é o candidato, que deve buscar unidade e apoio, fazendo as coisas de forma certa. O caminho certo é ter um projeto discutido com todas as lideranças do partido e, a partir disso, levar aos possíveis aliados futuros, as propostas, receber contribuições, para depois ver quem está disposto a defender esse projeto. O que está se fazendo agora, é dar condições de campanha, discutindo coligação para eleger um deputado daqui e um deputado de lá. Isso não é um projeto para Santa Catarina e eu não vou participar disso.
Schettini: Pode haver uma intervenção no partido?
Garcia: Não, não vai haver.
Schettini: Dia 1º termina o mandato de Merisio na presidência do PSD estadual. Ele vai ser reconduzido?
Garcia: Depende. Se não for renovado o mandato, cabe ao presidente nacional do partido nomear uma comissão provisória, mas o Kassab conhece a realidade de Santa Catarina tão bem quanto eu. Se ele estiver satisfeito com o Merisio, vai nomeá-lo novamente, e eu não tenho nada contra.
Schettini: O senhor é a favor de ele assumir o partido novamente. Respaldaria isso?
Garcia: Eu não tenho nada contra.
Schettini: Quando o senhor começa a agenda do seu projeto pelo Estado?
Garcia: Não tenho ainda data prevista. Eu sou pré-candidato a deputado estadual e estou em fase de preparação de campanha.
Schettini: Qual é o nome do senhor para a Presidência da República?
Garcia: Eu vou votar no Geraldo Alckmin. O país precisa de uma pessoa que conheça como funcionam as coisas no Brasil, e não vai ser um aventureiro e nem um salvador da pátria que vai resolver os problemas da nação. Nosso sistema político é defeituoso, é um regime Presidencialista, onde integra o Parlamentarismo, então neste cenário só uma pessoa equilibrada e com experiência é que pode ajudar o Brasil a sair desta situação que nos encontramos. Meu candidato é Geraldo Alckmin.
Schettini: Como fortalecer um projeto em torno de Alckmin?
Garcia: Eu estou dando uma declaração de voto. O candidato do partido quem vai escolher são os prefeitos, vereadores, deputados estaduais, o presidente do partido... Minha opinião é que o melhor nome para o Brasil é Geraldo Alckmin.
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