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Após perder a visão, Dona Maria clama por cirurgia

Senhora ficou cega dentro de barracão dos catadores de Xaxim
Por: Janquieli Ceruti
24/11/2016 10:45 - Atualizado em 24/11/2016 11:15
Angústia de dona Maria é amenizada com remédios, mas ela sonha com cirurgia para livrar-se da dor (Foto: Janquieli Ceruti/LÊ) Angústia de dona Maria é amenizada com remédios, mas ela sonha com cirurgia para livrar-se da dor (Foto: Janquieli Ceruti/LÊ)

Há cerca de sete meses com muita dor e uma toalhinha a tiracolo, dona Ana Maria Glingesque Antunes, de 57 anos, chegou ao limite. A senhora sofrida, que mora no bairro Santa Terezinha, em Xaxim, não imaginou chegar à velhice desta maneira. Sempre muito ativa, a mãe de Paulo, Marcos, Margarete e Ivan trabalhou a vida toda para criar os filhos, pois ficou viúva quando eles ainda eram crianças. E foi, justamente, no trabalho que começou o drama que enfrenta hoje.

Dona Maria, como é conhecida, nunca dispensou trabalho. Analfabeta, ela já cortou erva-mate, capinou, roçou, colheu e faxinou casas para sustentar a família. “Eu ganhava de manhã o dinheiro que pagaria o almoço. Nunca foi fácil, mas eu tinha saúde”, destaca. O último trabalho de dona Maria foi na separação de lixo reciclável. A catadora, que por aproximados quatro anos recolheu lixo com uma carrocinha pela cidade de Xaxim, estava contente por ter integrado a Associação de Catadores de Materiais Recicláveis Preserva Xaxim (Amprex), onde deixou de recolher, mas somente separava o lixo. Porém, uma brincadeira no local de trabalho marcou a vida dela para sempre.

Trancada em casa, com depressão, cega do olho esquerdo e sentindo muita dor, dona Maria recebeu a equipe do LÊ NOTÍCIAS na tarde de ontem (23). Sentada na calçada, a senhora de espírito acolhedor contou sua história com o auxílio da filha Margarete. De acordo com dona Maria, no início do ano foi feita uma dinâmica com um rapaz vindo de São Paulo, onde os catadores da Amprex lançavam carreteis de linha, uns para os outros. Nesta, um dos catadores jogou o carretel para dona Maria, que a acertou próximo ao olho.

Para não preocupar os filhos ou tirá-los do trabalho – dois deles trabalham no barracão da Amprex e os outros dois com o recolhimento de lixo no caminhão da Coleta e Industrialização de Resíduos (CRI) – dona Maria suportou a forte dor por cerca de duas semanas. Ao perceber que a mãe não estava nada bem, Margarete convenceu dona Maria e a levou até a unidade de Saúde do bairro. Os profissionais do município a encaminharam para especialistas em Chapecó, que descobriram se tratar de um glaucoma secundário com catarata traumática. O nome é difícil, e dona Maria não o entende muito bem. Mas, ela confirma dois apontamentos que constam no laudo feito pela oftalmologista Lívia Freire Brum: dor intensa e perda da visão.

Os remédios ajudam a controlar a dor, mas apenas amenizam o que dona Maria sente. Há sete meses sem dormir uma noite inteira, a senhora passa os dias a enxugar os olhos, que estão sensíveis à luz. Parte das lágrimas é fruto do incômodo, mas a maior dor está no peito de dona Maria. “Me sinto muito triste por não estar trabalhando. Sempre ajudei meus filhos e agora mal consigo enxergar. Queria ter saúde pra voltar para a reciclagem, para a minha hortinha e meus serviços do lar, que faço com dificuldade. Sinto muita dor no olho e na cabeça, além de tontura e ânsias”.

DIFICULDADES FINANCEIRAS

As consultas com especialistas e os remédios que dona Maria, que não é aposentada, precisa estão sendo custeados pelos filhos e por uma pequena destinação de dinheiro feita pelo grupo de catadores da Amprex, que tenta não deixar a amiga desamparada. Porém, todos os filhos sobrevivem com a média de um salário mínimo e dona Maria, ao pagar as contas básicas do mês, tem poucas notas na carteira para comprar alimento e ajudar a custear o tratamento. Margarete conta que uma das consultas custou R$ 600 e a outra R$ 250, sem contar as inúmeras caixas de medicamentos que a mãe precisa. Todos os filhos se unem para dar assistência à mãe, mas as economias estão acabando e o maior custo ainda está por vir.

A cirurgia que dona Maria precisa custa cerca de R$ 5 mil. Conforme Margarete, o oftalmologista Rafael Bragagnolo, que atua em Chapecó, se dispôs a operar dona Maria, mas informou que a cirurgia custará R$ 4.800. A filha também destaca que a operação não fará a mãe enxergar, mas cessará a dor.

AUXÍLIO COMUNITÁRIO

A cirurgia que dona Maria precisa é cara e a família não tem como pagar. Para arrecadar o dinheiro, eles estão organizando uma macarronada beneficente. Os ingressos para o evento, que ocorrerá em 17 de dezembro na Aspux, em Xaxim, custam R$ 25. A família destaca que está aceitando doação de ingredientes para a macarronada, a exemplo do macarrão, da carne, saladas e pães. Também, pede ajuda para a compra de remédios e custeio de consultas. Dona Maria explica que não se importa tanto por ter perdido a visão do olho esquerdo, mas que a intenção é livrar-se da dor. “Só quero voltar a fazer o que eu fazia antes. Hoje, minha vida é passar noites acordada, sentada no sofá, chorando de dor. Me tranco em casa para não receber visitas, pois estou muito deprimida. Não me sinto mais feliz. Depois da cirurgia, vou voltar para o barracão e para a minha hortinha”.

TELEFONES

Interessados em contribuir com o tratamento ou com a macarronada podem entrar em contato com a Redação do , através do (49) 3353-5210 ou por nossas plataformas digitais. Já a venda de ingressos está sendo coordenada por Margarete, através do (49) 9905-7686, e pela sobrinha Lenira, através do (49) 9820-7052.


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