Em entrevista exclusiva concedida ao jornalista Marcos Schettini nesta quinta-feira (03), durante roteiro em Chapecó, o deputado federal e presidente estadual do Democratas, João Paulo Kleinübing, falou do rompimento com o PSD, da continuidade do legado de João Rodrigues e afirmou que fazer coligação por conveniência política é ajuntamento partidário, termo fortemente utilizado pelo ex-conselheiro do TCE/SC, Júlio Garcia. Acompanhe:
Marcos Schettini: O senhor rompeu com os antigos aliados para apresentar novos nomes?
João Paulo Kleinübing: O que o Democratas quer nesta eleição é apresentar uma nova alternativa para Santa Catarina. Nós temos nossas bandeiras que buscam a programação de SC para os próximos 20 anos, então queremos conversar e discutir os problemas, pois precisamos pensar no ponto de vista de longo prazo, não apenas ficar cuidando da rodovia e entregar o remédio, que são importantes, mas o grande desafio que o Estado tem é ter ousadia para poder pensar na próxima geração e não na próxima eleição. Eu quero poder andar, me apresentar como alternativa do Democratas, que tem uma história marcada pela coerência e bons serviços prestados pelo Estado. Também temos grandes nomes que deverão disputar a eleição para deputado federal e estadual, como é o caso do vereador Ildo Antonini; do vice-prefeito de Quilombo, Jaksom Castelli; Giovani Filipe, da Juventude do DEM, e o apresentador Eduardo Prado, que se filiou e colocou o nome à disposição, além, é claro, da Fabiana Rodrigues que está filiada e pode disputar a eleição.
Schettini: O que Fabiana Rodrigues representa neste cenário?
Kleinübing: Existe toda uma discussão, mas eu entendo que a história do João precisa ter continuidade, pois todo o trabalho que ele desenvolveu e a história de dedicação que ele tem por Santa Catarina, principalmente no Oeste, merece ter continuidade. A Fabiana representa isso.
Schettini: Qual o motivo da saída do senhor do PSD?
Kleinübing: Eu retornei para o Democratas, onde construí boa parte de minha trajetória. É o caminho, muitas vezes inverso, que todo mundo faz, que é sair de um partido menor para ir a uma sigla maior. Então, deixei talvez uma posição confortável, para retornar ao DEM, justamente para poder construir algo novo. Essa não é mais a eleição dos grandes partidos, das grandes estruturas, é o momento das novas posturas, de novos compromissos e é isso que quero construir e apresentar na eleição.
Schettini: O senhor teve algum desentendimento com Gelson Merisio ou algum encaminhamento com João Rodrigues?
Kleinübing: Não tenho divergência alguma com ninguém, pois não sai por motivo de briga. Sai justamente para construir algo novo, atendendo ao convite do Democratas, para poder ajudar neste processo de construção do partido em Santa Catarina. Não tenho qualquer dificuldade com absolutamente ninguém, pois o que queremos é justamente fugir da briga, ir além da discussão política, para poder construir Santa Catarina.
Schettini: A busca do senhor e de Napoleão Bernardes (PSDB) por uma vaga demonstra que Blumenau deve estar na majoritária?
Kleinübing: O Vale do Itajaí é, naturalmente, uma região importante do Estado, e quer estar melhor representada na eleição majoritária, mas devemos olhar Santa Catarina por um todo, pois não quero ser candidato de uma região, mas sim de todo o Estado.
Schettini: Qual é o entendimento do senhor com os demais partidos?
Kleinübing: Qualquer coligação e qualquer conversa deve se feita em cima de um projeto comum por Santa Catarina, não pode ser feita por conveniência política. Então, neste momento, a conversa com os partidos é neste sentido, é tentarmos conversar com aqueles que pensam semelhantemente conosco no ponto de vista de Santa Catarina. Fazer coligação por conveniência política é ajuntamento partidário. E quando a sociedade cobra da gente, nós temos que ter esta autocrítica, pois não querem mais ver a política pela política, as pessoas se encontrando para apenas discutir a manutenção de mandato. A sociedade quer uma discussão em favor de Santa Catarina, em favor das pessoas, e é isso que estamos nos propondo a fazer. Nós temos uma diferença inconciliável com o PT, pois não temos como sentar e encontrar um projeto comum. Nós pensamos muito diferente na forma de governar o Estado.
Schettini: Ajuntamento é uma palavra utilizada por Júlio Garcia, sobre Gelson Merisio...
Kleinübing: Não. Eu falo isso há muito tempo. Não há alguma semelhança. Talvez nós temos a mesma posição, justamente no sentido de entender que não se pode fazer uma coligação apenas por conveniência partidária.
Schettini: O único nome de entendimento é com Esperidião Amin na cabeça?
Kleinübing: Tenho uma relação com Esperidião Amim há muito tempo, que veio do meu pai através de uma amizade familiar, de fato respeito muito sua história. Mas volto a afirmar, qualquer discussão com ele ou com outro, deve ser em cima de um projeto por Santa Catarina.
Schettini: Como o senhor avalia o governo de Pinho Moreira?
Kleinübing: Não existe um governo de Pinho Moreira separado do governo do Raimundo, pois ele foi vice-governador durante todo esse período. Então, na verdade, há uma continuidade, com a mesma eleição, com mesmo governo, que contou com a participação do Eduardo e do MDB. A situação do Governo de Santa Catarina não é nenhuma surpresa, entendo que o Estado tem uma situação melhor que os outros, mas caberá ao próximo governador, seja ele quem for, ter que continuar o processo de ajuste do Estado, até para que os interesses da sociedade consigam ser atendidos.
Schettini: Com a partida de Dona Dulce, como fica a influência de Jorge Bornhausen no cenário político?
Kleinübing: A eleição nacional está muito fragmentada e deve continuar assim por um bom período. Sem dúvida alguma, o Dr. Jorge, pela experiência que possui, pode contribuir tanto na questão nacional, quanto em Santa Catarina. Conheci dona Dulcinha, uma mulher extraordinária, mas no momento nos resta rezar por eles. Ainda é muito cedo para uma discussão em torno do nome de Geraldo Alckmin, que é um homem com muita experiência acumulada. Agora, temos que ver se ele é o nome para este momento do Brasil.
Rua São João, 72-D, Centro
AV. Plínio Arlindo de Nês, 1105, Sala, 202, Centro