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RELAÇÕES INTERNACIONAIS

Há seis anos na diplomacia, chapecoense relata cotidiano internacional

Arquivo Pessoal Direto de Roma (ITA), Fernanda Mansur Tansini, de 33 anos, concedeu entrevista ao LÊ e explanou sobre as relações internacionais de sua carreira Direto de Roma (ITA), Fernanda Mansur Tansini, de 33 anos, concedeu entrevista ao LÊ e explanou sobre as relações internacionais de sua carreira

Por Vitória Schettini

Representar os interesses de uma nação, manter e estabelecer relações internacionais são apenas algumas das funções de um diplomata, profissão da chapecoense Fernanda Mansur Tansini, de 33 anos. Nascida e criada na Capital do Oeste, ela é filha de pais gaúchos e que moram em Chapecó desde o final dos anos 1970. Em entrevista ao LÊ NOTÍCIAS, ela conta sobre a profissão que é sonhada por muitos e que exerce há seis anos, após ter se formado no Instituto Rio Branco.

De acordo com Fernanda, o interesse pela diplomacia começou ainda na faculdade, durante a gestão do chanceler Celso Amorim (2003 - 2009), quando o Brasil teve um importante progresso em relação à sua presença internacional, e isso teve grande influência na escolha da chapecoense. “A ideia de ajudar no desenvolvimento do meu país, por meio de sua inserção internacional foi o que me motivou a estudar para o concurso. Minha família me apoiou muito, mas é claro que havia receio, já que sabíamos das dificuldades inerentes a um concurso federal. Contudo, eu tive muita sorte em poder dedicar-me exclusivamente aos estudos e contar com o apoio incondicional da minha família”, revela Fernanda.

Ela relembra que, aos 17 anos, fez um intercâmbio cultural de um ano nos Estados Unidos e quando voltou, resolveu prestar vestibular para o curso de Relações Internacionais, no Centro Universitário Unicuritiba. Já formada, mudou-se para o Rio de Janeiro em 2007, onde frequentou um curso preparatório para o Concurso de Admissão à Carreira de Diplomata (CACD). Em 2010, a diplomata passou no tão sonhado concurso e ingressou na carreira.

ALMEJADA APROVAÇÃO

Fernanda estudou três anos para o CACD, o qual ocorre uma vez por ano. Nas duas primeiras tentativas, ela não passou da primeira fase. No entanto, na terceira e última tentativa, passou em todas as fases e foi aprovada em 19º lugar. “Meu método foi conhecer bem o edital e estudar as provas anteriores. Além disso, eu fazia muitos fichamentos, resumia tudo o que lia, de modo que fosse fácil repassar a matéria rapidamente e com frequência. Fui aprendendo a estudar aos poucos, até encontrar um método que funcionava melhor para mim e quando eu frequentei curso preparatório, li quase toda a bibliografia recomendada e fiz muitos simulados”, comenta.

Ainda, ela salienta que organizava a semana de estudos de acordo com as matérias exigidas, Português, Inglês, Espanhol, Francês, Política Internacional, Geografia, Direito Constitucional, Administrativo e Internacional, Economia e História Econômica Brasileira, História Mundial, História do Brasil e Política Externa Brasileira, e assim foi cobrindo todo o edital. Ao analisar as provas anteriores do CACD, além de saber o conteúdo, Fernanda aprendeu a não cair nas “pegadinhas” do CESPE/UnB, instituição responsável pelo concurso.

MUDANÇAS DEVIDO À PROFISSÃO

Fluente em inglês, espanhol e italiano, com noções básicas em francês e recentemente, estudando árabe, Fernanda já estava habituada a mudanças. “Aos 19 anos, mudei-me para Curitiba, aos 23, eu fui para o Rio de Janeiro me preparar para o CACD e quando fui aprovada, fui morar em Brasília, aos 26 anos. A adaptação foi natural, já que o tempo no Instituto Rio Branco serve também como um período de “socialização” entre os novos diplomatas. Brasília é uma cidade “sui generis”, mas me adaptei bem. O mesmo posso dizer sobre El Salvador e Roma. Acredito que a capacidade de adaptação e o gosto por novos desafios são características essenciais para essa carreira”, ressalta ao LÊ NOTÍCIAS.

AGENDA CHEIA

Segundo Fernanda, as tarefas de um diplomata dependem muito do local onde está servindo e do seu cargo e em geral, a função desses representantes é representar e informar. “Como Segunda-Secretária em um posto multilateral, meu trabalho consiste em participar de reuniões com diversas delegações internacionais onde se discutem temas afetos à atuação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO),

do Programa Mundial de Alimentos (PMA) e do Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola (FIDA), todos organismos das Nações Unidas com sede em Roma”, revela a diplomata.

Nas palavras de Fernanda, entre os temas discutidos, sempre em coordenação com os ministérios brasileiros pertinentes, estão os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, cooperação, agricultura, pecuária, segurança alimentar e nutricional, mudança do clima, erradicação da fome e da má nutrição, florestas e recursos fitogenéticos.

“Nos meus dias mais interessantes, negocio relatórios finais de reuniões, recomendações políticas ou diretrizes, sempre assegurando que estejam de acordo com os interesses e as prioridades nacionais. Nos demais, eu tenho reuniões com outras delegações, recebendo autoridades brasileiras, escrevo relatos e informo Brasília sobre os principais acontecimentos da FAO, do FIDA e do PMA”, pontua.

PELO MUNDO

Atualmente na capital italiana, Fernanda trabalhou na Divisão de Temas Sociais do Ministério de Relações Internacionais em Brasília e serviu dois anos na Embaixada do Brasil em El Salvador. Hoje está trabalhando na Delegação Permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) e demais Organismos Internacionais Conexos. Em breve, ela completará três anos em Roma e no início do próximo semestre, seguirá para seu próximo posto, antes de voltar para Brasília.

MARCOS NA CARREIRA

Entre as experiências mais marcantes que viveu, Fernanda enfatiza as de conhecer de perto algumas personalidades políticas que admira muito, como a ex-presidente do Chile, Michelle Bachelet e o ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica. “Em El Salvador, eu me emocionei ao participar da distribuição de arroz doado pelo Brasil às comunidades em situação de grave insegurança alimentar e em Roma, presidi um grupo de trabalho do Comitê de Segurança Alimentar Mundial (CSA), organizando eventos sobre as políticas nacionais de erradicação da fome e de promoção do direito à alimentação”, comenta.

De acordo com Fernanda, a carreira diplomática cobra altos custos pessoais, como ficar longe da família e do Brasil. “A diplomacia também nos permite conhecer o mundo e ver de perto o impacto do desenvolvimento brasileiro em outros países. Espera-se muito do Brasil como o importante país emergente que é e, como diplomata brasileira e orgulhosamente chapecoense, espero poder dar a minha contribuição”, finaliza a chapecoense.


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